O segundo bloco do debate GCN/Acif marcou o primeiro embate direto entre os candidatos à Prefeitura de Franca. Focado nas propostas, o bloco contou com poucas provocações e tensão entre os políticos, com exceção do embate final, entre Guilherme Cortez (PSOL) e Alexandre Ferreira (MDB)
Durante o bloco, cada um dos nove candidatos respondeu a perguntas feitas pelo apresentador Corrêa Neves Jr. As questões foram formuladas pela equipe de reportagem do GCN/Sampi, com base nas propostas e comentários feitos pelos políticos durante a corrida eleitoral
João Rocha x Alexandre Tabah
Primeiro a responder, João Rocha foi questionado sobre quais medidas fiscais serão tomadas para incentivar a criação de um parque tecnológico para o setor de TI (Tecnologia da Informação) e formação qualificada. Na proposta, ele afirmou que transformará o complexo da antiga Francal em um centro de eventos. “Precisamos ter produção, agregar valores, tecnologia e empregos junto com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) e nossas faculdades”.
Comentando as alegações do liberal, Alexandre Tabah defendeu a instalação de um centro tecnológico de aproximadamente 200 mil m². “Talvez essas empresas que foram instaladas em Franca caíram de paraquedas, mas eu, como empresário, vou atrás de todas as empresas de tecnologia”. O candidato do Novo completou: “hoje o salário de Franca é péssimo, infelizmente”.
João Rocha defendeu que a administração precisa visar o crescimento e desemperrar a prefeitura. “No setor de planejamento tem projetos de loteamento que estão parados há oito ou dez anos. A construção civil sofrendo e chorando, porque precisa e quer investir. Empresário indo embora de Franca e a prefeitura não acolhe”.
Alexandre Tabah x João Rocha
No segundo embate, Alexandre Tabah foi questionado sobre a sua promessa em relação às cirurgias eletivas. Em diversos discursos, o candidato do Novo garantiu que a Santa Casa de Franca é capaz de realizar 10 mil procedimentos a partir do ano que vem. “Um prefeito tem que cuidar da população e eu tenho a facilidade de usar o orçamento para realizar 200 cirurgias mensais a partir do início do ano”.
Em comentário, Guilherme Cortez (PSOL) ridicularizou a promessa do adversário e afirmou que não é mais o momento de investir na Santa Casa, uma vez que “ela não precisa de mais dinheiro público. Vamos fortalecer o SUS e valorizar os profissionais da Saúde”, prometeu.
Ainda durante o bloco, Tabah provocou Cortez ao afirmar que ele pretende difundir a ideologia de gênero se for eleito.
Dr. Ubiali x Jonas Carvalho
Questionado a respeito de seu projeto que cria um alistamento civil, chamado de “Frankenstein” por Guilherme Cortez, Dr. Ubiali disse que a iniciativa tem por objetivo trabalhar com jovens dispensados do Tiro de Guerra, que, de acordo com ele, podem se tornar vulneráveis. O candidato do PSB explicou que os participantes serão profissionalizados e receberão uma bolsa do poder público.
Ubiali também disse que o projeto em questão não tem como objetivo diminuir as diferenças salariais, mas, sim, criar possibilidades para que jovens em vulnerabilidade consigam um emprego. “Em todo lugar onde ele foi implantado, a criminalidade caiu”.
Jonas Carvalho, por outro lado, classificou o projeto como “fantasioso”. De acordo com Jonas, os jovens precisam ser melhor observados e ensinados desde quando são crianças, utilizando, inclusive, o apoio de institutos de ensino federais. Ele sinalizou que a iniciativa de Ubiali seria inviável.
Em resposta, Ubiali disse que a Prefeitura consegue implantar o projeto, criando um “rito de passagem” para os jovens que participarem dele, tornando-os adultos por meio dos ensinamentos militares. “Esse sucesso (do projeto) é absoluto”.
João Scarpanti x Tito Flávio
O candidato João Scarpanti (PCO) respondeu ao jornalista Corrêa Neves Jr. sobre a defesa de um calote geral na dívida pública municipal. A proposta faz parte do plano de governo do candidato, que acredita que a iniciativa colaboraria para a economia do orçamento.
“As prefeituras contratam serviços superfaturados e quem paga é a população mais pobre. Os grandes empresários retiram a maior fatia da produção social e não devolvem nada. Por que seria justo seguir assim?”, questionou.
Durante o comentário, Tito Flávio (PCB) concordou com a ideia do adversário. Segundo ele, mais de 50% dos gastos são destinados para pagar os juros da dívida pública.
O candidato ainda defendeu iniciativas para ampliar o orçamento anual do município, como retomar a formalidade do trabalhador. “A ideia não é aumentar os impostos, mas retirar o trabalhador da informalidade e conseguir que eles sejam registrados. E cobrar de quem tem mais, tem que pagar mais. Quem não tem nada, não tem que pagar nada”, afirmou.
Tito Flávio x João Scarpanti
No quinto embate, Tito Flávio respondeu sobre a criação do projeto de moradia para jovens a partir de 18 anos. Segundo ele, a política habitacional vem sendo negligenciada no município. “Quem mais está pagando o preço é a juventude”, afirmou Tito.
João Scarpanti concordou com a proposta do adversário e defendeu a implementação de outros projetos para a juventude. “A expansão da habitação popular é uma necessidade. É um absurdo que existam pessoas sem uma casa própria. A gente tem pessoas que não tem casa própria nem expectativa. A prefeitura deve sim fornecer isso”, comentou.
