26 de dezembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: A disputa pela presidência da Câmara

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação/CMC
Eleito para um sétimo mandato com mais de 6,1 mil votos, e pertencente ao partido do prefeito Dário Saadi, é natural que Luiz Rossini queira manter a cadeira.

Com as definições eleitorais, a Câmara Municipal de Campinas já se movimenta para a sucessão da mesa diretora para a próxima legislatura. O atual presidente, Luiz Rossini (Republicanos), como citado na coluna anterior, tem interesse na "reeleição". Coloco a palavra reeleição entre aspas, pois o mecanismo oficialmente não existe no legislativo. No entanto, como Rossini foi eleito vereador e a partir de 1º de janeiro se inicia uma nova legislatura, ele pode se candidatar novamente à presidência, como se o jogo fosse reiniciado.

Eleito para um sétimo mandato com mais de 6,1 mil votos, e pertencente ao partido do prefeito Dário Saadi, é natural que Luiz Rossini queira manter a cadeira de comando do legislativo. O vereador chegou à presidência após um período turbulento, quando denúncias atingiram o então presidente Zé Carlos (PSB), que precisou renunciar ao cargo. Rossini pacificou o ambiente e, devido ao seu perfil conciliador, continua prestigiado pelo Quarto Andar, onde é visto como um aliado de primeira linha, confiável para a chefia da Casa de Leis. Vale lembrar que o partido de Rossini elegeu cinco vereadores, e com o eventual apoio do PSB, de Wandão, pode garantir outros cinco votos.

Porém, o nome de Rossini ainda não é consenso na Câmara, e outros atores políticos estão se mobilizando. O núcleo duro de Dário observa a articulação de Arnaldo Salvetti (MDB), reeleito com quase 7 mil votos — praticamente o dobro de 2020 — e que chega ao novo mandato com uma base de votos ampliada e com o apoio de seu parceiro de bancada, Marrom Cunha. De perfil mais espalhafatoso e defensor de ideias como a liberação de rodeios, Salvetti dificilmente agrada ao governo e não deve ter um futuro promissor nessa disputa.

Uma alternativa que sempre surge é a de Luiz Cirilo, ex-presidente por 15 dias, hoje no Podemos. Também reeleito, o vereador, que era do PSDB, migrou para o atual partido neste ano e obteve quase 5,7 mil votos, garantindo seu quinto mandato na Câmara de Campinas. Mais do que isso, antes um solitário tucano no plenário, Cirilo agora faz parte de uma bancada com três integrantes: ele próprio, Eduardo Magoga e o novato Hebert Ganem. Pode ser que ainda não seja o momento para Cirilo assumir a presidência, mas é inegável o crescimento da importância do Podemos no cenário de composição política, fortalecendo a sigla para a mesa diretora.

E o PL? O partido equiparou forças com as legendas de Dário e Wandão na Câmara, conquistando também cinco vagas para a próxima legislatura. O Palácio dos Jequitibás ainda não detectou uma intenção clara do partido aliado em disputar o pleito, mas está atento à possível candidatura de Débora Palermo. Foi ela quem segurou a presidência interinamente quando Zé Carlos renunciou, até que Rossini fosse eleito. Uma eventual candidatura de Débora não seria surpresa.

Pela oposição, já é praxe lançar candidato, mesmo sem qualquer chance de vitória. A bancada de esquerda, que tem seis vereadores, manterá o mesmo número a partir do ano que vem. Com o governo contando com 26 parlamentares aliados, a indicação de um nome pela oposição é mais uma estratégia para enviar um recado do que uma tentativa efetiva de vencer. Nos bastidores, as vereadoras Mariana Conti (PSOL) e Guida Calixta (PT) são citadas como possíveis candidatas.

Estamos no meio de outubro. Pode parecer distante, mas a sensação é que o tempo passa rápido, e o tabuleiro já está montado.

Outra ‘vibe’

O primeiro debate deste segundo turno entre os candidatos à prefeitura de São Paulo ocorreu nesta segunda-feira, na Bandeirantes. E a repercussão? Mínima. Para não dizer que nada aconteceu, os jornais destacaram mais o abraço entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) do que as propostas e ataques. E não é para menos: após um primeiro turno marcado por cadeiradas, socos e fake news, um momento de civilidade — e até carinho — entre os rivais parece digno de manchete. Sem Pablo Marçal, a eleição saiu do cativeiro, mas, ao que tudo indica, sem a boa vontade do eleitor em recepcioná-la. Sinal dos tempos.