19 de dezembro de 2025

Birigui é a cidade que ostenta o título de capital do calçado infantil


| Tempo de leitura: 4 min
O empresário Sérgio Gracia mostra calçado infantil de sua empresa, a Kidy

Mais da metade dos sapatos usados por crianças no Brasil tem a cidade de Birigui, no interior de São Paulo, como origem. Se Franca se orgulha de ser a capital do calçado masculino, Birigui ostenta o título de capital do calçado infantil. Não é por acaso. O pólo do município é responsável por 52% do produto comercializado no País.

As 300 empresas do setor produzem 68 milhões de pares por ano e geram 22 mil empregos diretos. Falta gente qualificada no mercado e a busca pela mão de obra tornou-se um desafio.

Se a participação no mercado doméstico é significativa e crava o nome da cidade no mapa calçadista nacional, as vendas para o exterior despencaram e fizeram acender o sinal amarelo. Na tentativa de recuperar as perdas, os empresários locais estão quebrando uma tradição de mais de meio século e começaram a produzir sapatos femininos.

Proprietário da Kidy, o empresário Sérgio Gracia é vice- presidente do Sindicato das Indústrias de Birigui e da Abicalçados. Nesta entrevista, ele fala da vocação da cidade para produzir sapatos infantis e dos motivos que derrubaram as exportações.

Caderno Francal - Qual avaliação o senhor faz dos três primeiros dias da Francal?
Sérgio Gracia -
A feira está dentro das nossas expectativas. Nós, do calçado infantil, sempre somos atendidos depois do feminino. O lojista trabalha o feminino e depois começa a nos visitar. Este ano, estamos com a felicidade dos clientes estarem gostando muito da nossa coleção. Conseguimos buscar bons resultados e alcançamos o que havíamos planejado.

Caderno Francal - Os negócios vão superar o desempenho obtido no ano passado?
Sérgio Gracia -
Nós viemos para a feira com o objetivo de atingir o mesmo volume de 2011. A gente acredita que até o último dia vamos atingir nossa meta, talvez, com um crescimento em torno de 5%.

Caderno Francal - Quantos pares a sua empresa espera vender?
Sérgio Gracia -
Sempre trazemos para a feira a obrigação de comercializar, pelo menos, a nossa semana de produção, pois estamos aqui com toda a equipe de venda. Somos uma empresa que produz de 15 a 20 mil pares diários com a sazonalidade de inverno e verão e nós vamos cumprir este objetivo.

Caderno Francal - O que justifica o título de a capital do sapato infantil à cidade de Birigui?
Sérgio Gracia -
Este título é endossado por pesquisas que fazemos no pólo e em nível nacional. Os dados mostram que 52% do calçado infantil comercializado no Brasil saem das fábricas de Birigui, o que nos orgulha muito. A nossa mão de obra é especializada em fabricar tênis, sandálias e botinhas infantis.

Caderno Francal - Por que a cidade focou a sua produção na linha infantil?
Sérgio Gracia -
A história do calçado infantil em Birigui data de 54 atrás. A primeira fábrica que se instalou foi de um comerciante de São Paulo que, em busca de mão de obra mais barata, se mudou para a nossa cidade. Ele produzia calçado de criança para ir à escola. A partir da aí, começou a tradição. Da fábrica dele se multiplicaram todas as outras que temos em nosso pólo.

Caderno Francal - Qual é a vantagem do calçado infantil em relação ao produto para adultos?
Sérgio Gracia -
O fator principal de compra não é a sazonalidade mas, sim, a necessidade por causa do crescimento dos pés. Nós temos o bônus do pé crescer e o ônus de termos que sempre produzir um calçado mais barato. Justamente porque o pé cresce, a mãe busca um calçado mais econômico, pois ela sabe que dentro de três, quatro, seis meses, no máximo, terá que trocar e comprar um calçado novo. É um eterno desafio para nós produzirmos calçados de criança com qualidade, design e tecnologia que hoje são fundamentais para o sucesso do qualquer produto e manter um preço competitivo. Cada vez mais, as mães buscam um preço em conta. As mães compram para elas um calçado que custa cinco ou seis vezes mais do que um infantil, mas exigem que a gente faça um calçado infantil econômico.

Caderno Francal - O pólo calçadista de Birigui sentiu os efeitos da crise?
Sérgio Gracia -
O maior golpe que sentimos nestes últimos anos foi a queda brusca na exportação. A cidade exportava de 20 a 25% de sua produção. Hoje, só exportamos 4%, o que é muito pouco. Por isto, está nascendo na cidade algumas empresas produzindo calçado feminino adulto. Ainda é uma coisa pequena, mas acredito que vai crescer.

Caderno Francal - O que o setor projeta para o segundo semestre?
Sérgio Gracia -
Esperamos que seja um período de recuperação. O primeiro semestre foi muito suado, muito difícil, muito trabalhado. Agora, a gente espera que o setor caminhe para uma recuperação sustentável. A Francal está dando o recado, está dando o start na temporada e esperamos que, terminada a feira, os lojistas comecem suas compras com bastante força. Vamos voltar para a fábrica e começar a produzir.

Caderno Francal - As vendas efetuadas na Francal vão possibilitar a abertura de novos postos de trabalho?
Sérgio Gracia -
Planejamos a manutenção dos empregos, pois Birigui e região sofrem uma forte pressão e uma escassez de mão de obra tremenda. Qualquer ganho de produtividade é que vai poder fazer com que a produção seja um pouco aumentada. Teremos uma variação positiva, sim, mas não tão significativa. Falta muito profissional qualificado em Birigui.