21 de dezembro de 2025

Pequenas paulistas devem crescer mais


| Tempo de leitura: 4 min
Bruno Caetano, superintendente do Sebrae/SP, disse que pequenas crescem mais e mais rápido no estado

Chega ao fim nesta sexta-feira a 45ª edição da Francal. Expositores apostaram na feira para impulsionar suas vendas e garantir o segundo semestre de produção. E os resultados não deixaram a desejar. As pequenas empresas que ocuparam estandes coletivos não teriam condições de participar e exibir seus lançamentos se não fossem subsidiadas. O apoio do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) permitiu que 40 empresas da região de Franca se mostrassem na Francal. Em poucos anos, a intenção é que elas possam caminhar com as próprias pernas.

O diretor-superintendente do Sebrae São Paulo, Bruno Caetano, visitou a redação do GCN na feira e analisou o desempenho do setor. A boa notícia é que os pequenos empresários estão faturando mais no Estado e num ritmo muito maior do que a média do crescimento no País. A dica do especialista para manter a evolução positiva é o planejamento. “Quem melhor se preparar, vai ficar com as melhores fatias deste crescimento”.

Mestre e doutorando em Ciência Política e ex-secretário estadual de Comunicação no governo de José Serra (PSDB), Bruno Caetano falou sobre os impactos da onda de manifestos na economia e na rotina dos empresários.


O apoio do Sebrae garante a participação de pequenas empresas de São Paulo na Francal. Como é feita esta parceria?
Um dos nossos grandes objetivos é aumentar o faturamento destas pequenas empresas. O setor coureiro-calçadista do Estado é estratégico para a nossa economia. Feiras como a Francal são um dos momentos mais importantes do ano para muitos empresários. Por isto, o Sebrae faz questão de apoiar muitos deles, inclusive, subsidiando a compra dos espaços. O pequeno empresário tem orçamento curto, muitos não conseguem se organizar de maneira individual para comprar um espaço em uma feira internacional como esta. Então, o Sebrae compra este espaço e subsidia a vinda. Este ano, estamos com 80 empresas subsidiadas, sendo 40 da região de Franca. Durante a visita que fiz aqui, notei que eles estão muito satisfeitos.

Com este empurrão, o Sebrae espera que as empresas possam caminhar com as próprias pernas em um curto espaço de tempo...
O programa funciona exatamente desta forma. O Sebrae cuida e apoia estes empresários a participarem de feiras durante quatro anos. A partir do quinto ano, esperamos que o empresário já possa caminhar com as próprias pernas e ocupar espaços de maneira autônoma. Enquanto isto não acontece, ajudamos, seja com recursos financeiros para que aqui esteja, seja também ao longo do ano com muita informação e capacitação. O mercado de couro e calçados cresce muito, mas só vão sobreviver aqueles que se prepararem melhor.

Como foi o desempenho econômico das pequenas empresas no primeiro semestre e qual é a projeção para os próximos meses?
Monitoramos o faturamento das pequenas empresas no Estado. O trabalho é feito há mais de sete anos. O que tem acontecido nos últimos meses é um descolamento muito saudável da pequena empresa em relação à média do País. No ano passado, enquanto o País cresceu menos de 1%, as pequenas empresas paulistas faturaram quase 4% a mais em relação a 2011. Este ano, de janeiro a maio, o faturamento já está quase 4% maior do que o verificado no mesmo período do ano passado. Os pequenos empresários estão faturando mais no Estado e também num ritmo muito maior do que a média do crescimento brasileiro. Isto acontece porque o pequeno empresário trabalha, basicamente, na venda final dos seus produtos. Enquanto tivermos um mercado aquecido, com muita gente empregada e a massa salarial alta, a tendência é que as pequenas empresas vendam mais.

O Sebrae fez um questionário para avaliar a opinião dos empresários em relação aos manifestos que tomaram conta das ruas do País no mês passado e que continuam ocorrendo em São Paulo. Qual foi o resultado?
O resultado foi muito interessante. Enquanto poderíamos imaginar que os empresários, de modo geral, estariam contrários por conta dos manifestos atrapalharem o comércio, 60% dos entrevistados, são mais de 600 no Estado, disseram que houve, sim, algum tipo de interferência em suas vendas, especialmente, quem trabalha no setor de comércio e serviço. No entanto, 91% destes empresários estão a favor das manifestações.Isto mostra que há um desejo de mudanças, especialmente, na nossa legislação trabalhista, com a diminuição dos encargos e também com uma melhor relação com a Justiça do Trabalho, além da diminuição dos impostos.

A reforma tributária é uma necessidade para desburocratizar a vida do empresário?
Sem dúvida, mas, antes mesmo das reformas, o Sebrae aponta alguns projetos de menor complexidade que poderiam ser adotados imediatamente e que beneficiariam muito as pequenas empresas. O Simples Nacional (sistema que simplificou a cobrança de impostos para pequenas e microempresas) é uma boa ideia, que ajudou muito. Seis milhões de empresas no Brasil são filiada ao Simples, mas passamos cinco anos sem atualizar as faixas de enquadramento. Muitas deixaram de ter os benefícios do programa porque extrapolaram as faixas de faturamento, pois elas foram estranguladas ao longo dos anos, sem atualização. Defendemos que haja uma atualização anual. Hoje o empresário tem medo de crescer porque senão ele extrapola as faixas de faturamento e perde os benefícios. Outra reivindicação é que todas as categorias possam ter acesso ao Simples e que o único critério de enquadramento seja o faturamento.