Jonas Carvalho x João Rocha
No sexto embate, Jonas Carvalho comentou sobre a falta de informações sobre o parque municipal que pretende construir, por estar “estudando” uma área hábil. Segundo ele, agora, chegou à conclusão de que o equipamento será construído na região Oeste em um prazo de quatro anos. “Pegaríamos aqueles terrenos da prefeitura, que tem interesse comercial, faríamos um leilão e compraríamos essa área. Depois, passaríamos para a iniciativa privada em troca de ela explorar o estacionamento, shows e quiosques”.
Durante o comentário, João Rocha respondeu sobre a tentativa de Jonas de retirar cinco votos de Alexandre em 2024, ao ser enfático: “quero tirar são todos”. O liberal, que aparece na segunda colocação das pesquisas eleitorais, questionou a postura do atual prefeito. “Na abertura, o prefeito atual vislumbrou a possibilidade de resolver a eleição no 1º turno. Não vai acontecer”.
Na tréplica, Jonas abordou a regularização do comércio ambulante na cidade. “Não estou só visualizando a área central. Temos ambulantes pela cidade inteira. São todos irregulares, correndo o risco dos fiscais chegarem e levarem seu ganha pão de todo o dia (...) se eleito for, no primeiro dia vou fazer uma lei para que a gente possa acomodar todas essas pessoas, porque em um futuro bem próximo serão os grandes empresários”.
Mariana Negri x Dr. Ubiali
No sétimo embate, Mariana Negri respondeu sobre seu comportamento de elogiar os projetos dos seus adversários. Segundo ela, as campanhas não são apenas o momento de atacar o adversário, mas também de falar das coisas boas.
“Respeito muito os candidatos que estão aqui. Eu acredito em uma administração mais humana, mais amor, mais afeto, cuidar mais das pessoas, dos idosos, das crianças. A prefeitura não é uma empresa que precisa dar lucro, e sim cuidar do ser humano”, afirmou Mariana.
Ubiali, por sua vez, concordou com a petista ao dizer que a população precisa de atenção e que é preciso fazer mais e que tem experiência para isso. “A cidade tem outros problemas, mas é preciso ter mais atenção com a população”.
Alexandre Ferreira x Mariana Negri
Questionado a respeito dos recursos da economia de Franca, ainda muito impactada pelo poder da indústria calçadista, que tem caído, o atual prefeito Alexandre disse que a arrecadação do município é baixa, o que cria muitas dificuldades.
Ferreira citou algumas verbas obtidas pela Prefeitura em seu mandato e citou parcerias obtidas com políticos, como a deputada estadual Delegada Graciela, cutucando, ainda, o ex-prefeito Gilson de Souza, que não teria aproveitado alguns recursos.
“Eu não quero, não posso e não vou colocar alguém para pagar, daqui a dez anos, uma dívida que eu fiz”, disse o prefeito a respeito da possibilidade de realizar empréstimos.
Mariana Negri, em resposta, diz que a arrecadação de Franca é suficiente, desde que bem administrada, citando possibilidades para aumentar o dinheiro disposto ao município. De acordo com ela, é possível investir na cultura, por exemplo, para obter mais retorno. Ela também criticou o ex-presidente Bolsonaro, que, de acordo com a candidata do PT, não enviou verbas a Franca.
Alexandre, na volta, citou obras realizadas durante seu governo e disse que o setor calçadista de Franca funcionou bem durante seus mandatos anteriores, finalizando dizendo que o desafio atual é aumentar os salários recebidos pelos funcionários.
Guilherme Cortez x Alexandre Ferreira
O embate final, entre Guilherme Cortez e Alexandre Ferreira, marcou o momento de maior tensão do segundo bloco do debate. Durante a resposta, o candidato do PSOL comentou sobre como pretende conduzir seus projetos de tarifa zero e municipalização do serviço de água, após a privatização da Sabesp.
Sobre a tarifa zero, Cortez afirmou que o projeto “não é um bicho papão”. “Já temos mais de cem cidades que implementaram o projeto, como Assis e Calcária. O que não dá é seguir com a calamidade do transporte público”.
Em relação ao tratamento de água, o candidato provocou o atual prefeito. “Ano passado, fui o deputado que mais lutou contra a mobilização do governador Tarcísio. Infelizmente, o atual prefeito apoiou esse movimento. A minha prioridade vai ser manter o emprego dos sabespianos e garantir que o serviço siga com a mesma qualidade”.
Durante a resposta, Alexandre criticou a fala de Cortez e afirmou que fez o necessário para manter a qualidade do serviço de água em Franca. “O candidato fala, fala e fala, mas só faz barulho”.
Por fim, Cortez afirmou: “Você decepcionou os trabalhadores da Sabesp, quando apoiou por um motivo mesquinho a privatização. Você se gaba em ser um bom gestor, mas está faltando muito para você".
Cobertura
Participam da cobertura do debate GCN/Acif os repórteres Bruna Góis, Hevertom Talles, Higor Goulart, Lucas Faleiros, N. Fradique, Pedro Baccelli e Verônica Andrean, do portal GCN/Sampi.
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Comentários
1 Comentários
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Valeska 04/10/2024Valeu Tito Flávio ,qualquer cidadão candidato ou não ,independente de cor , sexo , religião ou classe social que ainda tem como referência Jair Bolsonaro ,ou é muito idiota , mal informado ,ou não tem caráter mesmo