Encomendar a limpeza de um túmulo nesta semana, às vésperas do Dia de Finados, que acontece na próxima sexta-feira, 2 de novembro, pode custar até R$ 300, caso dos jazigos mais altos que têm capela, muitas placas e esculturas. De olho na possibilidade de aumentar a renda, os zeladores de túmulos, como são chamados, não só cuidam dos túmulos habituais, que recebem limpeza semanalmente, mas também assumem a função de diaristas. Segundo quatro zeladores ouvidos pelo Comércio no Cemitério da Saudade, o preço da faxina de última hora varia de R$ 30 a R$ 500. O material de limpeza é fornecido pelos zeladores.
No Cemitério da Saudade, cerca de 30 zeladores trabalham regularmente. Valquíria Radi, 44, está na função há 15 anos e, nesta época, além de limpar os 40 túmulos pelos quais recebe mensalmente, assume outros dez. “A maioria é de pessoas que pede para limpar o túmulo para Finados, porque vai receber a visita de algum parente.”
Segundo Valquíria, a procura por diárias na semana do feriado já foi maior em outras épocas. “Aparece ainda, mas são poucas. Acredito que as pessoas estão sem dinheiro.” Por túmulo limpo semanalmente, ela recebe R$ 20 por mês. Alguns têm mensalidade mais alta, cerca de R$ 50, por serem mais difíceis de limpar. “São aqueles ‘predinhos’ (jazigos maiores). Por serem altos, você se arrisca para subir e tem que ir várias vezes encher o balde.”
Ex-funcionário de uma fábrica de borrachas, Irineu Cândido Silva, 48, trabalha como zelador de túmulos há quatro anos. O dinheiro que ganha - cerca de R$ 900 por mês - é usado para custear as despesas da filha na faculdade. “Ela faz letras em uma universidade estadual do Paraná e o que ganho ajuda a pagar o transporte, a alimentação e o aluguel dela, que é dividido.” Irineu faz a limpeza de 200 túmulos no total. Parte deles repassados por colegas. “A ideia foi de uma tia que também trabalhou como zeladora e de vez em quando me chamava para fazer um bico aqui.”
No mês de novembro, com as limpezas extras, o zelador diz que sua renda chega próximo dos R$ 1.400. “Começo a preparar os túmulos em outubro e venho bem cedo, antes das 7 horas.”
Quem quiser contratar um diarista de túmulo nesta semana, basta procurar um dos zeladores no cemitério. A recomendação é para que evite a quinta-feira, véspera da data. “Pode não dar tempo, já que na sexta-feira a gente não vem trabalhar”, lembrou Rosângela Alves Pereira, uma das zeladoras com mais tempo de serviço no local. Ela está há 26 anos no Cemitério da Saudade e cuida hoje de 70 túmulos por mês. Na semana passada, fez um trabalho extra em um túmulo e cobrou R$ 300.
SANTO AGOSTINHO
No Cemitério Santo Agostinho, os túmulos/jardins também têm zeladores. Eles são inclusive organizados em associação, com direito até ao uso de uniforme. Como no da Saudade, os zeladores trabalham como mensalistas e aproveitam esta época para fazer um serviço extra ou conseguir um novo patrão. Pelo serviço de jardinagem de última hora cobram de R$ 10 a R$ 100. O valor mais barato corresponde à limpeza (retirada do mato e poda da grama), já o mais caro é cobrado quando o túmulo precisa ser reconstruído, com nova grama e mudas.
“A pessoa tem a opção de trazer a muda, o que torna o serviço mais barato”, disse a zeladora Sueli do Carmo. Por mês, o preço cobrado pela manutenção dos túmulos é R$ 25.
No Dia de Finados, os dois cemitérios abrirão a partir das 7 horas e contarão com a presença de agentes municipais para auxiliar o público em relação à localização das sepulturas.