O Brasil mais uma vez virou refém de uma disputa de poder que pouco dialoga com os interesses da população. A turbulenta relação com os Estados Unidos, marcada pela obsessão da família Bolsonaro em alimentar a narrativa de perseguição e pelo embate aberto com o Supremo Tribunal Federal, agora cobra um preço concreto: a economia brasileira. O presidente Lula, que até aqui fez movimentos tímidos para conter o estrago, aproveita a crise para inflar sua popularidade como gestor moderado, mas o fato é que o país desce a ladeira de um abismo econômico fabricado pela irresponsabilidade dos próprios entes políticos.
A decisão de Washington de aplicar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros já bateu à porta da Região Metropolitana de Campinas. Prefeitos da RMC se reuniram em caráter emergencial nesta quarta-feira (20) para avaliar os impactos. O alerta é vermelho: 55% de tudo o que a região exporta vai direto para o mercado americano.
O levantamento da Secretaria de Finanças de Campinas mostra a concentração: Campinas responde por 34% das exportações, seguida por Indaiatuba e Santo Antônio de Posse, com 13% cada. Carne, petróleo, medicamentos, pneumáticos e peças de motores lideram a lista de produtos mais afetados. O setor eletroeletrônico, que reúne gigantes como Samsung, Dell e Motorola, também está no radar, embora os incentivos fiscais estaduais tenham evitado uma debandada para Manaus.
Em Santo Antônio de Posse, o prefeito José Ricardo Cortez revelou a dimensão do problema: “82% da minha exportação é dessa fábrica frigorífica. Já cogitam fabricar nos Estados Unidos e deixar o Brasil”, alertou. O risco é de desmonte da principal geradora de empregos da cidade.
O prefeito de Campinas, Dário Saadi, reforçou que os incentivos estaduais foram vitais para dar fôlego à indústria de tecnologia. “Se esses incentivos que tinham data para terminar o mês passado não fossem reeditados, nós correríamos um risco sério de perder competitividade para Manaus”, disse. Já Rafael Piovezan, de Santa Bárbara d’Oeste, foi direto: é preciso medidas emergenciais e compensações imediatas, porque “nenhum mercado se abre da noite para o dia”.
O quadro, porém, ultrapassa a dimensão local. O tarifaço escancara a ausência de uma política externa sólida e de um projeto econômico nacional que não esteja refém de narrativas ou disputas institucionais. Enquanto isso, empresas cogitam deixar o Brasil, municípios projetam perda de arrecadação e empregos, e a economia regional pode sofrer um abalo profundo.
No fim das contas, o Brasil vive mais uma vez a lógica da política do umbigo: um país dividido em brigas de gabinete, incapaz de oferecer soluções estruturais, e que deixa para a ponta — os municípios, trabalhadores e empresas — a conta salgada de um tarifaço que não nasceu em Campinas, mas que pode arranhar fundo sua base econômica.
Divulgação/PMC
A Câmara Municipal de Campinas recebeu um projeto de lei do vereador Nelson Hossri (PSD) que propõe a isenção do IPTU para imóveis desocupados no centro da cidade. A medida busca incentivar a ocupação e revitalização da região central, onde há elevado número de propriedades abandonadas.
Pelo texto, a isenção valerá para imóveis sem uso por mais de seis meses, sem contrato de locação ou venda em vigor. O perímetro beneficiado será definido pelo Executivo por decreto, e os proprietários terão prazo de 30 dias para comunicar a Prefeitura em caso de venda ou utilização do imóvel. O descumprimento da regra resultará na cobrança retroativa do imposto referente ao período de ocupação não informado.
Para Hossri, a proposta pode colaborar com a recuperação da vitalidade econômica e social do centro. “O centro é o coração da nossa cidade e precisa de ações concretas para recuperar sua vitalidade. Ao conceder a isenção, incentivamos os donos a darem uso aos imóveis, o que estimula o comércio, aumenta a segurança e valoriza toda a região”, afirmou.
Segundo a justificativa, a medida também pretende reduzir a ociosidade de imóveis, estimular a ocupação urbana e preservar a identidade histórica da área central.
Audiência sobre o Departamento de Proteção Animal
A Câmara Municipal de Campinas realiza nesta quinta-feira (21), às 19h, uma audiência pública para discutir a situação do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) e avaliar políticas públicas voltadas à defesa animal no município. O encontro será presidido pela vereadora Fernanda Souto (PSOL).
Segundo a parlamentar, a iniciativa surgiu após uma vistoria realizada no DPBEA, quando foram constatadas condições insalubres para o atendimento aos animais e para o trabalho das equipes. “Recentemente, realizei uma vistoria no Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal de Campinas (DPBEA) e encontrei condições insalubres para o atendimento aos animais e para o trabalho das equipes. Por isso, convidamos a todos para participar dessa importante audiência”, destacou Fernanda.
O DPBEA integra a estrutura da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas) da Prefeitura de Campinas.
A audiência será no Plenário da Câmara Municipal, com entrada pela Avenida Roberto Mange, 66, no bairro Ponte Preta. A população poderá acompanhar presencialmente ou pela transmissão ao vivo na TV Câmara Campinas e no canal da emissora no YouTube.
O Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal (DPBEA) de Campinas iniciou a primeira etapa das obras de reforma e ampliação de suas instalações na Vila Boa Vista.
Nesta fase inicial, estão sendo construídos seis novos canis com solário, permitindo maior espaço para locomoção e exposição ao sol. Na sequência, o cronograma prevê a construção de dois gatis e uma sala de acolhimento, destinada a isolar temporariamente os animais recém-chegados e evitar a disseminação de doenças, como cinomose em cães e esporotricose em gatos.
A estrutura da antiga sala de acolhimento já foi demolida para viabilizar a nova construção. Ao todo, o projeto será executado em quatro etapas, com previsão de conclusão em até 90 dias.
Na segunda fase, será feita a ampliação do canil central, com mais solários, além da reforma dos gatis já existentes e da área destinada ao abrigo de cavalos. Já a terceira etapa inclui a construção de clínicas veterinárias, que contarão com sala de necrotério e espaço adequado para descarte de resíduos contaminantes. Por fim, a quarta etapa abrangerá a reconstrução da ala administrativa do prédio.
O investimento total é de R$ 660 mil, com recursos provenientes de um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).