Eloísa Maria Ávilla de Carvalho nasceu em 1961, às margens do Rio Grande, na Cerâmica São Pedro, extinta colônia de trabalhadores que pertencia à Usina Junqueira, em Igarapava-SP. Graduada em Letras, com mestrado em Linguística, aposentou-se como professora de Língua Portuguesa e a partir de então intensificou seu trabalho voluntário em projetos solidários. Nesse contexto nasceu O livro que não tem fim, inspirado por “um beija-flor azul.” Diante da boa resposta do público, lançou Rio Grande: Berçário de Peixes (2018); As aventuras do beija-flor Zip e o peixinho Ig (2018); Saci- Pererê e a fada da consciência ecológica (2019). Seu mais recente título, Abelhas e Micos em perigo, da MRN Edições, foi lançado em setembro, em comemoração ao Dia da Árvore, nas instalações da Hidrelétrica de Igarapava, por meio do projeto Oficina de Leitura, coordenado pela autora.
Eloísa Ávilla esteve em Franca no começo da semana, para mostrar sua obra no 8º simpósio de Meliponicultura, que aconteceu no Hotel Dan Inn, onde o Comércio da Franca a encontrou para esta entrevista.
Desde quando sua preocupação com sustentabilidade e preservação ambiental a levaram a escrever para crianças?
Eloísa Ávilla- Um ex-aluno falou de meu trabalho voluntário às biólogas Joelma Mendes, Ana Paula Peres e ao gerente geral Claudio Silva, da Usina Hidrelétrica de Igarapava. Na Semana da Água eles me convidaram para contar histórias às crianças de escolas públicas sobre o tema. Com certo receio escrevi um conto intitulado As aventuras do beija-flor Zip e o peixinho Ig. Para contar a história eu confeccionei o peixinho em biscuit, colocando-o na ponta do lápis. As crianças aprovaram, por isso passei a pesquisar e me dedicar às narrativas voltadas para a sustentabilidade e preservação ambiental.
E sua presença na Bienal?
Eloísa Ávilla- Foi quando a UHI criou o projeto Oficina de Leitura e surgiu o convite para o lançamento, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, do livro para colorir Rio Grande-Berçário de Peixes, pela Editora Autografia. É a história de uma “peixinha” que queria desovar no Rio Grande.
Depois veio o “Saci”?
Eloisa Ávilla- Na semana do Meio Ambiente deste ano lançamos Saci-Pererê e a fada da consciência ecológica. É praticamente francano, pois foi editado pela MRN Edições, de Franca. O enredo gira em torno da aventura do Saci, que escapa do livro Reinações de Narizinho e espalha lixo no rio, uma ação condenável.
Como surgiu a inspiração para criar o relato de “Abelhas e Micos em perigo?”
Eloísa Ávilla- Na verdade, queira escrever sobre a preservação das nascentes, mas no percurso surgiu a ideia de chamar atenção das crianças para as abelhas sem ferrão e sua importância na polinização, e os micos.
A que público se destina o livro?
Eloísa Ávilla- Ao público infantil e a todos os leitores que amam a natureza.
Fale um pouco sobre personagens, narrativa, tema, assunto deste livro.
Eloísa Ávilla - Vou usar palavras da editora: “Tão pequeninas, tão valentes, tão importantes...” De quem estamos falando? Jataí, mandaçaia, uruçu, manduri, canudo, mandaguari, tubiba, guaraipo, irapuá, mirim, borá... Mas podem chamá-las de abelhas sem ferrão, as abelhas nativas que povoam todos os estados do Brasil e vários países do mundo.
Porque são pequeninas, às vezes nem são notadas; por serem valentes, transformam um tronco oco de árvore ou frestas desprezadas nas paredes em colmeias cheias de vida. Mas, de verdade, são os seres mais importantes do planeta: trabalham incansáveis, polinizando as plantinhas das matas e produzindo um mel especial, de propriedades medicinais.”
Como tem sido a acolhida?
Eloísa Ávilla- Está além da minhas expectativas, pois o livro tem polinizado o interesse pelas abelhas tanto do público infantil, quanto adulto.
São procedentes as notícias que temos lido sobre a redução do número de colmeias ao redor do mundo?
Eloísa Ávilla- Sim. O uso indiscriminado dos agrotóxicos está dizimando as colmeias de abelhas em todo o mundo. Isso pode acarretar um total desequilíbrio ambiental.
Em se tratando de livro para colorir, a ilustração é importante: você já conhecia Edina Sikora?
Eloísa Ávilla- Conheci a artista plástica Edina Sikora através da indicação da Munira Nambu (uma revisora de textos de alta competência), da MRN Edições. O livro com as ilustrações para colorir está sendo um diferencial positivo no projeto Oficina de Leitura.
Como você vê o ativismo de Greta Thumberg ?
Eloísa Ávilla - Todo protagonismo juvenil em busca de um mundo melhor deve ser aplaudido, principalmente em relação ao ativismo climático. Portanto espero vê-la um dia, juntamente com os seus seguidores, plantando árvores em áreas carentes de reflorestamento.
Acredita que os jovens estão mais instrumentalizados para fazer chegar seus protestos aos governos?
Eloísa Ávilla- Acredito que sim. Eles estão mais instrumentalizados, até imagino protestos com sementes sendo lançadas em áreas degradadas; ou jovens discutindo as leis ambientais e lutando por um mundo climático e social mais justo, limpo e próspero.
Serviço
Livro: Abelhas e Micos em perigo
Autora: Eloísa Ávilla
Editora: MRN, Franca, 2019
Ilustrações: Edina Sikora
Gênero: Narrativa com ilustrações para colorir
Fale com a autora: profaeloisa@yahoo.com.br
Telefone: (16) 99146 9566