Existe diferença entre aparência’ e essência? Existe! Nem tudo que parece ser, é o que parece. Proponho pensar em ‘aparência’ como nós nos apresentamos ao convívio social, o que ‘pretendemos’ ser. É exterior. A essência é interna, profunda, densa, aquilo que é base, é aquilo que é.
Essência é da ordem da realidade. Aparência é da ordem da vaidade. Essência é verdadeira. Aparência é simulacro.
Todos nós já nos decepcionamos com pessoas próximas. Acabamos sendo enganados pela aparência e não pela essência.
Aparência, se estamos atentos, pode ser facilmente identificada. Essência exige um olhar mais aprofundado, por isso, tem mais valor.
Atualmente valoriza-se muito a aparência em detrimento da essência.
O que importa é o belo, a embalagem, a imagem (aparência) e não o conteúdo (essência). Então, aparência pode levar a erro. Essência, jamais.
Platão, em seu livro A República, apresenta o mito da caverna.
Nele, prisioneiros dentro de uma caverna, em razão da luz da fogueira, visualizam sombras projetadas na parede e imaginam os seres como homens, plantas e animais, e isso representa o cotidiano deles.
Um prisioneiro sai da caverna e se depara com a luz do sol. À noite, novamente confinado na caverna e à luz da fogueira, olha a parede e vê só sombras, não mais a totalidade de seres que julgava ver.
Conhecia apenas a escuridão. Depois do acesso à luz, conheceu a realidade que vai além da sombra.
Se tentar convencer seus companheiros de sombra, será ridicularizado por eles.
Sendo assim, conhecer a essência pode gerar desencontro com a aparência.
O ideal é que a aparência seja reflexo real da essência. Não é fácil descobrir que se vive de aparência, porém, se resolve se desafiar, e descobrir, abre-se sempre a possibilidade de viver a essência.
Você, que me lê, reflete sua essência em sua aparência?
Acir de Matos Gomes
Advogado, professor universitário