A falta de respeito que certas pessoas demonstram em determinados momentos espanta, no jeito irônico que mostram, querendo tirar proveito de gestos estudados para sugerir a decência que nunca tiveram.
Falar de escândalo, apropriação indébita, usurpação de recursos públicos neste Brasil de samba e pandeiro, domingueiras de futebol, mulata sestrosa e mirabolante ao som de tamborins, canto de sabiá e tantas belezas, faz parte de nosso show.
Também faz parte de nossa história cultivar alegria, cantar folia de reis, sambar descalço na rua, beber cachaça na esquina, pontear a viola, pitar um cachimbo ou cigarro de palha e flanar por ai acreditando nas promessas e mentiras que pregam na gente.
Quero hoje mergulhar no passado, quando a honra era o alvo de maior importância na trajetória do homem e, garantia segura era o fio de bigode. Contratos apalavrados e o respeito mantido, homem que era homem usava bigode e não faltava com a verdade.
Alguns afirmam ser controversa a origem do termo "fio de bigode", provindo talvez da expressão germânica, "bi gott" (por Deus), marcando a finalização dos acordos.
Outros sugerem ser proveniente do latim, "vericundia" (vergonha), ou ainda do "veritas" (verdade).
Os tempos vão se encarregando de mudar costumes e comportamento com forte e flagrante degradação do homem e da mulher. Hoje se constata portadores de bem aparados bigodes e barbas, mentindo, espoliando, trapaceando, falseando e negando avenças escritas e registradas sem o menor pudor, sorrindo com desdém dos menos poderosos.
Um deles exibe um grande bigode e mais que isto, gigantesca fortuna em dólares nos paraísos fiscais do mundo através de um filho especialista em manipular economias de vulto, sabe Deus, de onde subtraídas.
Os indícios indicam falcatruas e a burra da nação. Ele vai caminhando, estrada bem pavimentada sem deixar de acolitar o protetor de sua biografia, cuja barba bem feitinha é a negação da honra e da verdade.
A saudade que sentimos do fio de barba está na lembrança de figuras expressivas da sociedade, portando conduta irreparável, aureolada de honra e moral que os barbudos e bigodudos de agora não possuem.
José Sarney, bem provável, para escarnecer o povo brasileiro, muito a gosto da tropa Petelula, esnobou luminosa declaração recentemente em referencia feita a uma cirurgia labial superior: "Fiz o possível para salvar o bigode".
Diante do mar de lama em que vive o dono do Maranhão, constantes acusações de escândalos no senado que preside, do enodoado que promove no Congresso Nacional, Sarney deveria, na verdade e em nome da vergonha e tradição do fio de bigode, depilar permanentemente o seu, já nascido imoral.
Garcia Netto
Jornalista