Pode ser paradoxal, mas o anúncio de um Hospital Municipal para Sumaré causou desconforto entre aliados da administração Luiz Dalben (Cidadania), mais precisamente com o pré-candidato à prefeitura, William Souza (PT).
Vamos ao contexto. O petista faz parte da base aliada de Dalben, que não pode mais ser candidato, afinal ruma para o final do segundo mandato. O eterno candidato e pai de Luiz, o deputado estadual Dirceu Dalben, pelo parentesco fica impedido de disputar e, até por isso, é pré-candidato na vizinha Paulínia. A situação abriu espaço para candidatos e nova alianças.
William Souza, que ascendeu politicamente com a ocupação e urbanização da Vila Soma, é um exemplo. Eleito vereador, se aproximou da família e foi, por duas vezes, presidente da Câmara em Sumaré. Nome que se fortaleceu politicamente e se tornou óbvio para disputar a sucessão de Luiz.
O oficializado pré-candidato, William Souza tem como prioridade eleitoral a área da saúde e uma das principais bandeiras a construção de um hospital municipal. O petista afirmar ser inadmissível que o sumareense siga para cidades vizinhas para buscar atendimento e a necessidade de desafogar a UPAs.
Porém, em 8 de maio, a assessoria de Dirceu Dalben anunciou um encontro entre o deputado, o prefeito Luiz Dalben e o secretário estadual de saúde, Eleuses Paiva, e divulgou que “Sumaré terá Hospital Municipal!”. O longo texto para exaltar a novidade não traz qualquer detalhe do projeto: quanto será investido, qual a participação do estado nisso, quando deve começar e por aí vai
A situação provocou um abalo com o pré-candidato William Souza, afinal a bandeira de campanha fica esvaziada com o “anúncio” da unidade pela atual administração.
Em entrevista à Rádio Transamérica Campinas, o pré-candidato estranhou a informação até pela falta de... informação e divulgação ter sido feita após o lançamento a sua pré-campanha que colocou como prioridade a necessidade da unidade.
“Eu encarei esse anúncio como mais político, porque eu não conheço esse projeto. Nós não queremos disputar a paternidade. Que todos abordem o tema. Eu nunca tinha ouvido, eu faço parte da base de governo, a gestão municipal discutir sobre hospital municipal, nem em reunião fechada, nem em atividade”, afirmou William Souza.
O petista lembrou que o próprio governador Tárcisio de Freitas (Republicanos), chefe de Eleuses Paiva, já afirmou em recente entrevista exclusiva à Rede Sampi que o governo vai investir na reabertura de leitos neste primeiro momento, deixando de lado obras de novos hospitais.
Questionado sobre o ruído entre prefeitura e base aliada, William Souza confirmou o problema. “Eu sei entender todos os momentos, mas evidente que sim. Eu não fui comunicado, eu não sei, e também o grupo que nos segue não foi explicada essa questão. O que me causou mais estranheza foi essa contradição do governo do estado de São Paulo. O governador diz uma coisa, o secretário diz outra coisa. E de repente a ideia mudada para um município paulista”, disse.
Luiz Dalben e seu pai ainda não definiram o nome a receber o apoio do clã para a eleições em outubro. A base tem cinco nomes, um deles do secretário municipal de Saúde, Rafael Virginelli. Virginelli estava com os Dalben no “anúncio” do hospital.
Mais um caso
A vereadora Duda Hidalgo (PT) de Ribeirão Preto relatou, nesta terça-feira (14/5), ter recebido um e-mail com ameaças de morte e xingamentos homofóbicos, exigindo que ela abandone o cargo. O autor da mensagem ameaçou realizar um massacre na Câmara Municipal caso Duda Hidalgo não seja cassada ou renuncie.
O mesmo e-mail foi enviado a outros membros da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, incluindo ameaças contra seus familiares e assessores.
Situação semelhante ocorreu em Campinas com a vereadora Paolla Miguel, também do PT, que recebeu ameaças de morte por e-mail, acompanhadas de xingamentos homofóbicos e racistas. Em Campinas, outros vereadores também foram ameaçados.
Aqui, a Câmara e os parlamentares ameaçados registraram boletins de ocorrência e aguardam a investigação pela Polícia Civil.
Consórcio de Saúde
O Parlamento da Região Metropolitana de Campinas propôs a criação de um Consórcio Intermunicipal para viabilizar recursos e uma gestão associada de serviços públicos da área de todas as cidades que compõem RMC.
A ideia foi encaminhada ao Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (que reúne os prefeitos da região), à Agemcamp, à Secretaria Estadual de Saúde e ao Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7), para que os órgãos estudem a viabilidade desse projeto.
Os consorciados poderão estabelecer quais serviços serão fornecidos por eventual unidade hospitalar gerida, de acordo com as necessidades comuns identificadas, podendo suprir deficiências recíprocas, através da instalação de hospital com foco em cirurgias ortopédicas de média e alta complexidade, hospital-dia, cirurgias oftalmológicas, dentre outras.
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Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br