SAÚDE

Jovem de Franca é diagnosticada com doença reconhecida pela OMS em 2018

Lipedema, uma doença silenciosa e que pode ser confundida com outras patologias, consiste em acúmulo de gordura atípica em partes do corpo como pernas e braços.

Por Jéssica Reis | 11/03/2023 | Tempo de leitura: 4 min
da Redação
Sampi/Franca

Arquivo Pessoal

Tuane Facirolli: em 2020 descobriu ter lipedema, uma doença recém reconhecida pela OMS
Tuane Facirolli: em 2020 descobriu ter lipedema, uma doença recém reconhecida pela OMS

Se você tem um acúmulo de gordura atípica nas pernas ou braços e acha que pode ser apenas gordura, na verdade você pode ter lipedema. A doença, reconhecida em 2018 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), afeta quase exclusivamente as mulheres e muitas vezes é confundida em seu diagnóstico com outras patologias. E só entrou para a CID (Classificação Internacional de Doenças) em janeiro de 2021.

E foi no susto que a assistente operacional Tuane Facirolli, de 27 anos, descobriu essa doença. "O diagnóstico não foi fácil. É uma doença pouco conhecida. Uma vez estava assistindo a vídeos no YouTube e me deparei com uma menina de 17 anos que estava fazendo uma vaquinha para poder fazer a cirurgia. Ela era bem magra do tronco para cima, e as pernas bem inchadas, o que me acendeu um alerta de que eu poderia ter a mesma coisa", contou.

A doença desconhecida passou a ser uma possibilidade para a francana. "Fui a alguns médicos, mas nenhum me disse ao certo o que eu poderia ter. Então, essa busca por respostas ou tratamento foi difícil de conseguir. Mas conheci em 2020 o Instituto Lipedema Brasil, onde o cirurgião plástico Fábio Kamamoto faz tratamento dessa doença e fiz uma consulta. Foi onde consegui ter mais informações e orientações sobre o lipedema", explicou.

Há mais de 10 anos, o idealizador do instituto, o médico Fabio Kamamoto, recebeu a primeira paciente com a queixa de dor nas pernas e uma gordura com textura diferente. Na época, a patologia era pouco conhecida, com raros relatos na literatura médica. Mesmo assim, ele continuou a sua pesquisa, até entender que o tratamento cirúrgico resulta em diminuição do volume das pernas, melhorando os sintomas de peso e dor. E passou a ser um divulgador da doença e seus possíveis tratamentos ou atenuantes.

O lipedema causa um desequilíbrio entre as diferentes partes do corpo, e à medida que a condição ganha intensidade, surgem outros sintomas mais pronunciados que reduzem consideravelmente o bem-estar do paciente. As causas exatas do lipedema não são ainda totalmente conhecidas. No entanto, algumas pesquisas sugerem que existe o fator hormonal. Além disso, a genética dá a sua contribuição para o surgimento da doença e a alimentação rica em carboidratos, açúcar e carne vermelha pode agravar o caso.

"O lipedema é o nome que se dá ao quadro de deposição anormal de gordura em glúteos, pernas, braços e coxas e que pode vir acompanhada por edema, inchaço comum como em que fica em pé o dia todo ou até mesmo parada numa mesma posição", explicou Tuane, que após seu diagnóstico passou a estudar sobre a doença.

Ela ainda explica que existem dois tipos de tratamento: o conservador, que é por meio de uma dieta e exercícios, o que ajuda na desinflamação das células de gordura doentes e a diminuir a dor. E o método cirúrgico, que é uma lipo, mas diferente para as regiões afetadas.

Ambos os tratamentos são complicados de serem realizados financeiramente. "O tratamento conservador não é fácil, é preciso muita disciplina e estar com o psicológico pronto para aquilo. O tratamento por cirurgia é bem caro, isso é um impasse também."

Além disso, a doença causa transtornos emocionais e até psicológicos para os pacientes. "Desde muito nova, vejo que minhas pernas diferem, então o emocional sempre foi um ponto complicado por conta da autoestima. Afeta demais", conta Facirolli.

Ela ainda destaca outras questões causadas pela doença. "Isso com o tempo, atrapalhará na mobilidade também. Em casos extremos é possível não conseguir se locomover mais. Então existe toda uma questão. É possível sim conviver, cuidar, mas quem é portador de lipedema vive uma briga com a balança e as dores que a doença causa", desabafou.

Mas agora, após o início do tratamento, Tuane diz que tem uma nova perspectiva sobre qualidade de vida. "Sobre a dieta, ela é ótima não só para quem tem lipedema, mas para quem precisa perder peso. E não só isso, a desintoxicação de conservantes, farinha branca e até mesmo de carne vermelha é a chave para poder conviver com a doença. A inflação causa dor, desconforto e o inchaço são incômodos ao fim do dia. Fora o peso que as pernas são. Agora, a doença está bem exposta, ainda bem que existem mais informações sobre. E assim a identificação é mais rápida", disse ela.

"Com a movimentação na internet sobre o lipedema, a conscientização sobre a doença ficou muito mais acessível. Muitas mulheres são julgadas e culpadas por não conseguirem perder peso, por não ver os números diminuírem e são taxadas de incapazes. Isso me deu um alívio muito grande de saber que não é preguiça, não é procrastinação", concluiu ela. "É uma doença que precisa ser tratada. O diagnóstico, por difícil que seja, traz um alívio da culpa, mas com ele muita responsabilidade de se cuidar e viver da melhor forma possível".

Tuane ainda usa suas redes sociais para explicar sobre a doença e sobre seu processo de tratamento. Para acompanhar basta segui-la no Instagram.

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3 COMENTÁRIOS

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  • Vanilda
    17/03/2023
    Minha sobrinha tem essa doença faz muitos anos Criou uma bola de 5kl na perna.
  • Rosângela Bis
    13/03/2023
    Tenho minhas pernas enormes. Faço dietas e do emagreço do quadril ora cima entro em desespero pois a dor é muita. Quem sabe agora eu consiga acompanhar w resolver um pouco das minhas dores.
  • Angela
    11/03/2023
    Tbm tenho lipedema..estava aposentada..me tiraram..pois não estou em tratamento..e tenho que trabalhar..com as pernas inchadas..