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SAUDADES
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Luto sem nome: quando pais precisam lidar com a perda de seus filhos
Luto sem nome: quando pais precisam lidar com a perda de seus filhos
Famílias de Franca contam como lidam com a morte de seus filhos: 'O que nos mantém de pé é a nossa fé'.
Famílias de Franca contam como lidam com a morte de seus filhos: 'O que nos mantém de pé é a nossa fé'.
Por Jéssica Reis | 07/09/2023 | Tempo de leitura: 5 min
da Redação
GCN/Rede Sampi
Por Jéssica Reis
da Redação
07/09/2023 - Tempo de leitura: 5 min
GCN/Rede Sampi
Arquivo Pessoal

O ser humano sempre criou um termo que nomeia a perda de algum parente amado. Um marido que perde a mulher é viúvo, filhos que perdem os pais são órfãos. E quando os pais perdem os filhos? Quando a morte foge das leis naturais, como lidar com a partida, com a dor e com ausência? O luto parental é pouco debatido, mas vivenciado por muitas famílias.
O GCN/Sampi conversou com pais que, cada um do seu jeito, passam por esse momento. A reportagem também ouviu psicólogos que falam sobre como lidar com a dor da morte de um filho.
Uma curta vida cheia de luz
Laura Cunha Costa, a caçula de quatro irmãos, tinha 8 anos quando sofreu um acidente, ao cair de um cavalo. “Laurinha ela era apaixonada por animais. Era uma criança iluminada. E desde o acidente, não saí do seu lado por nenhum momento, queria que ela soubesse o quanto era amada. Rezamos e esperamos por um milagre, que não foi como imaginamos, mas nossa fé nos manteve firmes”, disse a professora Solange Cunha, de 41 anos, mãe de Laurinha.
A mãe diz que sente falta de ouvir a filha declarar seu amor. “Ela dizia ‘Mamãe, te amo muito. Você é a melhor mãe do mundo’, e me abraçava em seguida. Essas memórias ficam. Laurinha deixou muitas histórias, ela era especial e intensa. Perder ela foi e é nossa maior dor. O que nos mantém de pé é a nossa fé”, disse a mãe.
Para Solange, a filha sempre estará viva. “Não é fácil, tem dias que choro de saudade. Mas, depois, enxugo as lágrimas e sigo em frente, porque ela cumpriu a missão dela aqui, e a minha ainda não terminou. Nossa fé e amor mantêm ela viva em nossos corações”, destacou.
Infinitos dias numerados
Cecília Valério de Castro, quando nasceu, em janeiro de 2023, foi diagnosticada com Síndrome de Edwards. Especialistas dizem que essa é uma síndrome não compatível com a vida, mas os 193 dias em que ela esteve com seus pais mostraram ao contrário.
Filha do jornalista Kaique Castro, Cecília foi aguardada e amada desde que souberam de sua existência. “Todos os dias, eu dizia para ela o quanto ela era amada. Vivemos cada um dos seus dias grudados. Cada troca, cada banho, cada cochilo, cada olhar dela estão guardados em mim. Saber que amamos ela infinitamente e que dizíamos isso para ela é algo que significa muito”, contou o pai.
Cecília partiu no dia 12 de agosto e, desde então, seus pais e família vivem aos poucos a cada dia. “Tenho certeza que a maior dor que senti na minha vida foi enterrar a minha filha. Não dá para explicar. Mas sabemos que precisamos seguir. Ela cumpriu o tempo que tinha para estar conosco. Me apego sempre nela, na bravura e coragem dela. Na Manu, minha outra filha, e na minha esposa Sthephany. Só juntos vamos conseguir reconstruir nossos dias”, destacou Kaique.
A forma como cada um lida com sua dor é única. “Sinto falta dela em todo o dia, mas há alguns horários específicos, como quando saía o boletim médico, na hora do banho, à noite quando íamos dormir abraçados, tudo isso me faz falta, mas também me faz ser forte. Saber que tivemos a Cecília em nossas vidas faz com que saibamos que somos sortudos”, finalizou.
Uma partida e um grande propósito
Pablo Henrique Barbosa de Carvalho nasceu em 14 de janeiro, Dia Internacional da Pipa, que, curiosamente, era um dos seus brinquedos favoritos. Seu sonho era voar, como as pipas. O menino carismático e sorridente partiu precocemente. No dia 25 de junho de 2018, com apenas 6 anos, ele morreu, em casa. Pablo sofria de uma cardiopatia grave.
