A tão aguardada reabertura do Centro de Convivência Cultural, em Campinas, trouxe junto uma polêmica: a instalação de um gradil metálico ao redor do complexo. A medida dividiu opiniões, gerou protestos nas redes sociais e foi judicializada pela vereadora Paolla Miguel (PT), que classificou a ação como “as grades da vergonha”. Para ela, o cercamento fere o caráter democrático do espaço e descaracteriza o projeto original do arquiteto Fábio Penteado.
A crítica é legítima. O Centro de Convivência é, sim, um símbolo arquitetônico e cultural da cidade. Deveria, idealmente, ser um espaço aberto, pulsante, sem barreiras visuais ou físicas que separem o povo da arte. Mas ideal e realidade andam distantes — e é nesse abismo que a gestão pública precisa se equilibrar.
A secretária de Cultura, Alexandra Caprioli, foi clara ao explicar a decisão. O cercamento foi aprovado por unanimidade pelo Condepacc, órgão municipal responsável pela preservação do patrimônio, e teve anuência técnica do Condephatt. Não foi um capricho do prefeito nem um ato isolado da secretaria. Foi uma resposta a uma realidade urbana que se impôs. "Se você me perguntar se eu desejaria isso (gradil): de forma nenhuma! Até porque a gente acha que aquilo é uma praça, mas cabia uma responsabilidade também", afirmou.
A região do Cambuí, nobre e central, não está imune à crise social que se espalha pela cidade — e pelo país. Antes da reforma, o espaço já era ocupado de forma irregular, com denúncias de tráfico de drogas, pichações, fogueiras acesas sobre o piso e uso indevido do palco, inclusive para atos sexuais. Hoje, com o agravamento da situação de rua e a vulnerabilidade urbana, deixar o Centro de Convivência desprotegido seria uma irresponsabilidade.
É uma medida estética? Não. É bonita? Também não. Mas é necessária. E o fato de o gradil ter 19 portões e permitir acesso diário das 8h às 19h mostra que não se trata de fechar o espaço, mas tentar protegê-lo. Como afirmou Caprioli, o maior desafio da gestão pública é compatibilizar o uso do espaço com o novo cenário urbano.
Não há demérito em proteger um bem público. Vivemos em um país onde nossas casas viraram fortalezas, nossos comércios têm grades, escolas têm portões trancados — e queremos que um equipamento recém-restaurado, após mais de uma década, permaneça escancarado ao risco? Isso não é romantismo democrático, é ingenuidade — ou, pior, oportunismo político.
A crítica ao gradil não pode se sobrepor à constatação de que Campinas está prestes a recuperar um dos seus espaços culturais mais emblemáticos, e que a reabertura precisa ser acompanhada de medidas de conservação. Cercar é o fim do sonho? Talvez. Mas é o começo da preservação.
O que se espera agora é que o cercamento não se transforme em desculpa para afastar a população ou para reduzir o acesso à cultura. Se o gradil for provisório ou permanente, o que importa é que o espaço esteja vivo, com agenda cultural pulsante e com portas — ou portões — escancaradas para o povo.
A cidade esperou 13 anos pela volta do Centro de Convivência. Não podemos correr o risco de perdê-lo de novo.
O ex-deputado federal e ex-vereador Pedro Tourinho foi eleito presidente do diretório municipal do PT em Campinas. Ele venceu o Processo de Eleição Direta (PED) da legenda com 655 votos, em disputa realizada no último domingo (6). Tourinho enfrentou outros três candidatos, incluindo o ex-vereador Cecílio Santos.
Com a vitória, o ex-parlamentar passa a comandar as ações do Partido dos Trabalhadores na cidade e terá a missão de reorganizar a militância e estruturar a legenda para os próximos pleitos, incluindo a disputa presidencial de 2026. “Vamos juntos reconstruir pontes, fortalecer os laços e preparar o PT de Campinas para os grandes desafios que vêm pela frente. E entre esses desafios, está um dos mais importantes da nossa história: a reeleição do presidente Lula”, afirmou Tourinho, após o resultado.
Pedro Tourinho foi o candidato do PT à Prefeitura de Campinas nas duas últimas eleições municipais, em 2020 e 2024. Também já exerceu mandato na Câmara como vereador e, recentemente, assumiu de forma temporária uma cadeira na Câmara dos Deputados como suplente.
A vereadora Debora Palermo (PL) protocolou na Câmara Municipal de Campinas um projeto de lei que institui o programa “Selo Empresa Amiga da Pessoa com Deficiência”, com o objetivo de reconhecer e valorizar empresas e instituições que adotam práticas inclusivas e acessíveis em seus espaços de trabalho e atendimento.
Poderão receber o selo pessoas jurídicas de direito público ou privado, como comércios, indústrias, escolas, hospitais e entidades assistenciais que desenvolvam ações voltadas à inclusão, acessibilidade, empregabilidade e valorização das pessoas com deficiência.
“A proposta é incentivar uma cultura organizacional verdadeiramente inclusiva, que vá além do cumprimento da lei e promova o respeito à diversidade em todas as suas dimensões”, afirma a vereadora, que preside a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara.
Entre os critérios exigidos para concessão do selo estão: Adoção de políticas internas de inclusão e combate ao preconceito; acessibilidade arquitetônica e digital nos ambientes físicos e virtuais; orocessos seletivos inclusivos e capacitação continuada de equipes; investimento em tecnologias assistivas; e parcerias com instituições especializadas na defesa dos direitos da pessoa com deficiência.
O selo terá validade de dois anos e poderá ser utilizado pelas empresas em materiais institucionais e promocionais, como forma de reconhecimento público do compromisso social. A concessão será feita mediante análise técnica da Prefeitura, com possibilidade de indicação por parte do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMPD).