27 de dezembro de 2025
Bruna Stephanie Silva

'Quero ser uma referência na indústria do café na Tailândia'


| Tempo de leitura: 6 min
Estou gravando um docu-mentário sobre a produção de café no Brasil para divulgar nosso produto no mercado tailandês”

Bruna Stephanie Silva tem 26 anos e nasceu em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Filha de um oficial da Aeronáutica, estava sempre viajando e morando em lugares diferente.

Ainda criança, aos dez anos, começou a atuar como modelo. Aprendeu a falar inglês sozinha. Aos 15 anos, conseguiu o primeiro contrato internacional e foi trabalhar na Ásia.

Há sete anos, chegou na Tailândia sem conhecer nenhuma palavra do idioma local e decidiu fixar residência no País. Criou um canal no YouTube em inglês sobre a Tailândia. O primeiro vídeo teve 500 mil visualizações. Continua desfilando, participando de séries na televisão e gravando comerciais para grandes marcas. Hoje, fala tailandês fluentemente.

No começo deste ano, a modelo ampliou seus negócios e lançou na Tailândia uma marca própria de cafés especiais que leva o seu nome.

A modelo, atriz e empresária veio a Franca na semana passada gravar um documentário em uma plantação de café. Entre uma filmagem e outra, ela visitou o Comércio da Franca e contou a sua história.

Como você foi parar na Tailândia?
Sou natural de São José dos Campos e meu pai trabalhava na Aeronáutica. Por conta da profissão dele, estávamos sempre viajando ou nos mudando de lugar. Eu morei em Lorena, Belo Horizonte e Manaus. Moramos na Amazônia por cinco anos e, depois, voltamos para Lorena, onde minha família morava. Com a separação dos meus pais, decidi viajar, pois não queria mais permanecer em uma cidade pequena.Eu já era modelo desde os 10 anos. Com 15 anos, consegui meu primeiro contrato internacional e fui para a Ásia.

Foi direto para a Tailândia?
Não. Primeiro, fiquei nas Filipinas por três meses. Depois, passei pela Tailândia e Hong Kong. Cerca de um ano depois, retornei para o Brasil com o objetivo de cursar jornalismo, mas não era realmente o que eu queria.Em pouco tempo, eu já estava novamente na Tailândia. Foi quando tudo mudou para mim. Além de desfilar, passei a participar de comerciais para a TV. Há cinco anos, ainda sem saber falar tailandês, lancei um canal no YouTube em inglês sobre a Tailândia. O primeiro vídeo sobre a culinária tailandesa teve 500 mil visualizações, o que era muita coisa para a época.Passei a me interessar pela produção e edição de vídeos. Com o passar do tempo, aprendi a ler e escrever em tailandês sozinha. Participei de produções para a TV e lancei novo canal no YouTube, desta vez em tailandês, chamado “Garota Brasileira Ama a Tailândia”. Procuro mostrar o quanto a cultura tailandesa me mudou.No começo deste ano, ampliei meus negócios na Tailândia e lancei uma marca pessoal de café fino chamada Bruna Silva. Estudo sobre café há muito tempo, mas nunca havia tratado como um negócio. Agora, decidi investir no setor.

Qual é a relação de uma modelo e influencer digital com o café?
Por seis anos, aprendi muito a respeito do setor com a indústria do café na Tailândia. A cultura de coffee shops na Tailândia é enorme. Muitos tailandeses foram estudar na Austrália e importaram a ideia de abrir cafés como os standards existentes na Austrália, que têm padrão de primeiro mundo.Aprendi muito sobre cafés especiais com eles e nas plantações existentes no sul de Minas Gerais, que fica perto de Lorena, onde mora minha família.Sempre participei de eventos a respeito, visitei indústrias e experimentei cafés de vários lugares. Me apaixonei pelo produto e decidi lançar a minha marca própria. É um produto arábico que tem 20% de café brasileiro e 80% de café tailandês.A indústria de café especial na Tailândia tem apenas 30 anos, mas está crescendo muito rápido devido à qualidade.