Depois de cinco anos de sua partida, Pablo dá nome a um instituição que acolhe famílias enlutadas, crianças com cardiopatia e comorbidades. O projeto foi idealizado por seus pais, Jefferson de Carvalho e Najara Cristina Barbosa Carvalho, que também são pais da Maria Clara e Mariana. Eles viram a possibilidade de transformar a dor em superação e uma forma de ajudar o próximo.
O Instituto Pablo Henrique nasceu no dia 25 de junho de 2020, após dois anos da morte do garoto. “Só fica de luto quando sentimos que perdemos alguém, algo, e nunca perdemos, pois nada é nosso, e ele sempre estará comigo, não fisicamente, mas em meu coração, em cada um que chega até mim e sai com um sorriso, sai aliviado, e que não não esperamos um milagre, que todos nós já somos um milagre”, contou o pai, emocionado.
O Instituto Pablo Henrique é uma instituição sem fins lucrativos, que tem como missão acolher, apoiar e ajudar pessoas em luto e perdas, e crianças adolescentes com comorbidades permanentes e terminais, e também com qualquer vulnerabilidade.
Quem se interessar pelo projeto, mantido com 95% de recursos próprios da família e apenas 5% com recursos públicos, pode realizar doações de R$ 10 e se tornar um amigo pipa, entrando em contato pelo site neste link ou realizando doações no pix da instituição CNPJ 38.374.398/0001-07.
Processo de luto
A psicóloga Isabel Taveira Alves, de 26 anos, atualmente trabalha na Clínica Amplitude, mas durante sua formação realizou um estudo sobre o processo do luto. “O sofrimento psíquico acarretado pela perda de um ente querido e as formas de lidar com a perda ainda são temas pouco estudados nos dias atuais. O processo de luto, quando não ocorre de forma saudável, está relacionado, muitas vezes, ao desenvolvimento de sintomas depressivos. Por outro lado, recursos de enfrentamento, normalmente disponíveis no contexto familiar, estão relacionados a uma elaboração saudável do luto”, explica.
Para ela, durante seus estudos, foi perceptível a dificuldade que as pessoas têm em falar sobre seus lutos. “Tivemos complicações com a falta de participantes dispostos a falar. Porém, conseguimos perceber que há em cada indivíduo uma forma de lidar com o luto, seja ele apegando a fé, ações sociais, projetos, todos são ferramentas para superar. Todos em algum momento percebem a transformação da dor em saudade, memória e lembrança. Mas vale ressaltar, que é necessário se manter em uma rede de apoio. E não se permitir mergulhar na dor, na falta, para que uma depressão não domine esse processo. A busca por ajuda, algumas vezes profissional, é essencial”, concluiu.
O ser humano sempre criou um termo que nomeia a perda de algum parente amado. Um marido que perde a mulher é viúvo, filhos que perdem os pais são órfãos. E quando os pais perdem os filhos? Quando a morte foge das leis naturais, como lidar com a partida, com a dor e com ausência? O luto parental é pouco debatido, mas vivenciado por muitas famílias.
O GCN/Sampi conversou com pais que, cada um do seu jeito, passam por esse momento. A reportagem também ouviu psicólogos que falam sobre como lidar com a dor da morte de um filho.
Uma curta vida cheia de luz
Laura Cunha Costa, a caçula de quatro irmãos, tinha 8 anos quando sofreu um acidente, ao cair de um cavalo. “Laurinha ela era apaixonada por animais. Era uma criança iluminada. E desde o acidente, não saí do seu lado por nenhum momento, queria que ela soubesse o quanto era amada. Rezamos e esperamos por um milagre, que não foi como imaginamos, mas nossa fé nos manteve firmes”, disse a professora Solange Cunha, de 41 anos, mãe de Laurinha.
A mãe diz que sente falta de ouvir a filha declarar seu amor. “Ela dizia ‘Mamãe, te amo muito. Você é a melhor mãe do mundo’, e me abraçava em seguida. Essas memórias ficam. Laurinha deixou muitas histórias, ela era especial e intensa. Perder ela foi e é nossa maior dor. O que nos mantém de pé é a nossa fé”, disse a mãe.
Para Solange, a filha sempre estará viva. “Não é fácil, tem dias que choro de saudade. Mas, depois, enxugo as lágrimas e sigo em frente, porque ela cumpriu a missão dela aqui, e a minha ainda não terminou. Nossa fé e amor mantêm ela viva em nossos corações”, destacou.
Infinitos dias numerados
Cecília Valério de Castro, quando nasceu, em janeiro de 2023, foi diagnosticada com Síndrome de Edwards. Especialistas dizem que essa é uma síndrome não compatível com a vida, mas os 193 dias em que ela esteve com seus pais mostraram ao contrário.
