DIA DA ADOÇÃO

Fila de espera para adoção de filhos em Franca inclui casados, solteiros e união estável

Além de 59 casados, três solteiros e cinco em união estável esperam a vez de realizar o sonho de adotar um filho; coordenadora do grupo de apoio à adoção comenta o assunto.

Por Jéssica Reis | 25/05/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da redação

Arquivo pessoal

A professora Jailda Silva e seu filho caçula; e a manicure Luciana Reis Balbuino e sua pequena Helena
A professora Jailda Silva e seu filho caçula; e a manicure Luciana Reis Balbuino e sua pequena Helena

O Dia Nacional da Adoção é celebrado nesta quinta-feira, 25. Franca atualmente conta com abrigos para o acolhimento de crianças e adolescentes que esperam um novo lar, mas o longo processo burocrático e a falta de informação podem atrapalhar os candidatos a pais, assim como os candidatos a filhos.

Atualmente, segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento do Conselho Nacional de Justiça, em Franca há 67 pessoas na fila de espera para adotar. São três pessoas solteiras, cinco em união estável e 59 casadas. Desses, 18 querem crianças com até dois anos, 30 aceitam crianças até quatro anos, onze aceitam crianças até seis anos e seis aceitam crianças até oito anos. Apenas um candidato para pai adotivo se habilita a aceitar crianças de dez a 12 anos e nenhum em Franca está disponível para adotar adolescentes de 14 a 20 anos. Desse total, 47 querem apenas uma criança e 20 aceitam duas crianças, como, por exemplo, irmãos.

Em Franca, há abrigos responsáveis pelo acolhimento de crianças e adolescentes. Mas nem todas que estão nos abrigos estão disponíveis para adoção. “Alguns esperam decisão judicial para definir se vão para adoção, ou se retornam para sua família biológica. Outras estão apenas aguardando a reestruturação da família biológica para voltarem a residir com a família biológica. Enfim, são vários casos e muito específicos”, disse Marcella Del Sasso, coordenadora do Grupo de Apoio a Adoção de Franca (Gaaf).

O grupo Gaaf existe há mais de 20 anos, mas permaneceu desativado por um tempo. “Atualmente, eu sou a coordenadora. Assumi o cargo há quase três anos. Cheguei a conversar com antigos membros do Gaaf, e eles me contaram que o grupo ficou desativado por não ter lugar para reuniões. E quando decidi me unir a eles, começou a pandemia, e resolvemos fazer as reuniões online. A partir daí, assumi o grupo e organizo as reuniões mensais. Antigamente, era online por conta da pandemia. Hoje em dia, um salão de festas empresta para a gente o local uma vez por mês para realizarmos as reuniões”, explicou.

Marcella diz que se aproximou da causa durante a faculdade, quando o seu trabalho de conclusão de curso foi sobre adoção. “Realizamos um documentário, contando histórias de adoção tardia, adoção de crianças pretas e de crianças deficientes, com o objetivo de conscientizar as pessoas, pois esses grupos são os menos escolhidos pelos pretendentes à adoção. Então foi uma forma que encontramos de falar sobre essas crianças, e sobre os nós que existem para adotá-las, tanto pelo preconceito, tanto pelo processo da adoção como um todo”, contou.

Para adotar
A coordenadora do Gaaf explica um pouco sobre o processo de se candidatar para adoção. “O indicado para quem deseja adotar é preencher o pré-cadastro no site do CNJ. Depois, no processo de avaliação essas respostas podem ser alteradas, é somente um pré-cadastro mesmo. Posteriormente o candidato deve procurar a Vara da Infância e Juventude, levando os documentos indicados no site, e lá eles vão passar o resto da documentação específica que será necessária para que a pessoa possa se candidatar à adoção. A partir daí serão feitas avaliações e análises para que essa pessoa entre para o Sistema Nacional de Adoção. Lembrando que para adotar, pode ser qualquer pessoa a partir de 18 anos independente do estado civil”, explicou Marcella.

História de amor
Muitas famílias optam pela adoção quando descobrem não poder gerar filhos biológicos. Para elas, o encontro com os filhos do coração é uma dádiva. Foi o que aconteceu com a professora Jailda Silva Valle, de 57 anos, quando ela e o marido descobriram que não poderiam ter filhos biológicos e foram buscar a adoção. “Fizemos o processo via fórum, isso há 23 anos, então acredito que o processo esteja diferente. Antigamente, podíamos cadastrar em várias comarcas, agora é uma fila única. Tudo muito burocrático. Mas hoje, somos felizes com nossos dois filhos, um de 22 anos e o meu caçula de 19 anos. São os amores da minha vida”, contou a professora.

O processo de adoção mesmo com adequações continua lento. Exemplo disso é o caso de Luciana Reis Balbino Amaro, que tem 43 anos e trabalha como manicure e depiladora. Ela chegou a ficar quatro anos na fila. "Concordo que alguns trâmites são necessários, mas acho que o processo deveria ser mais rápido. Esperei por quatro anos para ter minha Helena nos braços, claro que valeu cada segundo, mas isso poderia ter sido mais rápido”, explicou.

Luciana sempre sonhou em ser mãe, porém não conseguiu pelos meios biológicos, então foi na adoção que ela encontrou a alternativa de realizar seu sonho. “Helena chegou no ano da pandemia, em 2020, foi um presente. Ela veio com quatro meses, e agora em junho já completa três anos. Tivemos uma adaptação tranquila, de muita entrega e reciprocidade. Até hoje nossa relação é de muito carinho, aprendizado e respeito”, destacou a mãe de Helena, que revelou estar na fila para adotar um irmãozinho para a pequena.

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