21 de dezembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: A jovem estabilidade política de Paulínia

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 5 min
Flávio Paradella
Danilo Barros foi eleito prefeito de Paulínia com 49,82% dos votos, totalizando 32.346 votos.

Uma das grandes novidades políticas das eleições de 2024 na Região Metropolitana foi a ascensão e vitória de Danilo Barros (PL) em Paulínia. O prefeito eleito, de apenas 37 anos, chega ao principal posto da cidade como indicado e fiel integrante do grupo do atual chefe do executivo, Du Cazellato (PL).

Danilo tem uma trajetória pública curta, iniciada em 2012, quando foi eleito vereador na cidade pelo PcdoB. Mais tarde, migrou para o PR (atual PL) e foi reeleito em 2016. Com a chegada de Cazellato ao comando de Paulínia, após inúmeras trocas de prefeitos — algo extremamente comum no município na última década —, Danilo passou a integrar a base do governo e tornou-se, em seguida, secretário de Governo, atuando como braço direito do prefeito.

Com essa trajetória, Danilo foi escolhido para tentar a sucessão. E conseguiu, em uma eleição que enfrentou o ex-prefeito Edson Moura — mesmo juridicamente impedido — e a família Dalben, que lançou o deputado estadual e ex-prefeito de Sumaré, Dirceu Dalben, um veterano político. O jovem candidato foi eleito com 49% dos votos.

Em entrevista à Rádio Transamérica Campinas, Danilo Barros acredita que o resultado é um misto de aprovação da atual administração e um desejo da população de continuar sentindo a pacificação jurídica em torno do cargo de prefeito. Para se ter uma ideia, a cidade já chegou a ter uma sequência de 12 trocas no executivo, mas experimentou estabilidade durante a gestão de Cazellato.

“Paulínia realmente sofreu muito com a instabilidade política, e, em parte desse período, eu estava na Câmara Municipal como vereador. Sofri muito. Nada andava na cidade. Você fazia uma indicação na Câmara, mas todos sabem que quem executa é o prefeito, e a gente não sabia quem seria o prefeito dali a seis meses. Trocava-se de três em três meses”, lembrou o prefeito eleito.

Para o novo chefe do executivo, que assume em 1º de janeiro, uma prioridade é justamente garantir essa tão exótica estabilidade política e administrativa do município. “Eu me comprometi com a cidade a dar continuidade. Estabilidade e continuidade em tudo o que o Du (Cazellato) deixou pronto, mas não teve tempo de terminar. Vamos dar continuidade e concluir esses projetos”, afirmou.

É claro que Danilo Barros também espera deixar sua própria marca. Além da área da saúde, o novo prefeito elege a habitação como um dos pontos principais de sua administração. “Já vamos começar a lutar pelos projetos habitacionais. Temos um projeto chamado ‘A Casa é Sua’, e pretendemos entregar 1.400 casas já no primeiro ano. Nosso objetivo é articular com o governo federal e estadual para trazer mil casas por ano. Vamos nos aproximar dos governos estadual e federal para abrir essas portas e trazer esses programas para o município”, disse.

Por fim, o prefeito eleito explicou os caminhos políticos que o levaram de um vereador eleito pelo PcdoB, em 2012, a ser o novo prefeito de Paulínia pelo PL, partidos com posições tão antagônicas. Danilo afirmou que, no início de sua carreira política, precisava de uma legenda e escolheu o Partido Comunista do Brasil por uma questão de oportunidade e estratégia, e não por afinidade programática. Deu certo, já que foi eleito em sua primeira tentativa ao legislativo paulinense. Após 2014, percebeu que seu posicionamento já não se alinhava àquela legenda e migrou para o antigo PR, o atual PL. Ele lembrou que, à época, a sigla não tinha relação com Jair Bolsonaro, o que mudou com o tempo, com o partido crescendo em filiações. No entanto, Danilo é considerado da "velha guarda" do partido.

Danilo Barros assume a prefeitura de Paulínia, que neste ano teve um orçamento de R$ 2,5 bilhões, em 1º de janeiro de 2025.

Seguuuuura, peão

Já na Câmara de Campinas, a sessão desta segunda-feira foi domada pelo tema do rodeio. Quem acompanha o Portal Sampi Campinas já sabe que o legislativo retomou o assunto, com a deliberação favorável da Comissão Especial de Estudos, presidida pelo entusiasta da festa sertaneja Arnaldo Salvetti (MDB), para derrubar a proibição desse tipo de evento na cidade, uma decisão que vigora desde 2003.

Sabendo que o tema agrada a alguns colegas, Salvetti contou com o apoio de associações e pessoas favoráveis à liberação de rodeios em Campinas, que marcaram presença no plenário. Por outro lado, grupos contrários também compareceram, transformando a Casa de Leis em um verdadeiro recinto.

Apesar de a claque favorável ser maior e bastante ruidosa, o sentimento predominante é de que a maioria dos parlamentares tem aversão ou não se sente à vontade para voltar a discutir essa pauta, que, vale lembrar, ainda nem tem um projeto formal em tramitação. Muitos vereadores, de vários espectros ideológicos, já declararam que votarão pela manutenção da legislação vigente.

Vale destacar o enfrentamento de Débora Palermo, do PL, mesmo partido do relator da CEE, Otto Alejandro, que redigiu o documento que embasa o pedido de retorno dos rodeios. A vereadora, ex-presidente da Câmara, fez um discurso contundente contra a ideia.

"É um verdadeiro retrocesso. Uma selvageria o que estamos vendo aqui hoje à noite, tentando trazer de volta a crueldade contra os animais. Eu subi aqui só para dizer: ‘não vai ter rodeio’", finalizou, em um depoimento breve, mas enfático.

Outro ponto lamentável foi o aumento da agressividade por parte de alguns presentes quando uma vereadora tomava a palavra. A diferença de tratamento era nítida.

Canja de galinha

De forma marota, a audiência pública para discutir o PIDS (Polo de Inovação e Desenvolvimento Sustentável) havia sido marcada pela Câmara de Campinas para uma quarta-feira (dia útil) às 13h (horário comercial). Convenhamos, seria um fracasso de público. De propósito ou não, a reunião estava agendada até o legislativo receber um recado do Ministério Público.

A promotoria, provocada pelo vereador eleito Wagner Romão (PT), pediu, com aquele "carinho" peculiar (ameaçando uma ação civil pública caso não fosse atendida), a alteração da data e do horário.

Como cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, a Comissão de Constituição e Legalidade atendeu e mudou a audiência para o dia 26 de outubro, um sábado, a partir das 10h.