A possibilidade de Pedro Tourinho (PT), presidente municipal do partido em Campinas e ex-candidato a prefeito, assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados ganhou força nos bastidores do PT paulista, mas encontra, obviamente, resistência direta da bancada bolsonarista. O cenário depende do desfecho do processo contra Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália e já condenada em duas instâncias pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022.
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o caso está nas mãos do ministro Nunes Marques e pode levar não só à cassação do mandato, mas também à anulação dos votos obtidos pela deputada. Essa hipótese mudaria o cálculo das cadeiras do Legislativo, retirando vagas do PL e redistribuindo-as entre outras siglas. Em tese, isso poderia abrir espaço para que o PT conquistasse mais uma cadeira e chamasse o primeiro suplente, Tourinho.
O PL descarta essa possibilidade. O deputado Coronel Tadeu, que ocupa temporariamente a vaga de Zambelli, disse à Jovem Pan News Campinas que “é absolutamente impossível” o PT assumir diretamente, pois a vaga pertence ao partido pelo qual a deputada foi eleita. “Se eventualmente a Carla Zambelli for cassada, quem assume é um suplente do Partido Liberal e jamais iria essa vaga para outro partido. Essa é a regra da legislação eleitoral”, afirmou.
Tadeu reconheceu que existe um processo pedindo a perda dos votos de Zambelli, o que poderia levar o PL a perder três cadeiras. Nesse caso, os beneficiados, segundo ele, seriam PSOL, Podemos e Republicanos, e não o PT. “Nem assim o Tourinho entraria”, disse o parlamentar, em resposta direta às especulações que circularam no diretório petista campineiro.
No PT, há quem sustente que a redistribuição poderia sim chegar à federação da qual a sigla faz parte — o que inclui PV e PCdoB — e, indiretamente, favorecer Tourinho. O cálculo, porém, depende de interpretações jurídicas e do posicionamento do TSE, que ainda não marcou julgamento.
Enquanto isso, a defesa de Zambelli tenta evitar a extradição da Itália e o PL busca manter suas cadeiras, monitorando de perto qualquer movimentação no tribunal. No campo político, a disputa pela vaga expõe mais um ponto de tensão entre petistas e bolsonaristas em meio ao xadrez eleitoral que se desenha para 2026.
Divulgação/CMC
A 45ª Reunião Ordinária da Câmara de Campinas, nesta quarta-feira (13), teve tramitação rápida e sem grandes debates. O destaque foi a aprovação em primeira votação de um projeto de lei de autoria do ex-vereador Zé Carlos (PSB), que renunciou ao mandato em junho após a divulgação de um acordo com o Ministério Público no qual confessou ter pedido propina em contrato do Legislativo.
A proposta cria o Programa de Atendimento a Pessoas com Distúrbios Respiratórios do Sono, com o objetivo de ampliar o acesso da população a diagnóstico, prevenção e tratamento dessas doenças. Entre as diretrizes estão o desenvolvimento de ações educativas sobre a importância do sono para a saúde, capacitação de profissionais, criação de centros de referência e integração do tratamento às políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O texto do projeto ressalta que distúrbios do sono podem agravar ou desencadear problemas como depressão e ansiedade, tornando a criação do programa um avanço nas políticas de saúde do município.
A matéria ainda precisa passar por segunda votação antes de seguir para sanção ou veto do Executivo.