A expedição humanitária da Flotilha da Liberdade, que conta com a participação da vereadora Mariana Conti (PSOL), de Campinas, chegou ao momento mais tenso desde sua partida no começo de setembro. A expedição foi interceptada pelas forças israelenses nesta quarta-feira. Em mensagem de áudio divulgada nesta quarta-feira (1º), a parlamentar relatou que as embarcações do grupo já estavam na chamada “zona de alto risco” e foram cercadas por barcos da frota israelense, numa tentativa de impedir a chegada ao território palestino.
A missão, formada por ativistas de mais de 40 países, saiu de Barcelona em 31 de agosto, passou pela Tunísia e tinha como objetivo levar medicamentos, alimentos e água à população de Gaza, além de chamar atenção da comunidade internacional para o bloqueio imposto por Israel. Desde então, a viagem enfrentou tempestades, um suposto ataque de drone e dificuldades logísticas antes de alcançar a fase final.
“Provavelmente seremos interceptados e, caso isso aconteça, seremos sequestrados e levados contra a nossa vontade para Israel. Contamos com a solidariedade de todos para que sejamos libertados e para que a missão continue a denunciar o massacre contra o povo palestino”, disse Mariana no áudio gravado a bordo do barco Sirius Raifa, antes da embarcação ser dominada por Israel.
Segundo a vereadora, Israel comete crime ao impedir a entrada de ajuda humanitária, uma vez que a flotilha está em águas internacionais. “A população de Gaza enfrenta fome crônica, desnutrição e risco iminente de morte por falta de suprimentos. Impedir a chegada de auxílio seria criminoso”, afirmou.
A ação é apoiada por entidades internacionais, como a Freedom Flotilla Brasil e o Global Movement to Gaza, e se fundamenta em resoluções da ONU e decisões da Corte Internacional de Justiça que garantem o direito de acesso a ajuda humanitária.
Mariana está licenciada do cargo na Câmara de Campinas, em afastamento não remunerado, e afirmou que arca pessoalmente com os custos da viagem.
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A operação de interceptação da flotilha Global Sumud ocorreu nesta quarta-feira (1º) no Mediterrâneo. A frota, composta por 47 embarcações que levavam alimentos e medicamentos em direção à Faixa de Gaza, foi abordada por unidades da Marinha israelense, que ordenaram a mudança de rota.
Entre os passageiros está a sueca Greta Thunberg, conhecida por sua atuação em causas ambientais e sociais. De acordo com comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Israel, os ativistas, entre eles Mariana Conti, foram retirados das embarcações, passarão por triagem em território israelense e depois serão deportados para seus países de origem. O governo informou ainda que todos os detidos estão em “condições seguras e com boa saúde”.
Segundo os organizadores, um dos barcos principais, o Alma, foi o primeiro a ser cercado após alertas transmitidos via rádio pela Marinha. Imagens divulgadas em redes sociais mostram navios militares próximos às embarcações civis.
A flotilha, que partiu da Espanha no final de agosto, é formada por ativistas de dezenas de nacionalidades, parlamentares e representantes de organizações internacionais. O grupo afirma que o objetivo era “romper o bloqueio e abrir um corredor humanitário” até Gaza.
Do lado israelense, autoridades classificam a ação como uma tentativa de autopromoção de ativistas em busca de visibilidade, apelidando os barcos de “iates das selfies”.
Paralelamente, o Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou documentos que, segundo as autoridades, comprovariam o envolvimento direto do Hamas na organização e no financiamento da chamada Global Sumud Flotilla. Entre os papéis está uma carta de 2021, assinada por Ismail Haniyeh, líder político do grupo, em apoio à Conferência Popular para os Palestinos no Exterior (PCPA). O grupo humanitário nega.