Apoiar o empreendedor é o seu negócio
Filho de nanoempresários, ele é gerente do escritório regional do Sebrae Bauru, onde ajuda pequenos estabelecimentos a prosperarem
Filho de dono uma nanoempresa de Nova Fátima (PR), onde nasceu, Wilson Nishimura, 55 anos, gerente do Escritório Regional Bauru no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), é familiarizado desde a infância com o mundo dos negócios. Observando a rotina árdua dos pais, Matao e Shigueco (in memoriam), adquiriu dimensão sobre a importância dos estudos e, diante do crescente interesse pelo empreendedorismo, cursou administração de empresas pela Universidade Estadual de Maringá.
Após envolver-se na criação de uma empresa júnior de consultoria na faculdade, Wilson descobriu sua vocação e, há 26 anos, atua no Sebrae, onde ajuda pequenos negócios a prosperarem. Após passagens pelos escritórios de Botucatu, Ourinhos e São Paulo, há sete anos assumiu a gerência em Bauru, que conta com 25 profissionais, cerca de 40 representantes em 37 municípios e 1,9 mil consultores terceirizados.
Casado com Shirley, pai de Letícia e Lívia, cristão e gestor que estimula o fortalecimento das competências de sua equipe, Wilson é pós-graduado em gestão de qualidade e gestão em pequenos negócios, além de possuir formação como conselheiro de administração de grandes empresas. Para ele, o Sebrae é a realização do seu "ikigai", seu propósito de vida: impactar positivamente a sociedade no presente e para o futuro. Leia os principais trechos da entrevista.
JC - Como o universo empresarial entrou na sua vida?
Wilson - Meu pai teve uma nanoempresa de beneficiamento de arroz em Nova Fátima. Ele, minha mãe e um funcionário cuidavam de uma máquina gigantesca e eu, criança, olhava aquilo com admiração. Ele saía cedo para comprar arroz nas propriedades, depois beneficiava, empacotava e vendia nos mercados. Eu ia junto, sem compromisso, porque ele queria que eu estudasse, mas vê-lo se relacionando com as pessoas me influenciou. Também tive influência da minha mãe, que organizava o orçamento doméstico, negociava preços quando comprava coisas para casa. Na quinta série, fui estudar em uma escola particular católica em Cornélio Procópio, onde minha avó e minha tia moravam. Eu era um 'caipira do mato', mas ali convivi com filhos de fazendeiros, de médicos, o que reforçou a base dada por meus pais, de que eu teria de me dedicar aos estudos se quisesse ter uma vida parecida com a daquelas pessoas.
JC - Então, seguiu a orientação de seus pais?
Wilson - Ao terminar o colegial, fui cursar engenharia química na Universidade Estadual de Maringá, mas, depois de dois anos e meio, desisti. Meu pai teve um problema sério de saúde e o pouco recurso que tínhamos foi para pagar a cirurgia de que ele precisou. Isso me fez despertar porque, como estudava em período integral, dependia dos meus pais para me manter. Além disso, eu já era interessado sobre assuntos envolvendo negócios e, quando comecei a namorar minha esposa, que fazia administração de empresas, esse interesse aumentou. Eu era o terceiro melhor aluno da minha turma, mas decidi cursar administração. Orei muito e falei para minha mãe que, se eu não fosse aprovado no vestibular, seria um sinal de Deus para continuar na engenharia. E passei em sétimo lugar.
JC - Conciliou estudo com trabalho?
Wilson - Fazia administração à noite e, no primeiro ano, meu pai teve outra enfermidade. Então, passei a ligar todo dia do orelhão para o Ciee até conseguir uma vaga de estágio remunerado, que foi no estoque do Banco do Brasil, onde fiquei por dois anos. Ainda na faculdade, com apoio dos professores, minha turma juntou-se com a da manhã para montar uma empresa júnior de consultoria, tendência na França. Começamos a fazer projetos para empresas e acabei sendo convidado para trabalhar na RGM Consultoria, que atendia, por exemplo, a Marcopolo. Ali, descobri com o que gostava de trabalhar.
JC - O que motivou a saída do Paraná?
Wilson - Eu me formei, me casei e, na década de 1990, vim morar em Jaú, onde a família da minha esposa vive. Fui trabalhar em Dois Córregos, na Usina Santa Adelaide, hoje do Grupo Raízen, na área de gestão de qualidade e, depois, em gestão de pessoas. Em 1998, o Sebrae estava expandindo e fui contratado como analista no escritório de Botucatu, onde fiquei por sete anos. Paralelamente, passei a dar aulas na Unifac, em Botucatu, na Uninove, em São Manuel, e na Faculdade do Interior Paulista, em Barra Bonita, onde fui coordenador dos cursos no processo de reconhecimento pelo MEC. Na época, também prestei consultoria para grandes empresas do ramo cerâmico.
JC - Como foi o processo de ascensão no Sebrae?
Wilson - Já tinha feito alguns projetos diferenciados que mudaram a realidade de uma cidade ou empresa e tinha construído certa reputação. Depois de prestar concurso para ser gerente, acabei sendo chamado para assumir o escritório de Ourinhos. Depois de quatro anos, fui convidado para ser assessor de diretoria em São Paulo e fui até lá com minha esposa decidido a recusar, porque ficaria distante da família. Mas, no caminho, liguei para nossa mentora espiritual, que me orientou a aceitar, já que eu passaria a ajudar mais pessoas. Fiquei por quatro anos lá e por mais quatro na minha segunda passagem pela gerência em Ourinhos.
JC - Até mudar-se para Bauru? Como tem sido este trabalho?
Wilson - Sim. Estou em Bauru há sete anos. Temos uma rede de atendimento forte em parceria com prefeituras, associações empresariais, o Sistema S, com uma série de programas. Também temos expertise em desenvolver programas para melhorar a performance de pequenos fornecedores de grandes empresas, financiadoras destes projetos, e oferecemos coaching empresarial para formação de líderes entre profissionais do Sebrae. Sempre gostei de ajudar pessoas e, quando entendi que devemos dar à sociedade aquilo que fazemos melhor, foquei minha carreira 100% no Sebrae. Existe uma metodologia japonesa chamada ikigai, sobre entender qual é seu propósito de vida, e tenho no Sebrae grande parte deste propósito por, junto com a equipe, impactar positivamente a sociedade.
O que diz o gerente regional
'Eu era o terceiro melhor aluno da minha turma de engenharia química, mas decidi cursar administração'
'Quando entendi que devemos dar à sociedade aquilo que fazemos melhor, foquei minha carreira 100% no Sebrae'
'Tenho no Sebrae grande parte do meu propósito por, junto com a equipe, impactar positivamente a sociedade'
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