18 de dezembro de 2025

Ex-sapateiro de 61 anos cria rede de supermercados Tiãozinho


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O casal Sebastião Martins Moreira, o Tiãozinho, e Aladima Cunha Moreira, em frente a um dos supermercados do grupo, no City Petrópolis

Difícil imaginar algum morador do City Petrópolis que não conheça ou não tenha ouvido falar dele. Com voz calma, cabelos brancos e jeito mineiro, Sebastião Martins Moreira, 61, cresceu profissionalmente junto com o bairro. Começou pequeno com apenas uma portinha da Mercearia do Tiãozinho e hoje é o conselheiro e líder de uma nova rede de supermercados de Franca que em fevereiro abrirá a sua quarta loja. O plano do Grupo Tiãozinho Supermercados é adquirir outras duas unidades ainda neste mês e depois abrir uma por ano na periferia da cidade e, posteriormente, na região.

Natural de Claraval, Tiãozinho veio para Franca aos 9 anos junto com os pais e irmãos. O primeiro emprego ainda criança foi de lenhador, depois passou a trabalhar como sapateiro e, aos 23 anos, resolveu montar sua própria mercearia na frente da casa em que morava no Jardim Petráglia. “Meu sogro tinha uma mercearia, então quando comprei a casa, resolvi apostar nesse novo negócio e acabei tomando gosto.”

Inicialmente, antes de se tornar exclusivamente uma mercearia, o local funcionava como um bar que, segundo Tiãozinho, aos poucos acabou perdendo espaço. “Após cinco anos vi que precisava investir mais no negócio e resolvi partir para o City Petrópolis, que estava começando.”

Mudado o endereço, a então mercearia logo virou ponto de referência no bairro. “As pessoas falavam para as outras esperarem perto do Tiãozinho, que iam comprar no Tiãozinho e o nome foi pegando. Não teve como mudar. Na verdade nunca pensei em trocar o nome.”

De acordo com o empresário, que há cinco anos passou o comando da empresa para os três filhos (Marcos, Samuel e Tiago), o primeiro supermercado surgiu em 1996 e praticamente não tinha funcionários. Só a família trabalhava. O empreendimento surgiu com 30 metros quadrados, passou para 40, ampliou para 100 e hoje possui 2 mil metros quadrados e 80 funcionários.

“Trabalhei durante muito tempo no caixa, só saí mais recentemente, quando fui trabalhar no departamento financeiro”, disse Aladilma Cunha Moreira, mulher de Tiãozinho. Para ela, o sucesso dos negócios do marido se deve principalmente à humildade. “A gente precisa estar sempre presente e continuar humilde. A humildade é a alma do negócio.”

EXPANSÃO
As ampliações da primeira loja ocorreram conforme eram comprados os terrenos e casas vizinhas. Da mesma forma surgiu a segunda unidade, dessa vez no Jardim Paraty. Novamente, a região estava em desenvolvimento e Tiãozinho resolveu aproveitar a oportunidade.

Procedimento semelhante aconteceu com a terceira loja da família, aberta em março do ano passado no Jardim Cambuí. “Tinha comprado o terreno há muito tempo, mas fiquei à espera do asfalto. Assim que ele saiu, abrimos a loja, que, na verdade, era para ser a segunda e não a terceira”, disse o empresário.

Recentemente mais dedicado à área imobiliária, Tiãozinho entregou o andamento e a sequência do grupo aos filhos, que sempre almejaram ter uma unidade na região central da cidade. “Sempre tivemos essa ideia, mas não conseguíamos espaço. A ideia era encontrar um ponto bom com estacionamento”, disse o mais velho dos filhos, Marcos Henrique Moreira, 40.

Procurados por um corretor imobiliário, o sonho de ter uma loja mais central começou a ser concretizado com a oferta do ponto do supermercado Ricoy, na avenida Chico Júlio. Depois de umas semanas de negociação, a venda foi concretizada. A nova loja passará para as mãos da família Moreira a partir do dia 15. A previsão é que o novo Supermercado Tiãozinho seja aberto em fevereiro. “Vamos remodelar o prédio e fazer mais umas 70 contratações”, disse Tiago Moreira, 31, o filho mais novo. O investimento na obra de pintura, troca de piso e remodelação deve ser de R$ 400 mil.

Segundo a família, outras duas lojas da Ricoy na cidade também estão em vias de serem compradas pelo grupo. A negociação pode ser fechada nos próximos dias. “Essas duas lojas estão praticamente montadas, mas têm carência de mão de obra. Se elas forem adquiridas, iremos criar 300 novos empregos”, disse o empresário pai.

O Grupo Tiãozinho Supermercados emprega hoje 250 funcionários e se comprometeu a recontratar os demitidos das unidades Ricoy que forem fechadas. Tiãozinho e os filhos preferiram não revelar o valor dos investimentos na aquisição da nova loja e na manutenção das outras três unidades. Apenas informaram que 70% de tudo o que ganham volta para o negócio. “Todos os investimentos são recursos próprios e visam dar sequência a um trabalho de 30 anos do meu pai”, disse Samuel Elias Moreira, 35.