LUTO

Morre aos 90 anos a colunista Patrícia

Patrícia sofreu um AVC em 13 de agosto do ano passado, em casa. Estava sendo tratada no Residencial Vitativa há quase um ano. Na última quinta-feira, 5, passou mal, vomitou e acabou aspirando parte do líquido. Levada para cuidados intensivos no Hospital Regional, foi diagnosticada com pneumonia. "Ela resolveu partir. Serena, sem sofrer”, disse a neta, Camila Pizzo.

Por Corrêa Neves Jr. | 07/08/2021 | Tempo de leitura: 4 min
Editor-chefe do GCN

Arquivo/GCN

Patrícia: morre um dos ícones da comunicação
Patrícia: morre um dos ícones da comunicação

Sonia Menezes Pizzo, conhecida como a colunista Patrícia, morreu por volta de 1h30 da madrugada deste sábado no Hospital Regional de Franca, onde estava internada desde a noite da última quinta-feira, 5. Tinha 90 anos, mais de 60 deles dedicados à comunicação, especialmente ao jornal Comércio da Franca, onde publicou sua coluna por 35 anos, à rádio Difusora AM, à rede Record de TV e ao portal GCN. Teve passagens também pelo jornal Diário da Franca, pela TV Bandeirantes e pelas rádios Hertz, Imperador e União FM.

Era um ícone da comunicação, referência para gerações e figura nacionalmente conhecida e respeitada. “Minha avó foi se encontrar com seus filhos, junto de Deus”, disse sua neta, Camila Pizzo, que se transformou em fiel escudeira e sucessora ao longo dos últimos anos. “Partiu serena, tranquila, sem sofrer”.

Patrícia sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) em 13 de agosto do ano passado, em casa. Foi internada, inconsciente, na UTI do Hospital Regional, onde permaneceu em tratamento intensivo até 28 de agosto. Com o quadro estabilizado, foi transferida para um quarto.  Apesar de sempre ter permanecido inconsciente, seu quadro se estabilizou e, em respeito a sua vontade, expressa em documento, foi transferida para o Residencial Vitativa, onde estava recebendo cuidados desde então.

Neste quase um ano, manteve-se clinicamente bem, sem grandes alterações, mas jamais recuperou a consciência. Na última quinta-feira, 5, passou mal, vomitou e acabou aspirando parte do líquido. Levada para cuidados intensivos no Hospital Regional, foi diagnosticada com pneumonia, mas o quadro não era considerado grave. “Ela estava bem. Mais cedo (no final da noite de sexta) falei com o médico que estava cuidando dela e ele me disse que minha avó evoluía bem e que já era possível prever a alta para este sábado ou domingo. Mas ela resolveu partir”, disse Camila.

A colunista Patrícia será sepultada no final da tarde deste sábado, 7, no cemitério da Saudade, em horário ainda a ser definido. Seu velório será na Catedral Nossa Senhora da Conceição, das 13 às 15h15, onde haverá uma celebração às 15 horas.

Uma linda trajetória
Sônia Menezes Pizzo nasceu em 6 de janeiro de 1931 em uma casa de fundos na rua Thomaz Gonzaga, Centro da Franca. Na década de 50, já casada com o contador Américo Pizzo e ainda ‘apenas’ a professora Sônia, foi convidada pelo então diretor do Comércio da Franca, o jornalista Alfredo Henrique Costa, para assumir uma coluna social no jornal. Com apoio do marido, aceitou o desafio. Surgia Patrícia e, com ela, um novo jeito de fazer colunismo.

O começo foi difícil, marcado por preconceitos. “Sofri amargamente. Fui muito caluniada, desprezada”, disse em uma de suas entrevistas ao Comércio. Duas eram as principais razões da resistência que enfrentou. A primeira, sua origem humilde, que desagradava a elite francana da época. A segunda, o fato de ser mulher, lutando para forjar seu espaço numa sociedade profundamente machista.

Persistente, corajosa e muito carismática, conquistou seu lugar e gravou seu nome na história da cidade. Lançou tendências, revolucionou o colunismo social e ajudou a consolidar muitas marcas. Com algumas, como Magazine Luiza, a Francal Feiras e a Unifran, manteve uma relação que em muito transcendia o profissional. Era íntima de seus fundadores e diretores, convivia com eles proximamente e acompanhou o crescimento das empresas – e das famílias.

Concebeu, desenvolveu, produziu e realizou, por décadas, a Noite EP (Elegantes e Personalidades), considerada a maior festa do interior paulista por muitos anos. O evento atraía para a cidade personalidades do mundo político, empresarial e artístico de todo o país e era um de seus grandes orgulhos. Gostava também de comemorar seu aniversário. Sempre com festa.

Foi uma das fundadoras da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) em Franca. A aproximação com a causa aconteceu depois de perder seu irmão, Artur, que era excepcional e viveu por mais de duas décadas numa cadeira de rodas.

Ao longo da vida, enfrentou também dores terríveis. Viu partir o pai, a mãe, o irmão, a irmã e o marido, Américo Pizzo. Os golpes mais duros viriam em 2006 e 2011, quando morreram seus dois filhos. O primeiro a partir foi Américo Pizzo Júnior. Cinco anos depois, morria Mauro Menezes Pizzo, que trabalhava na produção dos programas de TV, colunas de jornal e, durante anos, dividira com ela a bancada de seus programas de rádio.

Apesar da tristeza, nunca perdeu a fé. Profundamente religiosa, era devota de Nossa Senhora Aparecida, ou, como preferia dizer, “Nossa Senhora Aparecidinha”. Orava, durante pelo menos uma hora, de joelhos, todas as manhãs, e não perdia nenhuma ação da Igreja Católica em Franca, especialmente os eventos promovidos pelo padre José Geraldo Segantin.

Viúva de Américo Pizzo desde 1985, casou-se em 1997 com o agricultor Cecílio Jorge. Em 2011, sua biografia, “Querida”, um delicado e cuidadoso trabalho de pesquisa da escritora Lúcia Helena Maniglia Brigagão, foi lançada.

Até sofrer o AVC, em agosto do ano passado, mantinha-se absolutamente lúcida e produtiva, escrevendo sua coluna para o portal GCN e apresentando seus programas semanais na rádio Difusora e na TV Record.  

Fale com o GCN/Sampi! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Franca e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.