A instalação de portões e o controle de acesso noturno nas ruas do Jardim Paraíso, em Campinas, é um símbolo da deterioração da confiança da população na capacidade do estado em garantir segurança pública. O projeto, conduzido pela Sociedade Amigos do Bairro Alto do Paraíso (SABALPA) e aprovado pela prefeitura, reflete uma medida desesperada frente à sensação de insegurança que permeia a rotina dos cidadãos.
Apesar de os índices oficiais de criminalidade divulgados pelo governo do estado de São Paulo apontarem quedas, o sentimento de vulnerabilidade é persistente. Esse descompasso entre estatísticas e a percepção popular questiona as prioridades e a eficácia da política de segurança conduzida pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Alinhado ao discurso conservador e de lei e ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo estadual não conseguiu reverter a sensação de abandono da população.
No discurso, o governador Tarcísio de Freitas prometeu uma segurança pública eficiente e rigorosa, mas na prática, a violência policial tem se tornado uma marca de sua gestão. Casos recorrentes de abusos envolvendo agentes da força pública colocam o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, em constante defensiva, enquanto denúncias de violência institucional deslegitimam a capacidade do estado de oferecer proteção confiável à sociedade.
O fechamento de ruas, como ocorre no Jardim Paraíso, emerge como resposta direta ao que os moradores classificam como "última alternativa." O projeto, que regula o acesso a dez vias do bairro, busca conter o aumento de crimes noturnos. Mas sua implementação não é apenas uma barreira física; é, sobretudo, uma demonstração de que a população se sente abandonada pelo poder público.
O episódio escancara a falha do pacto social que deveria assegurar aos cidadãos a proteção básica do estado. Quando ruas são transformadas em espaços restritos, os impactos vão além do imediato aumento da sensação de segurança: revelam uma divisão social e a fragilidade das políticas públicas.
Ao mesmo tempo, iniciativas como a do Jardim Paraíso podem impulsionar a valorização imobiliária e atrair novos negócios, conforme sugerido pelo Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Contudo, a exclusividade gerada por tais ações pode reforçar a segregação urbana, favorecendo regiões que têm capacidade organizacional e econômica para implementar medidas como essas, enquanto outras permanecem desamparadas.
A situação no Jardim Paraíso ilustra um problema mais amplo. A ausência de medidas eficazes para combater a criminalidade nas ruas contrasta com a insistência em uma retórica oficial que não se traduz em resultados tangíveis para a população.
Se por um lado, o governo Tarcísio promove narrativas de sucesso com base em estatísticas, por outro, bairros como o Jardim Paraíso optam por fechar suas ruas à noite, um testemunho irrefutável de que essa segurança não se reflete no cotidiano das pessoas.
Enquanto o estado não conseguir alinhar políticas públicas com a realidade enfrentada pelos cidadãos, a tendência será a proliferação de medidas como essas, em que a responsabilidade pela segurança é transferida para a população. Um ciclo perigoso, que apenas aprofunda as desigualdades e a sensação de abandono em São Paulo.
O vereador Nelson Hossri (PSD) apresentou à Câmara de Campinas uma versão revisada da chamada "lei anti-funk," que havia sido vetada pelo prefeito Dário Saadi no ano passado. Nomeado “Rede de Proteção,” o novo projeto mantém o objetivo de conscientizar alunos da rede municipal sobre músicas que promovam apologia ao crime, drogas e pornografia, com ações educativas, como palestras e campanhas,.
De acordo com o parlamentar, a proposta foi ajustada para atender aos princípios constitucionais e à gestão democrática da educação, após o veto anterior, que alegava desrespeito à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O prefeito argumentou que o texto original era fragmentado, descontextualizado e contrário aos princípios da liberdade e da centralidade do projeto pedagógico. Segundo Hossri, o novo projeto busca prevenir e orientar, garantindo respeito à liberdade de expressão, enquanto promove a proteção de crianças e adolescentes.
Sinceramente, o teor não parece tão diferente do anterior que foi repelido pelo prefeito.
Após um ano marcado por recordes de casos de dengue, São Paulo enfrenta agora um novo alerta sanitário: o primeiro caso humano de febre amarela em 2025 foi confirmado pela Secretaria de Estado da Saúde. O paciente é um homem de 27 anos, morador da capital, que contraiu a doença após visitar uma área rural em Socorro, na região de Campinas.
Além disso, o Instituto Adolfo Lutz confirmou nove casos de febre amarela em macacos no interior paulista, incluindo dois na região de Campinas – em Pinhalzinho e Socorro. Esses casos funcionam como indicadores da circulação do vírus em áreas de mata, já que os primatas, assim como os humanos, são vítimas da doença e não transmissores.
A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos silvestres que vivem em áreas de mata. Embora esses vetores não habitem o ambiente urbano, a circulação do vírus em zonas rurais acende um alerta para as populações próximas. Autoridades de saúde intensificam campanhas de vacinação e monitoramento ambiental para evitar surtos.
O estado já registrou surtos significativos de febre amarela em anos anteriores, e a vacinação continua sendo a principal estratégia de prevenção. A imunização está disponível nos postos de saúde, especialmente para quem vive ou planeja viajar para áreas de risco.