Ingredientes
O inverno já fez prévia. A partir da agora chegam à nossa região as ondas de frio que duram pouco mas têm o condão de mudar o cardápio. Na mesa entram as sopas, que variam em cada família que as prepara segundo a sua tradição. Elas aquecem o corpo e a alma porque nada melhor que sopa quente numa noite fria. Lembram a infância e por isso fazem parte das tais comidas de afeto.
Há quem sustente que a origem etimológica da palavra vem do sânscrito: sû (bem) e pô (alimentar). Por esse viés sopa significaria “bem alimentar”. Outras vertentes apontam que a palavra, criada na Idade Média, deriva do germânico suppa “pedaço de pão embebido em um líquido”, o que também tem tudo a ver com o conceito. Ah, mas sopa pode ser pastosa se batida em liquidificador ou passada na peneira e aí adentramos o espaço dos cremes.
O dicionário Aurélio define sopa como “caldo com carne, legumes, massas ou outra substância sólida, servido normalmente como primeiro prato do jantar”. Então, pelo dicionário, sopa sozinha, no geral, não é considerada uma refeição por si só. Mas na prática tudo depende do que entra nela. Com proteínas, carboidratos e legumes é refeição completa. O que não acontece com o caldo, água temperada geralmente utilizada como base para outros pratos.
Líquida ou pastosa, a sopa é importante tópico da gastronomia. Entre os ingredientes podem estar hortaliças, farinhas ou féculas, grãos, gorduras vegetais ou animais, carnes ou peixes e mariscos.
A canja, originária da China onde é chamada congee, é uma variedade de sopa, comum em nosso país e muito consumida em quase todos os países asiáticos. É interessante que o congee chinês, ou asiático em geral, pode levar ingredientes diferentes e é frequentemente tomado como a primeira refeição do dia. A variante mais tradicional é precisamente o congee de galinha, quase idêntico à canja portuguesa, da qual a nossa deriva. Vamos de sopa?
Corte o peito de frango em cubos pequenos. Refogue na metade do azeite com cebola picada em cubos e alho amassado. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Cubra com água e deixe cozinhar até ficar macio. Retire o frango e reserve o caldo depois de coar. Descasque e pique os legumes em quadradinhos. Na panela coloque o restante do azeite e os legumes picados, refogando rapidamente.
Em seguida acrescente o arroz, os pedacinhos de frango e o caldo reservado. Se necessário, acrescente mais água. Corrija o sal e deixe cozinhar em fogo baixo até que os grãos e legumes estejam bem macios. Canja mais rala ou mais grossa depende do gosto e do tempo de permanência no fogo. Quando pronta, salpique salsinha.
Sonia Machiavelli é professora, jornalista, escritora; membro da Academia Francana de Letras