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NOSSAS LETRAS
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Tristes no circo Feliz
Tristes no circo Feliz
O elefante triste do circo Feliz não foge do picadeiro porque sempre esteve preso, desde muito pequeno, a uma fina estaca de madeira. Leia o artigo de Baltazar Gonçalves.
O elefante triste do circo Feliz não foge do picadeiro porque sempre esteve preso, desde muito pequeno, a uma fina estaca de madeira. Leia o artigo de Baltazar Gonçalves.
Por Baltazar Gonçalves | 28/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para o GCN/Sampi
Por Baltazar Gonçalves
Especial para o GCN/Sampi
28/10/2023 - Tempo de leitura: 3 min

O elefante triste do circo Feliz não foge do picadeiro porque sempre esteve preso, desde muito pequeno, a uma fina estaca de madeira. A estaca certamente era forte para ele quando era filhote. Depois de muito tentar escapar, o elefante se entregou à sua impotência, acostumou-se e desistiu da liberdade. Depois de adulto, ele não se tenta soltar pois acredita que não pode. Como não questiona sua condição, o animal permanece a vida toda preso, condicionado ao seu paradigma de prisão. Assim como o elefante, a maioria das pessoas está presa e nem sabe que está triste no circo Feliz.
Que eu seja ou me sinta livre incomoda o outro. Mesmo que por puro fingimento poético, estar fora do lugar comum por um segundo e denunciar a prisão em que estamos só porque sai de mim a notar a luz no mundo. Fazer ponte, ser ponte. Diluir-me porque posso e não porque querem. Tornar-me diverso e ainda único, menos fragmentado num raro momento de desbrutalecimeto.
Porque todo dia é sagrado, queria ter um poema pronto para cada dia santo, e um poema profano só para intercalar. Seriam dois poemas por dia, talvez 2 por hora ou 2 a cada instante de respiração. Respiraria poesia 24 horas 7 dias da semana até que o herege e o santo comungassem o orgulho de ser gente livre na mesma bandeira.
Mas é bom deixar claro, para o estúpido liberdade é vago motivo: o vácuo, imbróglio, corpo embrulhado em corte abstrato. Contudo, liberdade é rasgo aberto na periferia do estrago, por isso sentir-se livre é como levitar suspenso no tempo depois de abrir os olhos. Amar é bom, sempre é. Amar sem controle desgoverna, ninguém espera se perder tanto mas deseja. Só amou quem já perdeu, o resto é achado troca escambo. Respeito é bom, mas não tem nada com isso. Te quero só pra mim, não vivo sem você. Autoengano relevante tem sabor. Toda forma de amor é abstração de quem ama. Ser amado é melhor que amar, mas não sacia o desejo nefasto de possuir. Porque amar é também uma forma de controlar, ter quem se ama é a ilusão ácida, doce como sonho de padaria que uma hora dessas você lembra ter guardado e já está passado com gosto azedo.
Ninguém pode ser de alguém completamente por muito tempo. Uma hora a grade se rompe e o pássaro foge da gaiola. Só as mães exercem controle por tanto tempo, algumas preferem os filhos sem vida a permitir-lhes que vivam suas escolhas. É triste, mas acontece o tempo todo. Meu filho não merece isso, meu filho aquilo. Em alguns casos o laço é tão firme e forte e danoso que se afunda junto no pântano do controle pais e filhos. Os amantes que despertam da possessão acordam para amar de novo. Amor verdadeiro que te leva à beira da loucura só uma vez na vida. A ilusão da liberdade se repete, somos parecidos, uns e outros carentes e todos de alguma forma solitários até que se prove o contrário; precisamos acreditar que não chegaremos no fim previsto sozinhos como aquele elefante triste no circo Feliz.
Baltazar Gonçalves é historiador e membro da Academia Francana de Letras, está lançando “ALBERGUE DE GIRASSÓIS”, seu 5º livro pela Editora Kotter
O elefante triste do circo Feliz não foge do picadeiro porque sempre esteve preso, desde muito pequeno, a uma fina estaca de madeira. A estaca certamente era forte para ele quando era filhote. Depois de muito tentar escapar, o elefante se entregou à sua impotência, acostumou-se e desistiu da liberdade. Depois de adulto, ele não se tenta soltar pois acredita que não pode. Como não questiona sua condição, o animal permanece a vida toda preso, condicionado ao seu paradigma de prisão. Assim como o elefante, a maioria das pessoas está presa e nem sabe que está triste no circo Feliz.
Que eu seja ou me sinta livre incomoda o outro. Mesmo que por puro fingimento poético, estar fora do lugar comum por um segundo e denunciar a prisão em que estamos só porque sai de mim a notar a luz no mundo. Fazer ponte, ser ponte. Diluir-me porque posso e não porque querem. Tornar-me diverso e ainda único, menos fragmentado num raro momento de desbrutalecimeto.
Porque todo dia é sagrado, queria ter um poema pronto para cada dia santo, e um poema profano só para intercalar. Seriam dois poemas por dia, talvez 2 por hora ou 2 a cada instante de respiração. Respiraria poesia 24 horas 7 dias da semana até que o herege e o santo comungassem o orgulho de ser gente livre na mesma bandeira.
Mas é bom deixar claro, para o estúpido liberdade é vago motivo: o vácuo, imbróglio, corpo embrulhado em corte abstrato. Contudo, liberdade é rasgo aberto na periferia do estrago, por isso sentir-se livre é como levitar suspenso no tempo depois de abrir os olhos. Amar é bom, sempre é. Amar sem controle desgoverna, ninguém espera se perder tanto mas deseja. Só amou quem já perdeu, o resto é achado troca escambo. Respeito é bom, mas não tem nada com isso. Te quero só pra mim, não vivo sem você. Autoengano relevante tem sabor. Toda forma de amor é abstração de quem ama. Ser amado é melhor que amar, mas não sacia o desejo nefasto de possuir. Porque amar é também uma forma de controlar, ter quem se ama é a ilusão ácida, doce como sonho de padaria que uma hora dessas você lembra ter guardado e já está passado com gosto azedo.
Ninguém pode ser de alguém completamente por muito tempo. Uma hora a grade se rompe e o pássaro foge da gaiola. Só as mães exercem controle por tanto tempo, algumas preferem os filhos sem vida a permitir-lhes que vivam suas escolhas. É triste, mas acontece o tempo todo. Meu filho não merece isso, meu filho aquilo. Em alguns casos o laço é tão firme e forte e danoso que se afunda junto no pântano do controle pais e filhos. Os amantes que despertam da possessão acordam para amar de novo. Amor verdadeiro que te leva à beira da loucura só uma vez na vida. A ilusão da liberdade se repete, somos parecidos, uns e outros carentes e todos de alguma forma solitários até que se prove o contrário; precisamos acreditar que não chegaremos no fim previsto sozinhos como aquele elefante triste no circo Feliz.
Baltazar Gonçalves é historiador e membro da Academia Francana de Letras, está lançando “ALBERGUE DE GIRASSÓIS”, seu 5º livro pela Editora Kotter
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Patricio da Silva Sousa
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29/10/2023