24 de dezembro de 2024
Eleições 2020

Abstenção nas eleições municipais

Por Toninho Menezes | Especial para o GCN
| Tempo de leitura: 2 min

Até o momento, neste ano de 2020 nos países que realizaram eleições, a grande maioria registrou aumento do não comparecimento dos eleitores em relação aos pleitos anteriores. Na França, onde o voto não é obrigatório, apenas quatro em cada dez eleitores compareceram às urnas para votar nas eleições municipais de junho, levando ao recorde de 60% de abstenção. Dentre outros fatores, a pandemia do Covid-19 tem afastado os eleitores dos locais de votação em todo o mundo, cenário que tende a se repetir em nosso país nas eleições municipais do próximo dia 15 de novembro

No Brasil, onde o voto é obrigatório, nas eleições municipais de 2016, mais de 25 milhões de eleitores não compareceram e deixaram de votar no primeiro turno, o que fatalmente impacta nos resultados eleitorais, principalmente naquelas disputas mais acirradas.

Independentemente da pandemia do Covid-19, que irá agravar a abstenção eleitoral, deixar de votar simplesmente por não querer ir as seções eleitorais, indica um aumento do descrédito dos eleitores, uma menor confiança na forma e no modo como se faz política em todo mundo. O eleitor perdeu a noção do valor de seu voto. Assim, com medo de contrair o corona vírus, o cidadão irá fazer o cálculo se vale a pena arriscar sair de casa, e alguns, menos conscientes, considerando pequeno efeito do seu voto individual no resultado final da eleição deixando de fazê-lo. Adicionando-se ao já mencionado desalento com a política, a falta de credibilidade dos candidatos e as “fracas” campanhas eleitorais, já que neste ano a realização de eventos de rua e debates pelas redes de televisão foi reduzida como forma de evitar o contágio do Covid-19, com certeza muitos eleitores deixarão de comparecer às urnas para votação, superando as marcas de eleições anteriores. Junta-se a essa a possibilidade de justiçar a sua ausência através de aplicativo de celular

O efeito sobre os resultados é óbvio, por exemplo: se em razão da pandemia os idosos pertencentes ao grupo de risco e a classe mais pobre (que historicamente têm taxas maiores de abstenção) deixarem de votar, naturalmente candidatos que têm apoio nesses segmentos serão os mais prejudicados, pois perderão muitos votos com a abstenção, por conseqüência acarretando problemas de representatividade dos cidadãos no sistema político, visto que certos segmentos são mais afetados do que outros. Em geral são os mais pobres, menos escolarizados e os moradores de áreas mais afastadas que se abstêm em maior proporção.

Dessa forma o problema de representatividade, em razão da ausência eleitoral ocorrerá mais fortemente na eleição para vereadores, já que os candidatos, em sua maioria, costumam ter uma base eleitoral mais segmentada.

Não vimos ainda em nenhum programa eleitoral de nossa cidade candidatos conclamando para que os eleitores compareçam as seções eleitorais e depositar seu voto. Assim, poderão ocorrer muitas surpresas. Enfim, nestas eleições de 2020, não basta ao candidato pedir o voto, ele têm que convencer o eleitor a sair de casa e ir votar.