23 de dezembro de 2025
TRÂNSITO INSEGURO

Franca tem trânsito mais mortal que Capital e 30 grandes cidades do Estado

Por Higor Goulart | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Arquivo/GCN
Colisão de moto em poste vitimou um comerciante de 57 anos no dia 22 de agosto deste ano

O município de Franca tem um dos trânsitos mais mortais entre as cidades com mais de 200 mil habitantes no Estado de São Paulo. Entre os anos de 2018 a 2020, a taxa no trânsito em Franca foi de 11,78 mortes a cada 100 mil veículos, ranqueando a cidade como o 8º trânsito mais mortal, entre 41 municípios. Os dados fazem partem de um estudo desenvolvido pelo NEC (Núcleo de Estudos das Cidades), por professores da USP (Universidade de São Paulo), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Fatec (Faculdade de Tecnologia).

Para chegar aos números, foi calculada a relação entre o número de mortes no trânsito divulgado no site Infosiga, do governo de SP, comparado com a frota de veículos informada pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Os dados levantados no Infosiga são do período de janeiro de 2018 a dezembro de 2020. Em 2018, Franca teve 54 mortes no trânsito. Em 2019, foram 42. Em 2020, 47 mortes. Já sobre a frota, segundo os números do NEC, Franca tem 75,32 veículos a cada 100 habitantes. Logo, com uma população estimada em 350 mil habitantes, são, aproximadamente, 260 mil carros pela cidade.

No ranking, que levou em consideração os 41 municípios com mais de 200 mil habitantes, Franca está ranqueada na 33ª colocação de segurança no trânsito, sendo colocada no bloco mais crítico do índice. O município de Marília, ranqueado como a cidade com menor taxa de mortes no trânsito, com 5,12, tem número duas vezes menor do que a cidade francana.

À frente de Franca, cidades próximas, como Ribeirão Preto (8,91), Araraquara (11,19) e São José do Rio Preto (7,93) aparecem com índices menores e em posição menos crítica. Até mesmo a Capital, São Paulo, na 15ª colocação, apresenta taxa bem menor, de 7,94.

Coordenador do estudo, o professor da USP Antônio Ferraz explica que os índices têm a intenção de ajudar, ao apontar possíveis problemas na cidade. “Nosso objetivo é apresentar os números puros.”

Para o professor, não basta apenas saber que o trânsito é inseguro, mas, também, identificar os causadores do problema. “Porquê de estar acontecendo isso é uma segunda etapa, que aí os municípios têm que analisar com seus técnicos.”

O secretário de Segurança de Franca, coronel Marcus Araújo, acredita que a insegurança no trânsito francano é proporcionada principalmente pela imprudência dos motoristas. “O excesso de velocidade, o uso do celular em trânsito e o desrespeito à sinalização estão entre as principais causas de acidentes”, apontou o chefe da pasta.

Segundo o professor, que já foi secretário de Trânsito em São Carlos, que está na 3ª colocação do ranking, com um dos trânsitos mais seguros de SP, algumas medidas podem ser tomadas para melhorar os assustadores números em Franca.

“Os americanos apontam três soluções. São: engineering, education e enforcement. O primeiro, que é engenharia, está relacionado à sinalização, correção de problemas geométricos e dispositivos de redução de velocidade. Depois, a parte de educação, que, talvez, no curto prazo não dê resultado. No fim, a fiscalização, que é botar gente na rua e multar. Não adianta falar que é indústria de multa, mas, para coisas que realmente são graves, tem que ter radar para o cara aprender a não correr.”

Sem citar sobre um maior rigor na aplicação de multas, o secretário de Franca insiste em algumas medidas que já têm sido tomadas neste último ano. Entre elas, instalação de novos cronômetros nos semáforos das vias de maior fluxo, criação de central avançada de monitoramento e novas lombofaixas.

“Estamos investindo na aquisição de novos contadores regressivos numéricos, melhorando a fluidez do trânsito e a segurança na travessia do pedestre. Existe um estudo avançado, visando a criação de uma central integrada de monitoramento das vias, além de novas lombofaixas, que estão recebendo a pintura na cor vermelha, com o intuito de chamar a atenção, tanto dos pedestres, como dos condutores.”

Quanto à sinalização, Araújo não considera que o município tenha pontos falhos, classificando Franca como uma cidade “bem sinalizada, tanto verticalmente, como horizontalmente”. Completa dizendo que a “Secretaria de Segurança mantém equipe, diariamente, nas ruas e avenidas, para a realização de manutenções e reforço na sinalização”.