A Universidade Estadual Paulista (Unesp) demitiu o professor Marcelo Magalhães Bulhões, após sindicância e posterior processo administrativo que apurou denúncias de importunação e assédio sexual feitas por alunas contra ele. A decisão foi publicada pela reitoria da instituição nesta quinta-feira (18), no Diário Oficial do Estado de São Paulo.
O texto cita dois incisos do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado, que definem que servidores devem "proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a função pública" e cumprir “leis, regulamentos, regimentos, instruções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções”.
A reportagem tentou contato telefônico com o escritório de advocacia que representou o professor no processo, mas as ligações não foram atendidas. Um e-mail foi enviado para a defesa e o espaço segue aberto para posicionamento. No ano passado, em suas últimas manifestações ao Jornal da Cidade, Bulhões afirmou ser inocente e vítima de calúnia e difamação.
Conforme o JC noticiou, as denúncias contra o docente ganharam repercussão depois que um banner, mostrando mensagens de teor sexual supostamente enviadas por ele a alunas, foi exposto no câmpus da Unesp de Bauru em julho de 2022. Na data, várias possíveis vítimas publicaram relatos nas redes sociais e houve um protesto na universidade pedindo a exoneração do professor.
Desde então, Bulhões foi afastado das atividades e a Unesp passou a apurar internamente as acusações. Algumas alunas também procuraram a Polícia Civil para registrar queixa de importunação sexual contra o docente, alegando que ele costumava, em sala de aula, fazer comentários com conotação sexual que causavam "medo", "desconforto" e "insegurança".
Segundo a Unesp, a comissão de sindicância recomendou abertura de um processo administrativo (PAd) por ter encontrado 'materialidade' nas denúncias investigadas. A partir de janeiro de 2023, o relatório final do colegiado passou a ser reanalisado no âmbito do PAd, com decisão pela demissão de Bulhões, manifestação que foi acolhida pela reitoria da universidade.
Esta não é a primeira vez que o professor é denunciado por assédio sexual. Em 2017, ele já havia sido alvo de uma investigação interna, finalizada em 2018. Na época, a comissão de sindicância recomendou o arquivamento do caso e o docente foi afastado do curso de Jornalismo, sendo remanejado para dar aulas na graduação de Relações Públicas.
Bulhões atuava na Unesp desde 1994 e era professor adjunto efetivo do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (Faac).