22 de dezembro de 2024
ELEIÇÕES 2024

Reflexões sobre a nova pesquisa e a eleição em São José

Por Guilhermo Codazzi | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 5 min
Editor-chefe de OVALE
OVALE
Variação da corrida eleitoral em São José

Caiu como uma bomba.
O novo levantamento OVALE/Ágili Pesquisas sobre a corrida eleitoral em São José dos Campos, divulgado nesta segunda-feira (30), estremeceu o meio político joseense, provocando reações acaloradas. Desde o início da madrugada, quando saíram os números, foi aberta a temporada de análises e debates acerca da briga pelos votos no maior município da RMVale.

Surpreendente, com base nas pesquisas anteriores, do Ipec e Real Time Big Data, o resultado do novo levantamento mostra, pela primeira vez, a liderança isolada de Anderson Farias (PSD), candidato à reeleição, com 34,7%, seguido pelo ex-prefeito Eduardo Cury (PL), com 25,7%, e pelo deputado estadual Dr. Elton (União), com 17,3% das intenções de voto.

Na sequência aparecem Wagner Balieiro (PT) com 8,7%, Prof. Wilson Cabral (PDT) com 1,5% e Toninho Ferreira (PSTU) com 1,3%. Cabral e Toninho estão empatados com Balieiro, no limite da margem de erro, de quatro pontos para mais ou para menos.

Contratado por OVALE, o instituto Ágili Pesquisas, um dos mais respeitados do país, tendo destaque como um dos integrantes do 'Índice CNN', ouviu 600 eleitores entre os dias 25 e 27 de setembro. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, com índice de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número SP-05733/2024.

Nesta segunda-feira, às 19h, a TV Vanguarda deve divulgar duas novas pesquisas: Ipec e Quaest.

Na arte, a comparação entre três pesquisas OVALE/Ágili, de junho (pré-campanha), agosto e setembro

Efeito Elton.

O crescimento da candidatura de Dr. Elton, que vinha sendo ignorada em trackings de outras campanhas, mostra-se uma realidade. 
É a terceira pesquisa consecutiva apontando o deputado como candidato consistente: no Ipec (Vanguarda), do dia 17, ele chegou a 22%, e na Real Time Big Data (Record), do dia 20, tinha 20%. 
Com uma melhora no desempenho, Elton avançou sobre uma faixa do eleitorado em que, até então, Cury parecia ter primazia. Trata-se de um eleitor que, como primeira opção de voto, é contra a reeleição de Anderson. Neste período, o candidato do União, inclusive, aproveitou bem pautas como a questão fiscal do Paço, levantadas pelo candidato do PL, e conseguiu traduzir tais temas de forma mais instagramável, palatável.
Aqui vale ressaltar, Elton tem à disposição um arsenal de marketing digital, o que amplia a eficácia de sua comunicação. 
Traduzindo: Elton cresce sobre um espectro do eleitorado que também é disputado por Cury. Teria isso tirado parte da intenção de voto do candidato do PL?

Rolo Compressor

Toda ação causa uma reação.
Com uma leve adaptação, a Terceira Lei de Newton também vale na política. Toda pesquisa causa uma reação.
Após o revés com as pesquisas de 17 e 20 de setembro, em que chegou a estar numericamente em terceiro lugar e a 16 pontos percentuais de Cury, a campanha de Anderson mudou o tom. Antes nas cordas, sequestrado pela questão fiscal, a campanha do PSD intensificou os ataques contra o antigo aliado, chamado de condenado e acusado "de entregar a cidade ao PT", e adotou táticas de guerrilha. Um exemplo foi a distribuição de panfletos com ataques a Elton e Cury em 180 mil domicílios da cidade -- a Justiça Eleitoral, com uma 'convidativa' multa de R$ 1.000 em caso de descumprimento, determinou que o PSD suspendesse a distribuição de panfletos com "conteúdo aparentemente descontextualizado". E não é só. Conforme destacado nesta coluna, em texto recente, o esforço inclui a volta do filho, que viveu um drama na Europa, e ajuda a humanizar a figura do prefeito, que busca a reeleição. Com todas as armas que tem, Anderson tenta uma blitzkrieg (guerra relâmpago).

Abaixou o Tom

Por outro lado, após começar a campanha de rádio e TV com protagonismo, pautando a campanha de Anderson e introduzindo um tom forte à disputa, chegando a dizer que seu adversário traiu São José e estava dando um calote de centenas de milhões de reais, Cury parece ter puxado o manche após a divulgação das pesquisas dos dias 17 e 20, apostando em um perfil programático. Elton, por outro lado, manteve a artilharia pesada e fustigou Anderson com pontos sensíveis, como o fato do PSD do prefeito, presidido por Gilberto Kassab, ser aliado do governo Lula e acusado pelo PL de ser um "inimigo oculto". Curiosamente, Cury é acusado pelo rival de ter entregado a cidade ao PT e abandonado São José, em um malabarismo eleitoral digno de Rebeca Andrade, mas mostra-se -- até aqui -- incapaz de contra-atacar este ponto vulnerável da campanha de Anderson, que tem como padrinho Felicio Ramuth (acusado pelo próprio Cury de abandonar o Paço, ao renunciar à prefeitura em 2022) e que está em um partido aliado ao governo Lula, que integrou o governo do prefeito Carlinhos Almeida (PT). Essa estratégia de Cury, de reduzir a marcha, é um dos fatores que podem ter contribuído para o novo cenário.

E agora, (São) José?

A reta final de campanha promete.
Com variações rápidas no humor do eleitor, fatos novos como a visita de Jair Bolsonaro, o debate na TV Vanguarda e novas estratégias de comunicação podem mudar o cenário até o dia 6 de outubro, quando o eleitor de São José tem um encontro com as urnas. Até lá, pelo menos duas novas pesquisas foram registradas na Justiça Eleitoral -- uma do Ipec (TV Vanguarda) e outra da Verita (com recursos próprios).
Alguém arrisca um palpite?
E agora, (São) José? Marcha para onde?


*Nota de redação: as entrevistas do levantamento OVALE/Ágili Pesquisas divulgado nesta segunda-feira (30), conforme consta na reportagem, foram feitas nos dias 25, 26 e 27 de setembro. No registro da pesquisa, junto à Justiça Eleitoral, institutos (como a Ágili e o Ipec, por exemplo) têm adotado a praxe de apontar um intervalo maior, mais folgado, para a realização das entrevistas, como uma margem de segurança, caso a coleta sofra um atraso, por algum fator. Ou seja: o levantamento poderia fazer as entrevistas entre os dias 25 e 30, mas a coleta, como mostra o conjunto documental da pesquisa, foi feita entre os dias 25 e 27. Simples assim.