21 de dezembro de 2025

Francano fabrica bolas de vôlei e futebol há 40 anos


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Jairo Messias Faria, 65, fabrica bolas em um cômodo anexo à sua casa na Vila Rezende. O francano também realiza consertos

Ao ver uma bola rolando nos campos e quadras ou fazendo a alegria de crianças, muitos não imaginam o trabalho para confeccioná-la. Há 40 anos, Jairo Messias Faria é “o dono da bola” na Vila Rezende, em Franca. O francano de 65 anos transforma cola, linha, pedaços de tecido e material plástico em bolas de vôlei, futebol de campo e salão.

A popularidade deste produto faz com que não falte trabalho na parte de produção e também na de conserto. “Menino quando ganha a bola quer até dormir ao lado dela. Esse brinquedo ainda é a alegria das crianças. Tem algumas que ficam esperando, choram e não querem ir embora sem o brinquedo”, afirma.

Ele trabalha atualmente em um cômodo anexado a sua residência, e planeja aposentadoria, mas chegou a produzir 80 bolas por dia, com a ajuda de funcionários. “Agora só tem eu em Franca que faz esse tipo de serviço, éramos quatro fabricantes. Hoje as bolas costuradas a máquina tomaram conta do mercado, o meu trabalho é todo manual”.

O preço do produto, desenvolvido com a marca Galera, varia entre R$ 15 e R$ 40. No local ele consegue fazer todas as etapas de produção como costura, impressão de logotipos, colocação de câmara de ar e moldagem. A parte mais demorada é da costura manual, que leva em média três horas.

Se a costura já estiver feita, o fabricante é capaz de fazer de 30 a 40 bolas por dia. Porém, a realização do processo completo rende apenas duas bolas por dia. A costura é feita geralmente em parceria com cadeias públicas, em que os presidiários cumprem essa função.

Ele também fabricava chuteiras, mas parou quando o negócio passou a ser pouco lucrativo, segundo ele, pela concorrência da produção de Nova Serrana, que era mais barata.

Desde o ano passado, Jairo tem diminuído o ritmo de produção, aceitando pequenas encomendas de escolinhas ou clubes. Mesmo assim, ele ainda trabalha por cerca de 10 horas por dia. Atualmente, ele também faz rede de gol ou para cobrir quadras de modo manual. “Já estou cansado, penso até em vender esse ponto comercial para descansar um pouco e curtir a vida”, disse.

Hoje uma de suas filhas tem uma loja de artigos esportivos que usa o nome Galera, mas não fabrica bolas. “Minha vontade é vender esse local para uma pessoa que queira aprender e ensinar todo o ofício para ela”, disse o fabricante, que ainda não tem sucessor para o serviço.

ConsertosAlém de produzir bolas, o francano faz a parte de consertos. “Cerca de 80% dos reparos é em relação a furos, então faço remendos na câmara de ar que é como uma bexiga de borracha”, afirmou. Ele disse que tem conhecimento do material usado em bolas de todas as marcas e diz que a procura por esse tipo de serviço é grande.

As mãos habilidosas de Jairo tornam a costura tão uniforme que não é possível identificar o ponto onde a bola foi aberta. “A maior curiosidade das pessoas é saber onde foi feita a última costura na bola, mas quando termino nem eu sei”, disse.

Os valores do conserto variam de R$ 8 a R$ 15, de acordo com o tipo de câmara de ar.