Por que decidiu vir conhecer as plantações de café na região de Franca?
Estou gravando um documentário sobre a produção de café no Brasil para divulgar o nosso produto no mercado tailandês. Quero contar as experiências dos cafeicultores daqui, pois o cultivo do café na Tailândia ainda é muito recente.Por meio de contatos na indústria do café, tomei conhecimento do senhor Anderson Minamihara, que produz café em Franca. Tudo o que meus amigos me falaram sobre ele é, justamente, o que eu preciso para o documentário.O senhor Minamihara aceitou de imediato nos receber para falar de sua experiência sobre cultivo, inovações, gerenciamento e até mesmo sobre o marketing para os clientes. É disto que a Tailândia está precisando. Então, viemos para Franca fazer as gravações.

Qual foi sua avaliação?
Fiquei muito empolgada. Fomos muito bem recebidos e gravamos belas imagens e depoimentos. Será gratificante poder contar essa história de como é a cultura de uma família que está cercada de café e que faz o cultivo tão bem. Eu queria muito mostrar para os tailandeses como eles e os brasileiros têm muito em comum.Na Tailândia há uma expressão popular que é “gente da gente”. Os tailandeses são muito similares aos brasileiros.O documentário é uma produção exclusiva minha e será divulgado no meu canal, que é seguido por quase 500 mil pessoas. O total de visualizações dos vídeos já passa de 12 milhões.

Quando o documentário será lançado?
Minha ideia é fazer a divulgação no Festival Nacional de Café da Tailândia, que será realizado no começo do ano que vem. O material também ficará disponível no meu canal.Após gravar em Franca, vamos visitar plantações em Patrocínio (MG). Também vou na federação para conhecer a parte técnica, pois os cultivadores de café na Tailândia querem muito ver a variedade de máquinas. Por fim, também iremos fazer gravações no norte da Tailândia.

Quais as diferenças entre a produção no Brasil e na Tailândia?
Os cafeicultores brasileiros são mais unidos. Aqui há cooperativas e associações. É isto que está faltando lá. Como a produção do café na Tailândia ainda é muito recente, os produtores ainda não têm esta cultura de cooperação.Além do documentário, vou fazer um work shop de graça no norte da Tailândia para compartilhar experiências com os cafeicultores. Quero ser uma referência na indústria do café especial na Tailândia.Eu também pretendo trazer empresários da Tailândia, não só do setor de café, para fazer um turismo de negócios em Franca. Acredito que seja possível fazermos parcerias e concretizar negócios.

Além do canal na internet e do café, você tem outros negócios na Tailândia?
Tenho uma empresa de mídia, que representa a minha marca. Além do café, também faço contratos publicitários, faço comerciais para a TV. Atualmente, estou no ar com um comercial mundial do Listerine, além de outros produtos.No ano passado, atuei como atriz em um seriado de comédia na Tailândia, que está há mais de 15 anos no ar.

O que você come na Tailândia?
A comida do sul da Tailândia é muito apimentada e eu gosto muito. É uma culinária que tem ervas e pimenta. No dia-a-dia, eu como um prato que tem arroz e frango e outro alimento que não sei falar em português.

Até quando pretende ficar na Tailândia?
Não faço planos. Sigo a filosofia budista. Se ainda tenho motivos para estar lá, vou ficando. Se tenho uma missão lá, vou cumprir. Amo o Brasil e posso voltar um dia. O que mais me dá prazer é estar nas fazendas de café. O café me faz aprender o tempo todo.Adoro experimentar coisas novas. Gosto muito de aprender línguas porque ajuda a abrir o meu mundo. Hoje eu falo inglês, espanhol, tailandês e chinês. Coreano sei ler, escrever e ouvir, mas ainda não falo bem.