18 de julho de 2025
TRANSPORTE

Transmimo tenta entrar em Araçatuba após escândalo de cartel

Por Guilherme Renan | da redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Vereadores Damião Brito (Rede), Sol do Autismo (PL) e Luís Boatto (Solidariedade) integram a comissão especial que debate o futuro do transporte coletivo

Mesmo envolvida em uma operação do Ministério Público que desarticulou um suposto cartel no setor de transporte público em Campinas, a empresa Transmimo Transportes busca aproximação com o município de Araçatuba para apresentar propostas técnicas e disputar futura licitação para operar o transporte coletivo urbano.

A movimentação ocorreu na última quinta-feira (22), durante uma reunião realizada na Câmara Municipal de Araçatuba, organizada pela Comissão Especial para Modernização e Aprimoramento dos Modais de Transporte Urbano, formada pelos vereadores Damião Brito (Rede), Luís Boatto (Solidariedade) e Sol do Autismo (PL). O encontro contou também com a presença dos parlamentares Hideto Honda (PSD) e João Moreira (PP), além de representantes da sociedade civil.

Durante a reunião, o gerente de tráfego da Transmimo, Paulo Sérgio da Silva, apresentou a história da empresa e seu portfólio de atuação em outras cidades, como Lucas do Rio Verde (MT). Também foram discutidas sugestões para a cidade de Araçatuba, como renovação da frota, bilhetagem eletrônica, ampliação de rotas, pontualidade, acessibilidade e estrutura de subsídios.

No entanto, a presença da empresa gerou preocupação em razão de seu histórico judicial recente. Em 2020, o sócio da Transmimo, Miguel Moreira Junior, foi um dos quatro empresários presos preventivamente durante uma operação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que investigava um esquema de cartel envolvendo empresas de transporte coletivo em Campinas.

A investigação, que durou nove meses, revelou que o grupo combinava preços para fraudar licitações públicas, decidindo previamente qual empresa venceria os certames. O esquema teria sido centralizado no Sindicato das Empresas de Fretamento de Campinas. Durante a operação, foram apreendidos R$ 386 mil em espécie, 31,2 mil dólares, 6 mil euros, além de computadores e documentos. Além do sócio da Transmimo, empresários de empresas como Capelini Turismo, Exclusiva e outros envolvidos no setor também foram presos.

Atuação em Birigui: subsídio elevado e serviço criticado

Atualmente, a Transmimo opera o transporte coletivo urbano na cidade vizinha de Birigui, por meio da razão social Translocave, sob contrato emergencial. O serviço é alvo de críticas de usuários devido à tarifa cheia de R$ 9,74, sendo que os passageiros pagam R$ 4,75, com o restante (R$ 4,99) custeado pela Prefeitura via subsídio. Inicialmente, o valor do repasse mensal era de R$ 161 mil.

O atendimento em Birigui é restrito: não há operação aos domingos, e o transporte funciona das 6h às 19h durante a semana e das 7h às 15h aos sábados. A empresa mantém uma frota de cinco veículos em circulação, além de dois reservas (um ônibus e um micro-ônibus), para atender a rota pré-estabelecida. O contrato previa a utilização de veículos com ar-condicionado e até 10 anos de fabricação.

Em setembro de 2022, a Prefeitura de Birigui firmou um novo contrato emergencial, mantendo os mesmos termos operacionais, porém com aumento do valor do subsídio para R$ 215 mil mensais.

Situação em Araçatuba

Atualmente, o transporte coletivo urbano de Araçatuba é operado pela empresa TUA (Transportes Urbanos Araçatuba), que atende 13 linhas com 21 ônibus em circulação, e aos domingos e feriados com catraca livre (transporte gratuito). O contrato vigente é válido até 2028.

Outro lado

Nossa equipe de reportagem entrou em contato com a empresa por e-mail e também pelo WhatsApp. Uma funcionária chegou a fornecer o e-mail de um dos diretores, mas, até o momento, não obtivemos resposta sobre o caso