19 de dezembro de 2025
POLÍTICA

Flávio Paradella: Otto entrega defesa e CP decide futuro

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/CMC
Defesa prévia do vereador Otto Alejandro (PL) é protocolada e Comissão Processante vota nesta sexta parecer que pode arquivar ou dar sequência às investigações.

defesa prévia do vereador Otto Alejandro (PL) , acusado de violência doméstica, foi entregue à Comissão Processante (CP) da Câmara Municipal de Campinas, e o colegiado já tem data para dar o próximo passo. Nesta sexta-feira, 19 de dezembro, às 10h, será realizada uma reunião aberta no plenário para a apresentação e votação do parecer do relator, que pode indicar o prosseguimento das investigações ou o arquivamento das denúncias. A sessão terá transmissão ao vivo pela TV Câmara.

A informação foi confirmada pela vereadora Fernanda Souto (PSOL), presidente da Comissão Processante. Segundo ela é publicação nas rede sociais, com a apresentação da defesa, a CP está formalmente apta a avançar. “O vereador apresentou a defesa e assim podemos seguir com os trabalhos da Comissão”, afirmou. Fernanda destacou ainda a importância da decisão desta etapa, especialmente diante do contexto local. “É muito importante que a Comissão Processante possa seguir para a próxima fase com as oitivas de testemunhas, diante da necessidade de apuração das denúncias com máximo rigor, principalmente no contexto de aumento dos casos de violência contra as mulheres no município de Campinas”, já indicando que seu voto será favorável ao prosseguimento.

A Comissão Processante foi instaurada por unanimidade em 19 de novembro, quando 29 vereadores votaram a favor da abertura do processo, sem votos contrários.

O colegiado é formado por Fernanda Souto (PSOL), como presidente, Eduardo Magoga (Podemos), relator, e Guilherme Teixeira (PL), e tem prazo de até 90 dias para concluir os trabalhos.

O processo foi aberto em meio a forte repercussão pública, após a circulação de vídeos nas redes sociais envolvendo o parlamentar. Entre os registros, há imagens em que Otto aparece ofendendo e ameaçando uma funcionária de portaria, com uso de termos homofóbicos, além de outro episódio em que ele ameaça Guardas Municipais, afirmando que eles “vão perder o emprego”.

A denúncia que originou a Comissão Processante foi apresentada por Adriano Vieira Novo e tem como base um boletim de ocorrência registrado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher. No documento, uma suposta namorada acusa o vereador de agressão, injúria, ameaça de morte e dano ao patrimônio, relatando ofensas verbais graves, destruição de objetos e a retirada de uma televisão da residência. O caso também menciona que o parlamentar teria feito uso excessivo de álcool e apresentado comportamento alterado.

Outro episódio citado no pedido de abertura da CP envolve uma ocorrência registrada em 13 de julho, quando Otto Alejandro teria quebrado o vidro traseiro de um ônibus e ameaçado o motorista durante um tumulto na Avenida Francisco Glicério, região central de Campinas.

O vereador nega todas as acusações e sustenta que é alvo de “perseguição política”. A partir da decisão desta sexta-feira, o processo pode avançar para a fase de oitivas de testemunhas ou ser encerrado.

Nota da Câmara

A Câmara Municipal de Campinas informa que a Comissão Processante (CP) realiza reunião nesta sexta-feira, às 10 horas, para emitir parecer pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia, formulada por Adriano Vieira Novo contra o vereador Otto Alejandro. Caso a CP defina pelo prosseguimento da apuração, os trabalhos continuam. Caso a CP defina pelo arquivamento, a decisão terá que ser referendada em votação pelo plenário em sessão extraordinária a ser marcada posteriormente.

Nada de ‘low profile’

Longe de adotar uma postura discreta após a abertura da Comissão Processante aprovada por unanimidade, o vereador Otto Alejandro (PL) optou por seguir em evidência política ao longo das últimas semanas. Desde a instauração do processo que pode resultar em cassação de mandato, o parlamentar intensificou sua presença pública e digital, com publicações quase diárias nas redes sociais.

Nesse período, Otto passou a divulgar vídeos em cultos religiosos, visitas a obras, participação em eventos natalinos e até conteúdos roteirizados com foco na divulgação do mandato. A estratégia indica uma tentativa de manter interlocução direta com sua base, mesmo em meio ao desgaste político provocado pelas denúncias que motivaram a CP.

No plano institucional, o vereador também não se afastou das atividades legislativas. Ele compareceu às sessões ordinárias até o encerramento do ano legislativo, além de presidir e integrar comissões permanentes da Câmara, mantendo uma rotina semelhante à adotada antes da abertura do processo disciplinar.

Nos bastidores do Legislativo, a avaliação é de que a tensão inicial em torno do caso arrefeceu parcialmente nas últimas semanas. Dois fatores contribuíram para esse movimento: o prazo regimental da Comissão Processante, que impôs um intervalo natural até os próximos atos formais, e a mudança do foco político para a votação do projeto que ampliou cargos no Legislativo.

Nesse episódio, Otto Alejandro figurou como um dos signatários da proposta e votou favoravelmente ao texto, assim como outros 28 vereadores, na votação definitiva que aprovou a medida. O tema acabou dominando o debate público e interno da Câmara, deslocando temporariamente a atenção sobre a CP.