Filha do jornalista Kaique Castro, Cecília foi aguardada e amada desde que souberam de sua existência. “Todos os dias, eu dizia para ela o quanto ela era amada. Vivemos cada um dos seus dias grudados. Cada troca, cada banho, cada cochilo, cada olhar dela estão guardados em mim. Saber que amamos ela infinitamente e que dizíamos isso para ela é algo que significa muito”, contou o pai.
Cecília partiu no dia 12 de agosto e, desde então, seus pais e família vivem aos poucos a cada dia. “Tenho certeza que a maior dor que senti na minha vida foi enterrar a minha filha. Não dá para explicar. Mas sabemos que precisamos seguir. Ela cumpriu o tempo que tinha para estar conosco. Me apego sempre nela, na bravura e coragem dela. Na Manu, minha outra filha, e na minha esposa Sthephany. Só juntos vamos conseguir reconstruir nossos dias”, destacou Kaique.
A forma como cada um lida com sua dor é única. “Sinto falta dela em todo o dia, mas há alguns horários específicos, como quando saía o boletim médico, na hora do banho, à noite quando íamos dormir abraçados, tudo isso me faz falta, mas também me faz ser forte. Saber que tivemos a Cecília em nossas vidas faz com que saibamos que somos sortudos”, finalizou.
Uma partida e um grande propósito
Pablo Henrique Barbosa de Carvalho nasceu em 14 de janeiro, Dia Internacional da Pipa, que, curiosamente, era um dos seus brinquedos favoritos. Seu sonho era voar, como as pipas. O menino carismático e sorridente partiu precocemente. No dia 25 de junho de 2018, com apenas 6 anos, ele morreu, em casa. Pablo sofria de uma cardiopatia grave.
Depois de cinco anos de sua partida, Pablo dá nome a um instituição que acolhe famílias enlutadas, crianças com cardiopatia e comorbidades. O projeto foi idealizado por seus pais, Jefferson de Carvalho e Najara Cristina Barbosa Carvalho, que também são pais da Maria Clara e Mariana. Eles viram a possibilidade de transformar a dor em superação e uma forma de ajudar o próximo.
O Instituto Pablo Henrique nasceu no dia 25 de junho de 2020, após dois anos da morte do garoto. “Só fica de luto quando sentimos que perdemos alguém, algo, e nunca perdemos, pois nada é nosso, e ele sempre estará comigo, não fisicamente, mas em meu coração, em cada um que chega até mim e sai com um sorriso, sai aliviado, e que não não esperamos um milagre, que todos nós já somos um milagre”, contou o pai, emocionado.
O Instituto Pablo Henrique é uma instituição sem fins lucrativos, que tem como missão acolher, apoiar e ajudar pessoas em luto e perdas, e crianças adolescentes com comorbidades permanentes e terminais, e também com qualquer vulnerabilidade.
Quem se interessar pelo projeto, mantido com 95% de recursos próprios da família e apenas 5% com recursos públicos, pode realizar doações de R$ 10 e se tornar um amigo pipa, entrando em contato pelo site neste link ou realizando doações no pix da instituição CNPJ 38.374.398/0001-07.
Processo de luto
A psicóloga Isabel Taveira Alves, de 26 anos, atualmente trabalha na Clínica Amplitude, mas durante sua formação realizou um estudo sobre o processo do luto. “O sofrimento psíquico acarretado pela perda de um ente querido e as formas de lidar com a perda ainda são temas pouco estudados nos dias atuais. O processo de luto, quando não ocorre de forma saudável, está relacionado, muitas vezes, ao desenvolvimento de sintomas depressivos. Por outro lado, recursos de enfrentamento, normalmente disponíveis no contexto familiar, estão relacionados a uma elaboração saudável do luto”, explica.
Para ela, durante seus estudos, foi perceptível a dificuldade que as pessoas têm em falar sobre seus lutos. “Tivemos complicações com a falta de participantes dispostos a falar. Porém, conseguimos perceber que há em cada indivíduo uma forma de lidar com o luto, seja ele apegando a fé, ações sociais, projetos, todos são ferramentas para superar. Todos em algum momento percebem a transformação da dor em saudade, memória e lembrança. Mas vale ressaltar, que é necessário se manter em uma rede de apoio. E não se permitir mergulhar na dor, na falta, para que uma depressão não domine esse processo. A busca por ajuda, algumas vezes profissional, é essencial”, concluiu.
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Patrícia
07/09/2023