Muita gente, interpretando ao pé da letra o que está em Gênesis, 3:19, entende que o trabalho, no planeta Terra, é castigo de Deus.
Se observarmos que é pelo trabalho que desenvolvemos as nossas capacidades intelectivas, constataremos que, na verdade, é uma bênção.
Foi pelo esforço em dominar a natureza, procurando tornar a vida melhor, que o homem chegou às conquistas maravilhosas da vida atual.
Na nossa interpretação, o texto bíblico se refere ao esforço para conquistar-se o progresso, na difícil escalada evolutiva de retorno à Casa do Pai.
Suor, pois, é a quota de sacrifício que cada um deve despender para cumprimento do superior desiderato da evolução.
Muita gente, ainda acostumada à ‘lei do menor esforço’, considera que a morte é um descanso. Entretanto, ensina a Doutrina Espírita que o trabalho é Lei da Vida.
Assim, trabalho não pode ser um castigo. É, antes, uma necessidade. E trabalho é toda atividade que produza um resultado. Por isso, o espírito André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, conclama: ‘Toda ocupação útil é trabalho’.
Há os que pensam que, em desencarnando, cessará a necessidade do trabalho, passando a viver num eterno ‘dolce far niente’, ocupados tão-somente com a louvação a Deus.
Não é isso que nos ensina a Doutrina Espírita, que considera o trabalho uma Lei da Vida e que o próprio Deus sempre trabalha, como trabalha Jesus e todos os demais colaboradores angelicais da Obra Divina. ‘Meu Pai (Deus) trabalha até agora e eu também’. (Jesus - João, 5.17).
Quando retornamos ao mundo espiritual, pela desencarnação, a atividade não cessa. Somos encaminhados para os setores afins com o nosso processo evolutivo, isto é, tão logo recobramos a consciência integral da nova situação, somos aproveitados nos afazeres condizentes com nossas aptidões.
Mas, há o que fazer no mundo espiritual? Claro! A vida continua e é necessário que se atendam a todas as necessidades evolutivas do indivíduo, esteja ele cônscio ou não da sua situação. Por isso, cada um será chamado a servir nas tarefas que estejam no nível das suas possibilidades: médicos cuidarão de doentes, professores lecionarão, enfermeiros secundarão as atividades hospitalares, cozinheiros ajudarão na alimentação dos que se encontrem mais carentes, religiosos atenderão os seus crentes, pesquisadores darão continuidade às suas buscas, enfim, a vida é plena e estuante na outra Dimensão.
Todos contribuindo, dentro das suas possibilidades e limitações, para que a ‘Casa do Pai’ funcione adequadamente no acolhimento da família universal.
Felipe Salomão
Bacharel em Ciências Sociais, diretor do Instituto de Divulgação Espírita de Franca