Duas empresas da região de Franca foram adicionadas à "Lista Suja" do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), na semana passada. O cadastro, que elenca empregadores flagrados submetendo trabalhadores a condições análogas à de escravo, agora inclui a Wl Indústria Comércio Serviços de Maquinas e Equipamentos, de Igarapava, e a Bruval Transportes e Serviços Agrícolas Ltda, que opera em Guará e Guaíra.
As inclusões são resultado de ações de fiscalização realizadas ao longo dos últimos anos e revelam violação dos direitos humanos e trabalhistas.
Casos na região
A Wl Indústria Comércio Serviços de Máquinas e Equipamentos foi incluída na lista após uma fiscalização em seu endereço, na rua Francisco Máximo Balieiro, em Igarapava. Na ocasião, segundo o MTE, auditores-fiscais do trabalho constataram a situação irregular e resgataram cinco trabalhadores. A ação que culminou na inclusão da empresa no cadastro foi realizada em 2023.
Já a Bruval Transportes e Serviços Agrícolas Ltda figura na lista em duas ocorrências distintas, ambas referentes a fiscalizações ocorridas em 2024. O primeiro caso, em um endereço na rua José P. Oliveira, em Guará, resultou no resgate de seis trabalhadores. O segundo, de maior proporção, ocorreu na Fazenda Mandu, localizada no quilômetro 147 da rodovia Fábio Talarico, em Guaíra, onde 14 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão, totalizando 20 resgates ligados à empresa.
O que é a 'Lista Suja'?
O Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, popularmente conhecido como "Lista Suja", é uma ferramenta de transparência do governo federal, atualizada semestralmente. A inclusão de um empregador no cadastro ocorre após a conclusão de um processo administrativo, no qual o infrator tem direito à defesa.
As empresas listadas permanecem no cadastro por um período de dois anos. Durante esse tempo, ficam impedidas de obter financiamentos públicos e sofrem restrições comerciais, uma vez que muitas companhias nacionais e internacionais utilizam a lista para avaliar suas cadeias de fornecimento e evitar associação com o trabalho escravo.
As condições que configuram trabalho análogo à escravidão incluem jornadas exaustivas, condições degradantes de trabalho (alojamentos precários, falta de saneamento básico, alimentação inadequada), trabalho forçado e servidão por dívida.
O que dizem as empresas
O portal GCN/Sampi buscou o posicionamento das empresas citadas.
A reportagem tentou contato com a Wl Indústria Comércio Serviços de Maquinas e Equipamentos por telefone e e-mail para obter um posicionamento sobre a inclusão de seu nome na "Lista Suja" e sobre as irregularidades apontadas pelo Ministério do Trabalho, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.
Já Valdecir Monteiro, que se identificou como proprietário da Bruval Transportes, respondeu à reportagem e negou as acusações. Em sua declaração, ele atribuiu a inclusão na lista a uma "armação" motivada pelo crescimento da empresa no mercado.
"Esse negócio que aconteceu aí foi tudo armação. A nossa empresa aqui é uma empresa séria. Isso aí foi uma armação que fizeram com a gente por a gente estar crescendo no mercado, porque a nossa empresa está crescendo no mercado e fizeram uma armação, tanto é que nós temos uma advogada de Franca que está acompanhando isso daí para nos defender e provar que nós somos inocentes", afirmou Monteiro.
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Comentários
1 Comentários
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DOUGLAS ALVES DE OLIVEIRA 13/10/2025Essa foi a lista que o ministro do Trabalho manipulou para que a JBS não fosse inclusa