19 de dezembro de 2025

A lenda do Boitatá


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Diz a lenda que, há muito tempo, caiu sobre a Terra uma longa noite. Ela se prolongou tanto que os índios começaram a temer e a chorar. Achavam que nunca mais veriam a luz do Sol. A manhã não nascia. A noite era muito escura, sem estrelas, sem vento, sem barulho algum dos bichos da floresta. Um grande silêncio pesava sobre tudo e todos, aumentado o medo dos seres vivos.

Os homens tinham de viver dentro de suas ocas. Não havia como sair. Não havia como cortar lenha para os braseiros que mantinham as pessoas aquecidas. Nem como caçar para matar a fome, tamanho era o breu. Era uma noite sem fim. O tempo foi passando e então, para piorar, a chuva começou. Choveu muito, as águas inundaram tudo. Muitos animais morreram. Era um tipo de dilúvio.

Uma grande cobra que vivia em repouso num imenso tronco de árvore despertou faminta, muito faminta. E na falta do que comer, começou a engolir os olhos de animais mortos que brilhavam boiando na superfície das águas.

Esses olhos brilhavam devido à luz do último dia em que os animais tinham visto o Sol. De tantos olhos brilhantes que a cobra comeu, ela ficou toda iluminada. Como era transparente, os olhos de fogo pareciam sempre acesos.

A cobra se transformou num monstro iluminado que foi chamado de Boitatá. Esta palavra na língua dos índios significa “serpente de fogo”. Na lenda criada pelos indígenas, especialmente os que viviam na Amazônia, o Boitatá assustava as pessoas quando elas entravam na mata à noite. Mas ela também ajudava a proteger as árvores da floresta atingida por incêndios.