25 de dezembro de 2025

Pombo-correio, voa ligeiro


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No último domingo, 7 de outubro, o Comércio da Franca trouxe uma matéria superinteressante da repórter Irinéa Donizete sobre os pombos-correio (podemos fazer também o plural assim: pombos-correios). A manchete da página dizia assim: “Franca tem mil pombos-correio treinados para competição.” No corpo da matéria , ou seja, no texto, o leitor era apresentado ao criador Luiz Alberto Pires, 63 anos, que há 40 cuida dessas aves na sua chácara, no Jardim Paraty, Franca.

Para manter os mil pombos em condições ideais, Luiz gasta cerca de R$ 200 na compra de ração, milho, vacinas e acompanhamento de veterinário. Os pássaros vivem num viveiro chamado pombal. Outro criador, Cristiano Bizzi, também se dedica a esse hobby. As pessoas que criam pombos-correio se chamam columbófilas. Luiz e Cristiano, mais outros oito criadores, são columbófilos. Todos estão associados à Associação de Columbófilos de Franca, que cuida de promover a participação das aves em competições. A Associação pertence à Federação Paulista de Columbofilia. Columba é a palavra latina para pomba.

Que tipo de competições? São umas bem especiais. Os pombos-correio são levados para lugares bem distantes de onde vivem, são soltos e conseguem voltar direitinho para casa, ainda que estejam a mil quilômetros de distância. Não é verdade que saibam ir a um lugar determinado levar recados, encomendas, cartas, mensagens. Eles sabem apenas retornar a seus habitats mesmo quando soltos a quilômetros de distância. E como acontece isso? Vamos explicar.

O pombo-correio pertence a uma raça diferente. Não é a mesma desses pombos que vemos nas ruas. Ele já nasce com uma estratégia de adaptação desenvolvida ao longo de milhares de anos. Consegue voltar ao seu lugar de convívio com outros pombos usando um sistema que envolve a visão, a memória e um relógio interno. Com a visão localiza o sol e identifica sua posição (leste, oeste, norte). Com a memória, relaciona a posição do sol e o horário. Com o relógio interno identifica o período do dia ( manhã, tarde, noite). O sistema funciona como uma bússola.

Apesar de os pombos-correio terem este instinto especial superdesenvolvido, há outros animais que conseguem retornar a seus ambientes de origem sem problemas. As abelhas, por exemplo, fazem isso o tempo todo. Os beija-flores também. Alguns gatos já deram mostras de que sabem voltar para casa quando abandonados por seus donos. Albatrozes foram levados do Havaí para a Califórnia, Alaska e Japão, numa experiência bem sucedida: voltaram de distâncias calculadas em 3, 5 e até 6 mil quilômetros.

Todos os criadores dizem que não basta à espécie sua bússola corporal. O pombo-correio precisa ser treinado. Eles começam com um afastamento pequeno de suas moradias e aos poucos vão sendo levados para lugares mais distantes. Ainda não se sabe qual é a distância máxima da qual conseguem retornar. De certo se tem que conseguem voar a uma média de 80 km por hora e percorrer até 800 km num dia.

Os columbófilos participam de torneios que existem no mundo inteiro. Na Europa há uma prova em que os pombos são soltos (com uma marcação nas perninhas para serem identificados, claro) em Barcelona e conseguem retornar à Bélgica, percorrendo quase mil quilômetros. No Brasil há uma competição em que as aves deixam Brasília e vão até São Paulo, numa distância parecida. Segundo especialistas, uns voam direto; outros precisam de água e alimentos. Infelizmente, quando param podem ser vítimas de predadores como gavião. Os que voam também não escapam aos perigos: podem esbarrar em fios elétricos.