Toda sexta-feira, a partir das 20 horas, eles deixam suas casas e atividades que poderiam realizar por conta da chegada do fim de semana, para rezarem. A oração escolhida é o terço, composto por 50 Ave-Marias e cinco Pai-Nossos. Cada dezena forma um mistério que recorda uma passagem importante da história da vida de Jesus Cristo e de Maria. O detalhe desta prática católica está no perfil dos integrantes deste grupo. Não são padres, monges, freiras ou senhoras mas, sim, adolescentes. Chamado de Jardim de Maria, o grupo reúne em média 50 jovens entre 13 e 18 anos que durante duas horas e meia cantam, rezam e ouvem a pregação de uma equipe de coordenadores. Há também bate-papo sobre temas tabus como castidade. “Falamos de tudo porque queremos tirar os jovens do mundão, convertê-los e apresentar Jesus”, disse Tatiana Moraes, 19, que faz parte da equipe de serviços do grupo juntamente com o namorado Diego Henrique Campos, 20.
O encontro existe há pouco mais de um ano e faz parte da Comunidade Cenáculo. Antes realizado na residência de uma das fundadoras, o Jardim de Maria acontece atualmente na Casa Cenáculo no Bairro Cidade Nova. A oração é animada por violão e percussão.
Fernanda Ribeiro Nascimento, 19, uma das integrantes da equipe de coordenação, diz que o diferencial está na forma de rezar o terço. Para não deixá-lo monótono, as orações acontecem com dinâmica. Numa delas, uma rosa é repassada entre os presentes. Automaticamente aquele que recebe a flor precisa rezar uma Ave-Maria. Ao final, os adolescentes beijam a rosa e a colocam aos pés da imagem de Nossa Senhora durante uma canção. Eles também já formaram um terço de flores no chão da capela onde rezam. “O nome do grupo Jardim de Maria tem a ver com a oração e a rosa, pois a cada Ave-Maria é como se doássemos uma flor à Nossa Senhora. Queremos encher o jardim de Nossa Senhora de flores”, disse Fernanda.
Frequentadora há três meses do terço, Camila Neves Silva, 14, conheceu o grupo por meio de um retiro que aconteceu em agosto para apresentação do encontro. “Minha prima me chamou e aceitei participar. Fui e gostei. Antes, ela já tinha me convidado para o terço, mas achava careta. Quando participei vi que não era. Pelo contrário, a gente dança, conversa e faz partilha”.
Camila diz que a ida ao grupo também a aproximou das missas e a transformou interiormente. “O grupo me faz bem. Não troco por um passeio no shopping ou na sorveteria e sempre convido minhas amigas da escola para participar”.
COMO SURGIU
O grupo Jardim de Maria surgiu da reza do terço realizada na casa de um dos fundadores. No começo, a reunião era familiar e contava com em média cinco pessoas. Com o tempo, este pequeno grupo passou a convidar mais pessoas para a oração e estas, na semana seguinte, convidavam novos integrantes. Em agosto deste ano, o aumento na quantidade de frequentadores fez com que o grupo fosse obrigado a se transferir para a Casa Cenáculo. “Fizemos um retiro onde foi falado do grupo. Com isso, as pessoas passaram a comparecer. Não teve como continuar com as reuniões em casa”, disse Fernanda. “Sempre pedimos no grupo para que a pessoa convide um amigo ou um primo, conhecido e, na semana seguinte, esses novos jovens aparecem”.
Atualmente além dos encontros religiosos, o grupo tem servido ainda como uma ferramenta para realizar novas amizades. “Não são todos, mas já começamos a convidar o pessoal para um lanche no intuito de mostrar que também há como se divertir de maneira santa”.