27 de setembro de 2024
POLÍTICA

Flávio Paradella: A bomba inesperada na eleição de Campinas

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
Pixabay
Embora a cassação não tenha efeito imediato, incidente criou um ambiente de incerteza e abriu caminho para que os adversários intensificassem os ataques

A campanha de reeleição de Dário Saadi (Republicanos), que até recentemente parecia tranquila, com ele liderando as pesquisas eleitorais, sofreu um duro golpe com a cassação de seu registro pela Justiça Eleitoral. A decisão, que apontou abuso de poder político por parte do atual prefeito, veio a apenas duas semanas do primeiro turno, um momento crucial para qualquer corrida eleitoral. Embora a cassação não tenha efeito imediato, ainda esteja sujeita a recurso e Dário continue formalmente na disputa, o incidente criou um ambiente de incerteza e abriu caminho para que seus adversários intensificassem os ataques.

A acusação que motivou a sentença baseia-se no uso indevido de bens públicos, como creches e unidades de saúde, onde o prefeito gravou vídeos de campanha, supostamente aproveitando-se de sua posição para ter acesso a essas áreas restritas. O juiz Paulo César Batista dos Santos entendeu que essas ações configuram abuso de poder político, desequilibrando o pleito em favor de Saadi. O prefeito teria utilizado sua posição para promover sua candidatura, violando a igualdade de condições entre os candidatos.

Pedro Tourinho (PT), autor da ação, não perdeu tempo e usou as redes sociais para criticar a atitude de Dário, apontando que a decisão seguiu uma recomendação do Ministério Público Eleitoral. Tourinho foi categórico ao afirmar que, em vez de reconhecer o erro, Dário preferiu atacar o PT e a Justiça, atitude que ele classificou como "arrogante e soberba". Do outro lado, Rafa Zimbaldi (Cidadania) também aproveitou a oportunidade para alfinetar o atual prefeito, destacando que "a máscara caiu" e que o uso de bens públicos para fins eleitorais era uma afronta ao processo democrático.

Apesar da confiança de Dário e de sua equipe na reversão da decisão, o desgaste político é inegável. Em um cenário eleitoral já acirrado, a campanha que seguia em calmaria agora enfrenta uma maré extremamente agitada. O prefeito, que vinha com ampla vantagem nas pesquisas, agora precisa lidar com um novo fator: convencer o Judiciário a manter sua candidatura.

O impacto dessa decisão, mesmo que ainda em fase de recurso, traz à tona um cenário de tensão e incerteza. A poucos dias do primeiro turno, a corrida em Campinas, que parecia controlada por Dário Saadi, foi abalada por um tremor cujo estrago ainda não pode ser completamente mensurado.

De todo modo, a oposição ganha fôlego, e o que antes parecia uma vitória iminente agora se transforma em uma batalha judicial e política para tentar mudar os rumos da eleição. A sensação é de que o embate se intensificará nos próximos dias, com Tourinho e Zimbaldi prometendo elevar o tom na reta final da campanha, buscando o segundo turno. Dário, por sua vez, precisará não apenas manter o foco de sua campanha, mas também enfrentar esse novo desafio judicial que, embora não seja definitivo, coloca em xeque a tranquilidade que sua equipe esperava manter até o fim das eleições.

Judicialização da eleição

A promessa de "esquentar essa 'bagaça'" foi cumprida, e Dário enfrentou outro revés. Nesta sexta-feira, o programa da campanha nas rádios de Campinas não foi veiculado. Procurada, a assessoria de Dário afirmou que “houve uma decisão liminar que suspendeu o programa eleitoral por questionar o tempo de aparição do apresentador na peça para o rádio.  Por conta disso, o programa desta sexta (20) não foi ao ar. A campanha vai recorrer e está trabalhando na adequação do material para os próximos programas”. Avalanche de ações.

O antídoto

A campanha de Dário escolheu um antídoto para evitar que o veneno se alastre para as intenções de voto. Um vídeo do governador Tarcísio de Freitas que segue a cartilha da narrativa ‘tapetão do PT’.

“Essa tentativa do PT não vai dar certo”, diz Tarcísio, referindo-se a ação que pediu a cassação, mas omitindo que foi aceita pela Justiça.

Vão aparecer?

E os "nobres" vereadores vão aparecer na Câmara nesta segunda-feira, depois da ridícula sessão de quarta? Por falta de quórum, a reunião foi cancelada, com apenas 10 parlamentares presentes no plenário. Vão se desculpar ou simplesmente fingir que nada aconteceu? Fico no aguardo para conferir como será a próxima reunião.