07 de setembro de 2024
TEATRO

Isabel Teixeira é ‘Jandira’ e se apresenta em São José

Por Cíntia Caires | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 6 min
Reprodução
Isabel Teixeira é Jandira

Isabel Teixeira, um dos nomes mais importantes do teatro paulistano, aclamada por seus papéis nos palcos e na TV, concedeu uma entrevista exclusiva à OVALE, nesta sexta-feira (6) e contou sobre a apresentação da peça ‘Jandira – Em Busca do Bonde Perdido’ que será realizada nos dias 7 e 8 de setembro no teatro Colinas em São José dos Campos.

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Com 50 anos de idade, e 40 de profissão, já atuou em grandes novelas da rede Globo como o remake de Pantanal, onde interpretou a Maria Bruaca, esposa de Tenório, interpretado por Murilo Benício, Amor de Mãe, Elas por Elas, e em breve irá estrear em Volta por Cima.

Isabel Teixeira é filha do cantor Renato Teixeira e irmã do também cantor Chico Teixeira, é uma família com artistas.

A peça “Jandira - Em busca do bonde perdido” marca um encontro de almas: Marcos Caruso, diretor do espetáculo, e Isabel Teixeira é ela que dá vida ao último texto de Jandira Martini (1945 – 2024), um relato autobiográfico bem-humorado e poético sobre a tomada de consciência da finitude, da fragilidade humana e do inevitável confronto com a morte.

Durante a entrevista, Isabel falou da importância de seu trabalho. Que o mundo é uma pulsão de vida. E que em sua carreira não consegue dizer o que mais marcou sua vida, “tenho tantos momentos marcantes na minha vida até agora. Tantos, tantos em relação ao trabalho. Eu agradeço sempre a todos eles que não consigo eleger um”, afirmou.

OVALE - Como é interpretar Jandira?

Isabel -  Antes de interpretar a Jandira, eu estou falando o texto dela, isso foi um trabalho direcionado do Caruso. Eu não faço a Jandira com os trejeitos dela. Não é um trabalho de biografia, de se fazer o biografado. Esse texto eu me aproprio dele, pois é um texto muito pessoal da Jandira que tem muito da personalidade dela, sendo muito autoral e ao mesmo tempo quando a gente fala tem personalidade autoral da Jandira, estamos falando de técnica, dramaturgia, utilizando todas as ferramentas possíveis da dramaturgia. Então trata-se de um texto muito autobiográfico e muito trabalhado dramaturgicamente para ser comunicado pelo teatro. Então, eu estou fazendo a Jandira, pelo texto. Ela brota essa personalidade no texto. E tem gente que acha que eu estou no tom da Jandira, mas o tom da Jandira é o texto que fala.

 

OVALE – O que conta a peça? Se baseou em algo real de sua vida?

Isabel – O texto é da Jandira. É o momento que ela passa com a descoberta de um diagnóstico e ao contrário do que se pensa, o diagnóstico quando ele vem como uma ‘bomba’ , não é fácil, mais ao mesmo tempo vem uma força, vontade de viver muito grande, de uma alegria, uma exteriorização da personalidade da Jandira que levou a vida sempre com muito humor, escreveu com muito humor, que viu o mundo com muito humor, não poderia deixar de ser dessa forma a partir do diagnóstico, mais sem no entanto ironizar, ela não descarta o medo, a dificuldade, ela vê de um jeito bem humorado e transmuta isso para um discurso com muita vida, que emociona a gente, que faz a gente rir, faz a gente pensar, isso é um conhecimento profundo do labor, do trabalho dramaturgo do teatro.

 

OVALE -  Apesar do tema, ser sobre uma doença como o câncer, fale sobre o lado ‘cômico’ da peça.

Isabel – O fator do humor ele é essencial na peça porque ele fortalece o ponto de vista dela (Jandira) que é o de viver. A partir do diagnóstico percebe-se como é bom estar aqui agora, porque o diagnóstico adianta que não será comum a todos nós. A gente não pode ficar vivendo sabendo que vamos morrer o tempo inteiro, temos que usufruir, todos nós somos mortais. A peça celebra a vida. Apesar de estarmos falando de uma doença, não se trata de uma lamentação porque quando a gente recebe um diagnóstico queremos saber o que fazer para resolver e vamos em busca da vida. A plantinha quando nasce, ela vai em busca do sol para sobreviver, nós vamos em direção da vida e uma hora ela acaba. O câncer é uma alavanca para se pensar na vida e ser honrada e também celebrada.

 

OVALE – Qual a marca, o sentimento, que a peça deixa em seus espectadores?

Isabel – A gente escuta relatos de que saem tocados, emocionados e ao mesmo tempo com essa pulsão de vida. Froid dizia que o mundo era dividido em duas pulsões: a de vida e a de morte. A peça tem uma pulsão de vida, é solar ela não é suturna. Não é negativa de levar para baixo e sim de levar para cima. O público sai do espetáculo tendo passado por emoção, alegria, risos, sai falando ‘que bom, que a gente está aqui, que bom é estar aqui agora. Eu também tenho essa sensação, essa peça está me ensinando muito a ser, o celebrar o aqui e agora.

OVALE - Nos conte o que mais lhe marcou em sua vida como artista? Atriz?

Isabel – Que pergunta boa. É até difícil de responder, tenho tantos momentos marcantes na minha vida até agora. Tantos, tantos em relação ao trabalho. Eu agradeço sempre a todos eles que não consigo eleger um. Minha vida é o trabalho. Não tenho medo nenhum de falar disso. O trabalho é o meu movimento em vida e o meu amor pelo trabalho também se divide com o meu amor pelos meus filhos, pelo movimento da vida que eu crio os filhos e depois eles vão embora e as peças, os livros, as novelas, estar em movimento criando arte. Pra mim o movimento é agora, não dá para eleger uma coisa mais marcante, eu estaria sendo injusta com todas as outras que também são tão marcantes. Eu trabalho há 40 anos com isso e se eu for pensar bem, desde criança eu já estava brincando com isso. É algo muito natural em mim. Eu não acredito muito nisso que a gente nasce com um talento, eu acredito em trabalho diário. Sou uma operária também e tenho feito isso a vida inteira.  Isso é marcante. Nasci com essa disposição para trabalhar e vou recebendo as maravilhas da vida.

 

SERVIÇO.

Jandira Em Busca do Bonde Perdidos – 7 e 8 de setembro

Sábado 20h e Domingo 18h

Os ingressos podem ser adquiridos pela internet através do site:

https://www.teatrocolinas.com.br/detalhe/jandira

Valores: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia).

O Teatro Colinas fica na Av. São João, 2.000, no Jardim das Colinas - São José dos Campos