27 de dezembro de 2025
DENÚNCIA DE ASSÉDIO

Professor ataca FDF e promotor de Justiça nas redes sociais

Por Lucas Faleiros | da Redação
| Tempo de leitura: 4 min
Reprodução/Internet
O professor William Tristão durante a aula que originou a denúncia de assédio

Na última quarta-feira, 25, o professor de direito penal William Tristão, acusado de assediar uma aluna durante uma aula virtual da FDF (Faculdade de Direito de Franca), publicou em suas redes sociais uma nota com ataques à faculdade e ao promotor de Justiça Paulo César Corrêa Borges. Ambos responderam às acusações feitas.

William inicia a postagem dizendo que quer dar transparência à situação e afirma que a instituição não entendeu que suas ações tenham configurado um assédio. “Alguns não sabem, mas a Faculdade de Direito de Franca não instaurou processo a respeito de qualquer assédio. Não há qualquer apuração sobre o assunto. Aliás, a própria aluna se manifestou neste sentido. Não houve assédio e a faculdade concluiu isso desde o início”.

Após isso, o professor acusa a universidade de tentar calá-lo ao adotar o sigilo no processo administrativo e alega que a comissão cometeu erros na sindicância. “Na tentativa de calar este professor, a FDF instaurou o sigilo a fim de que nada pudesse ser explicado para a imprensa, o que soa, ao menos, estranho, já que se trata de uma instituição de Direito. A transparência é tudo. Chama-se princípio da publicidade. Isso para não falar dos erros procedimentais dos membros da comissão. Tais erros serão levados a público, posteriormente, inclusive indicando quem advoga para quem”.

Ele também volta a tocar no assunto da divulgação do vídeo. Segundo William, a gravação foi vazada por meios da faculdade. O professor ainda cobra explicações da FDF em relação ao protesto realizado pelos alunos no dia 2 de outubro, quando se reuniram na praça que fica em frente à instituição para pedir a sua demissão.

“A Faculdade de Direito de Franca sequer deu qualquer explicação a respeito do vazamento do vídeo, já que havia proibição expressa de vazamento desses conteúdos (e, sim, vazou dos próprios meios da FDF), e muito menos se justificou no tocante à manifestação nas dependências da instituição em plena pandemia (fato avisado ao vice-diretor anteriormente e gravado)”, escreveu.

Tristão fala que a instituição “pretende mais fazer média com a imprensa do esclarecer o ocorrido” e volta a ameaçar de “tornar público tudo o que aconteceu”. Ele diz também que o “sigilo é, no mínimo, ideia de ditadura”.

No trecho seguinte, William muda seu foco e passa a atacar o promotor de Justiça Paulo Borges. O professor de direito penal diz que enviou um e-mail para o membro do Ministério Público, no dia 17 de agosto, a fim de tratar sobre assuntos envolvendo fraudes em concursos públicos e nunca obteve resposta. 

Segundo ele, a resposta nunca lhe foi dada pois a situação poderia envolver amigos pessoais do promotor. William ainda aproveita para ameaçar a FDF e seus alunos, que, segundo ele, estão preocupados com o caso das fraudes: “puna-me e entrego todos”, diz na nota.

Depois, ele afirma que algum funcionário da FDF enviou mensagens à sua namorada. Ele não cita qual o teor dos recados e diz que o único que teria o número da moça era o vice-diretor da instituição, José Saraiva.

Ainda na nota, o professor ataca a imprensa e convoca os meios de comunicação para gravar novas conversas.

Por fim, William diz no comunicado que não teme nada e ninguém. “Não tenho medo de represálias, não tenho medo da instituição, de promotor ou de juiz.”

 

Respostas

Procurado pela reportagem, o vice-diretor da Faculdade de Direito de Franca, José Saraiva, afirmou que o professor acusado de assédio não tem qualquer informação sobre o andamento das apurações. “Essa publicação dele foi algo fora do comum. Ele provoca todo mundo sem provar absolutamente nada. A gente não vê nexo nisso. Ele diz que a faculdade não entendeu como assédio, mas sequer sabe como anda o processo. Tudo está documentado no relatório.”

“A faculdade está apurando a conduta dele como professor. Se constatarmos que houve assédio, vamos contatar os órgãos responsáveis. Não cabe a nós julgá-lo no quesito criminal. Isso é responsabilidade do MP e da polícia. Nós estamos avaliando se as ações dele em sala de aula condizem ou não com o que o regimento pede. Caso não, ele sofrerá as punições cabíveis”, completa.

Com relação às outras acusações, Saraiva também se pronunciou. “Ele diz que eu era a única pessoa que tinha o número da namorada dele. Está enganado. Sobre as gravações, os alunos podem gravar a tela, desde que guardem os vídeos para eles. Se descobrirmos quem divulgou o vídeo, vamos tomar providências também. Finalizando, o sigilo no processo é fundamental. Ele reclama disso de maneira equivocada. E se a pessoa acusada de um crime for inocente?”

O promotor de Justiça Paulo Borges também respondeu William. Em documento oficial, ele afirma que o e-mail citado pelo professor não foi enviado para o endereço correto, tendo ficado entre outras milhares de recebidos. Ele “nada mencionou sobre assunto atinente às atribuições deste promotor de justiça... também não formulou qualquer representação ao Ministério Público, nem apresentou o assunto (que revelou a terceiros ocultos) e nem indicou qualquer urgência”, afirmou Paulo Borges, que ainda explicou que responde pela Promotoria de Meio Ambiente e não mais pela de Cidadania, que é a responsável por investigar suspeitas de prejuízos aos cofres públicos.