14 de dezembro de 2025
POLÍTICA

Flávio Paradella: A movimentação do vice-prefeito

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
Divulgação/Jovem Pan Campinas
Wandão (PSB) incrementa visibilidade e passa a ser figura mais ativa na narrativa da gestão municipal.

Está mais do que claro que Wandão (PSB) tem deixado de ser uma figura de bastidores e aumentou sua movimentação. O vice-prefeito e secretário de relações institucionais – pasta que administra desde o primeiro governo Jonas Donizette – tem participado de entrevistas em mídias tradicionais, incrementou as redes sociais com postagens frequentes e tem sido personagem com discursos em coletivas e entregas. Wandão é nome praticamente certo para disputar uma vaga legislativa em 2026, um teste de viabilidade política para alçar outro objetivo, porém em 2028.

Um exemplo. O vice-prefeito e secretário de Relações Institucionais de Campinas, Wanderley de Almeida concedeu entrevista à Rádio Jovem Pan Campinas, nesta quarta-feira, e discutiu variados assuntos do poder público e aqui trago um resumo. Wandão afirmou ao Jornal da Manhã Regional que o segundo mandato da gestão Dário Saadi (Republicanos) exige reorganização interna e reafirmação de metas. Segundo ele, o desafio tem sido deixar claro aos secretários que não se trata de uma continuidade simples do mandato anterior. “A gente está no primeiro ano do segundo governo e não no quinto ano”, disse.

Durante a entrevista, Wandão reconheceu que a saúde pública segue como um dos principais pontos de pressão sobre o governo. Ele citou o papel da cidade como polo regional e a sobrecarga gerada por pacientes de fora. “Campinas custeia com recurso próprio mais de 70% do que gasta em saúde. Se você voltar no tempo, era o inverso”, destacou. Segundo ele, a criação do Hospital da Mulher – ainda para ser inaugurado e o Mário Gatinho são avanços importantes, além do anúncio do Hospital Metropolitano, pelo governo estadual, que deve aliviar a rede local.

Sobre o transporte público, Wandão afirmou que a licitação da nova concessão deve finalmente sair em outubro, após seguidos entraves judiciais e de mercado. Ele explicou que a exigência de 256 ônibus elétricos acabou sendo um dos principais obstáculos, mesmo sendo um avanço ambiental. “São Paulo tem mais de 13 mil ônibus e só agora parece que chegou a 100 elétricos. A gente tinha colocado 256”, justificou. A nova versão do edital flexibiliza as exigências e abre espaço para que a prefeitura compre parte da frota com financiamento próprio.

Wandão também rebateu críticas da oposição, em especial um post do ex-candidato Pedro Tourinho (PT), sobre o financiamento do PAC para aquisição de ônibus elétricos, alegando que o recurso ainda pode ser utilizado. “É mais fácil pra quem está na oposição fazer a crítica. Não dá pra comprar uma frota se você não tem a concessão renovada”, pontuou.

A relação do governo com a Câmara Municipal foi definida como equilibrada. “Temos uma expectativa de manter uma relação harmônica. Mas a Câmara é um poder independente e precisamos estar sempre vigilantes”, afirmou.

A crise envolvendo o ex-presidente da Câmara, Zé Carlos (PSB), também foi abordada. Wandão reconheceu o impacto político da confissão do pedido de propina feita pelo ex-vereador, mas minimizou a possibilidade de interferência do Executivo. “A Câmara é um poder independente. Quem tem que discutir esse tema é a Câmara, o Judiciário e o Ministério Público”, disse. Ele confirmou conversas com Zé Carlos antes da renúncia. “Ele teve a punição que tinha que ter: a perda do mandato”. Sobre o futuro do ex-vereador no PSB, Wandão afirmou que o partido ainda não discutiu o caso internamente e que Zé Carlos pode inclusive pedir desfiliação.

Já em relação à criação de novas secretarias, como a Secretaria da Mulher – um pedido do PL – e o desmembramento da Habitação com a Cohab – para acomodar o Podemos -, Wandão disse que o debate tem sido superficial. “Quem governa é quem ganhou a eleição. Isso é honesto com a população”, disse. Ele afirmou que a nova pasta (Mulher) é uma resposta a uma demanda antiga, inclusive apoiada por vereadoras da oposição, e que não se trata apenas de acomodação política. “Discutir apenas a criação de cargos é raso. A Secretaria da Mulher tem uma responsabilidade muito grande”.

Silva Rego


Reprodução/Redes Sociais

A Prefeitura de Campinas está impedida de seguir com as obras na Praça Silva Rego, entre os bairros Jardim Guanabara e Jardim Chapadão. A ordem de paralisação foi dada pela Justiça nesta quarta-feira (6), após uma ação popular contestar a poda de raízes de árvores antigas, feita durante a ampliação do calçadão utilizado por feirantes.

Os serviços começaram em 23 de julho e buscavam reestruturar a área onde mais de 100 expositores de artesanato atuam aos fins de semana. No entanto, a movimentação de máquinas chamou a atenção de moradores, que acionaram a Polícia Militar Ambiental logo no primeiro dia. A corporação suspendeu os trabalhos até esclarecimentos sobre as licenças.

Embora a Polícia Ambiental não tenha identificado falhas no processo técnico da prefeitura, a intervenção gerou indignação de ambientalistas, que denunciaram o corte das raízes de ao menos cinco figueiras com mais de 70 anos de idade. Os críticos apontam risco de queda das árvores e impermeabilização do solo como efeitos negativos do projeto.

A vereadora Mariana Conti (PSOL) comemorou a decisão. “Dário vai ser obrigado a parar a sua motosserra. Como vocês estão acompanhando, nós estamos num cabo de guerra com a Prefeitura Dário Saadi, que está fazendo uma obra extremamente agressiva na Praça Silva Rego.  A impermeabilização do solo e a remoção de raízes de figueiras de cerca de 70 anos. São figueiras maravilhosas, danificam as árvores e aumentam o risco de queda,o que significa mais perigo para a população”, afirmou.

A decisão judicial reconheceu o risco ambiental e fixou multa diária de R$ 5 mil caso a prefeitura descumpra a liminar. A administração municipal afirma que ainda aguarda a notificação oficial, mas que respeitará a determinação.

O laudo que embasou a obra foi emitido pelo Departamento de Parques e Jardins no dia 21 de julho, segundo a secretaria de Serviços Públicos, que argumenta que a poda das raízes foi necessária para ampliar o espaço de circulação e garantir acessibilidade para feirantes e visitantes. O documento teria respaldo na legislação municipal de arborização.

Está em debate agora uma reunião entre prefeitura, moradores e comerciantes, que deve servir para a apresentação do projeto completo e uma possível reavaliação do traçado da obra.