DEPOIMENTO

Daniel Alves se contradiz e afirma que recebe um décimo do que realmente ganha

Juiz que fazia oitiva com o jogador tinha contrato com clube mexicano em mãos

27/01/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Agência O Globo

Reprodução/Facebook/Dani Alves

Denunciante se recusou a receber qualquer tipo de indenização caso o jogador for condenado
Denunciante se recusou a receber qualquer tipo de indenização caso o jogador for condenado

O brasileiro Daniel Alves está preso na Espanha há uma semana, acusado de agressão sexual contra uma mulher, que denunciou o atleta. O caso ocorreu em dezembro do ano passado, em uma boate na cidade de Barcelona, e foi revelado após o depoimento da vítima. Ao dar sua versão, o jogador foi pego em contradições, mudando as versões apresentadas à polícia, o que o levou à prisão preventiva.

A mais recente delas foi divulgada nesta sexta-feira pelo jornal espanhol Sport. Segundo a publicação, ao ser perguntado pelo juiz quanto recebia de salário no Pumas, clube que defendia mas teve o contrato rescindido após a divulgação das acusações, o lateral afirmou que ganhava 30 mil euros por mês (cerca de R$ 166 mil).

O juiz que fazia a oitiva com o jogador, no entanto, em posse do contrato em questão, questionou se não seria, na verdade, 300 mil euros (cerca de R$ 1,6 milhão) mensais.

“Quer dizer 300 mil euros. Estou com o contrato aqui”, questiona o magistrado. O jogador se corrige e segue o depoimento.

Outras contradições
Segundo o jornal “El Periodico”, de Barcelona, o jogador mudou sua versão sobre o caso em depoimento ao Tribunal de Justiça, o que não caiu bem para o júri. Dias antes, havia alegado desconhecer a vítima à polícia e em entrevista a um programa espanhol. No depoimento, porém, teria afirmado que houve a relação, mas alega que foi consensual. Segundo a rádio espanhola “Cadena Ser”, a defesa do jogador pede um novo depoimento.

O caso ocorreu na casa noturna Sutton, em 30 de dezembro do ano passado. O local é famoso por ser um ambiente tido como luxuoso, sendo frequentado por “clientes sofisticados”.

A vítima contou que estava dançando na festa que acontecia na boate junto de outros amigos dela, quando foi abordada por Daniel Alves. Segundo o depoimento dado pela vítima, o lateral se apresentou como um homem chamado "Dani" e que "jogava petanca no Hospitalet, município da Espanha". No entanto, os amigos mexicanos da vítima teriam reconhecido o jogador. O lateral chegou bem perto deles e os tocou.

Em seguida, teria ficado atrás da vítima, falando em português, até o momento em que agarrou a mão dela com força e levado até seu pênis, o que teria se repetido duas vezes diante da resistência da mulher.

Após a primeira abordagem, o jogador teria levado a mulher até o banheiro e a impedido de sair. No local, Daniel Alves teria sentado no vaso sanitário, puxando o vestido da mulher para cima, e a obrigado a sentar sobre ele, proferindo expressões ofensivas.

Em seguida, ele teria tentado forçá-la a praticar sexo oral. Após resistência, Daniel teria batido na vítima e a colocado no chão para, novamente, forçar uma relação sexual. Em seguida, sempre de acordo com o depoimento da mulher, ele disse para ela esperar para sair depois que ele.

Após 15 minutos, Daniel sai do banheiro
O jogador teria voltado para a festa em seguida. Daniel Alves, porém, já havia deixado a boate quando a vítima relatou o caso para os seguranças. Em uma primeira versão, o lateral se pronunciou sobre o caso durante uma entrevista a um programa de TV espanhol, negando as acusações — dias depois, ele mudaria a versão, confirmando a relação sexual.

"Sim, eu estava naquele lugar, com mais gente, curtindo. E quem me conhece sabe que eu amo dançar. Eu estava dançando e curtindo sem invadir o espaço dos outros. Eu não sei quem é essa senhora. Nunca invadi um espaço. Como vou fazer isso com uma mulher ou uma menina? Não, por Deus", afirmou Daniel Alves em entrevista, antes de desistir dessa versão.

Assim que saiu, a mulher (segundo declaração ao tribunal) conta que apenas uma de suas amigas estava na área VIP da discoteca. Ela ficou em estado de choque e caiu no choro. Foi então que os seguranças da boate falaram com ela.

Uma câmera de segurança acoplada ao uniforme de uma policial que atendeu a suposta vítima de Daniel Alves registrou a jovem chorando inconsolavelmente ainda dentro da casa noturna. As imagens também mostram a mulher, de 23 anos, dando os primeiros "depoimentos" aos agentes. Na ocasião, ela disse que se sentia "envergonhada" e também "culpada" por ter aceitado entrar em espaço reservado onde estava o jogador.

Segurança chama a polícia e vítima vai ao hospital
Após dar as primeiras declarações aos policiais, ainda dentro da boate, a suposta vítima é levada ao Hospital Clínic, o centro de referência para onde as vítimas de agressões sexuais em Barcelona são encaminhadas. Na unidade de saúde, ela foi examinada por um médico legista.

O laudo médico constatou lesões compatíveis com a luta, como escoriações no joelho. No local também, foram obtidos restos de líquido seminal que agora devem ser comparados com uma amostra de DNA que o brasileiro aceitou entregar para os investigadores. O legista concluiu que a jovem estava "orientada" e se expressou de forma "coerente".

Dois dias depois, a mulher denunciou o jogador. A denúncia da mulher está judicializada e em fase de investigação, conforme explica o Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC). As autoridades colheram o depoimento da vítima na madrugada de sábado.

Ela se recusou a receber qualquer tipo de indenização caso o jogador for condenado. As imagens de câmeras da boate espanhola mostraram que Daniel Alves ficou cerca de 15 minutos trancado no banheiro com a mulher.

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