Nos desfiles e comemorações da Revolução de 1932 ouve-se, invariavelmente, o dobrado 9 de Julho, hino paulistano, parte dos hinos patrióticos nacionais. A revolução, iniciada em 1932 durou quatro anos e terminou com a vitória das tropas federais sobre as paulistanas. O rádio era o principal veículo de comunicação numa época em que não existia televisão ou internet. Programa da Rádio Record, comandado pelo locutor César Ladeira, lendário e importante nome da radiofonia brasileira, narrava para os paulistas e demais brasileiros o combate entre os soldados constitucionalistas paulistas e o exército federal. A marcha Paris-Belfort servia de fundo musical para as narrativas entusiasmadas do brilhante locutor, ícone do rádio brasileiro e nome importantíssimo deste veículo de comunicação. Nos lares paulistas, as famílias se reuniam em torno do rádio para ouvir as notícias narradas por Ladeira, “A Voz da Revolução de 1932”, voz que ecoou por todo o país. Quando as lutas tiveram fim, a melodia de Paris-Belfort de origem francesa, ganharia letra de Guilherme de Almeida e, com aval do governo paulista, se transformaria em hino oficial do estado. Rebatizado como Hino 9 de Julho, seria cantado por orfeões escolares e corais ufanistas do estado de São Paulo. A Revolução Constitucionalista de 32 transformou em heróis homens cujos nomes designam ruas importantes das cidades paulistas, na maioria jovens que se alistaram para defender um ideal. MMDC é o acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante revolucionário paulista e homenageia Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, manifestantes mortos pelas tropas federais, em confronto que antecedeu e originou essa revolução. (Seus restos mortais estão guardados no Obelisco do Ibirapuera em São Paulo.) Cartazes como estes, esparramados por todo o estado, cooptaram e estimularam a inscrição de combatentes, na maioria jovens. Entrementes, qualquer combate, por menor que seja, continua sendo uma grande bobagem, prova da pequenez humana e sua total imbecilidade, por resolver com sangue o que poderia ser resolvido apenas com bom senso e tolerância.