25 de dezembro de 2025

Cheiro de quê?


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Mexerica, chocolate, alho, cebola, café, hortelã, manjericão, pipoca, bife: cheiros muito bons. Fumaça, folha esmagada, maria-fedida, manga apodrecida, lixo acumulado: cheiros muito ruins. Durante todo o tempo em que estamos acordados, e até mesmo enquanto dormimos, nosso nariz cheira tantas coisas que a lista é bem comprida. Já parou para pensar quantos cheiros você pode sentir durante um dia inteirinho? E como é que a gente consegue separar todos eles, sem fazer confusão? A resposta está no nosso cheirador, no nosso nariz, no nosso órgão chamado olfato que é bem sofisticado no seu funcionamento. (Veja quadro abaixo)

Vamos explicar como é que funciona o olfato. Pense no nariz como se fosse uma caverna com duas entradas que são as narinas. A caverna está recoberta de muco, aquela secreção que escorre quando estamos resfriados. O muco é um grande protetor do nosso organismo. Ele impede que elementos nocivos como vírus e bactérias cheguem ao interior de nosso corpo. Forma uma barreira que os segura, os impede de avançar. O muco também segura partículas mínimas como pó, pólen, fuligem e outros elementos que ficam no ar e não enxergamos.

Voltando à imagem da caverna. Lá em cima, no alto, estão as membranas ou fibras olfativas, uma película fininha e supersensível, que capta as moléculas de cheiro. Todas as coisas são formadas por moléculas. Os cheiros também. Acima das membranas que captam os cheiros estão os nervos olfativos. Quando as membranas recebem as moléculas de um cheiro, as enviam para os nervos olfativos que mandam imediatamente a informação para uma região do cérebro chamada amígdala. Esta é a região responsável por decifrar, reconhecer, arquivar os cheiros. Somos capazes de identificar uma grande quantidade deles. Basta lembrar que uma simples rosa tem mais de 20 cheiros diferentes.

Quando sentimos um cheiro pela primeira vez, nós o associamos a uma pessoa, um evento, uma coisa, um momento. O cérebro produz uma ligação entre as duas coisas. Por exemplo: cheiro de cloro e água de piscina, de pipoca e cinema, de mar e férias, de bolo e avó, de alfazema e mãe. E assim por diante. Cada pessoa faz suas próprias associações. Os especialistas no assunto dizem que começamos a criar associações entre cheiros e emoções ainda no útero de nossa mãe. Bebês expostos a cheiros de alho, cigarro ou álcool, por exemplo, já nascem demonstrando preferência por estes cheiros.

O olfato, sentido que nos leva a sentir cheiros bons e ruins, é responsável por nos avisar sobre substâncias que fazem mal à nossa saúde. Por exemplo: comida estragada cheira mal, e isso representa para o ser humano um aviso de que não deve comê-la. Soa como um alarme para o corpo. Ao mesmo tempo, o paladar rejeita tudo o que cheira mal, porque olfato e paladar trabalham juntos, em cooperação estreita. Quando ficamos resfriados, nosso nariz se congestiona, não sentimos cheiros, perdemos o apetite.

O inverso também sucede. Quando nosso olfato funciona bem, sentimos cheiro de comida saudável e logo salivamos: isso quer dizer que nosso cérebro registra cheiro bom e dá ordem às papilas gustativas, que se encontram na boca, para que iniciem a produção de saliva. Assim, nossa boca se prepara para receber o alimento. Por isso existe a expressão popular usada por quem sente o cheiro e vê um prato saboroso: “ Isso me dá água na boca”.