Hoje, 19 de abril, é dia destinado a lembrar o índio e sua importância na cultura brasileira. Também é uma boa ocasião para repensar a tragédia de tantas tribos dizimadas pelos colonizadores. Quem puder, que assista ao filme Xingu, em exibição numa das salas do Franca Shopping. Ele mostra as dificuldades enfrentadas por eles, que precisam manter sua cultura e não necessitam ser aculturados. Em contato com o mundo civilizado eles perdem a sua identidade.
A história gira em torno do imenso trabalho dos irmãos Villas- Bôas em favor da criação de um território só para os povos da floresta. Orlando (1914-2002); Cláudio (1916-1998) e Leonardo (1918-1961) integraram a Marcha para o Oeste, iniciada no começo do século passado. Era um projeto do governo que incentivava brasileiros a desbravar o interior do País. Os irmãos Villa-Boas não apenas ajudaram neste desbravamento como também descobriram tribos que nunca haviam feito contato com os brancos.
Foram grandes defensores dos índios e graças ao esforço deles foi criado pelo presidente Jânio Quadros o Parque Nacional do Xingu, que é do tamanho da Bélgica, país europeu. Por causa do trabalho desenvolvido na Amazônia em favor das tribos, Orlando e Cláudio (Leonardo já havia morrido) foram indicados em 1971 ao Prêmio Nobel da Paz.
Ao todo, os irmãos abriram mil e quinhentos quilôme-tros de picadas, percorreram mil quilômetros de rios, construíram 19 campos de pouso, ajudaram a fundar 43 vilas e contataram 14 tribos até então totalmente desconhecidas da civilização. O mais bonito de tudo é que os irmãos Villas-Bôas nunca dispararam um tiro contra os índios. Graças à habilidade e ao respeito com que faziam contato, conquistavam a confiança dos índios mais ferozes.
O filme foi baseado no livro Marcha Para o Oeste, publicado em 1994 e de autoria de Cláudio e Orlando Villas-Bôas. As cenas foram feitas todas no Tocantins, Pará e Matogrosso. São belíssimas, mostrando trechos de florestas e rios até então desconhecidos do público. Os autores que interpretam os irmãos são Felipe Camargo (Orlando), João Miguel (Cláudio) e Caio Blat (Leonardo). Estão muito bem nos papéis.
Erramos: Na frase sobre Ana Maria Machado, na edição anterior deste Clubinho o correto é: “Manguinhos é o nome de uma praia capixaba, quer dizer, do Espírito Santo.”