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12 de maio de 2024

RECEITA

Arroz-doce

Quanto ao Brasil, afirmam os historiadores ter o arroz-doce aqui ancorado com a Corte de Dom João VI. Veja a receita de Sonia Machiavelli.

Por Sonia Machiavelli
Especial para a Sampi

02/07/2023 - Tempo de leitura: 2 min

Ingredientes

Acho que a maioria das pessoas acompanhou a história incrível das quatro crianças colombianas perdidas na selva amazônica e encontradas por um batalhão de salvamento depois de quarenta dias enfrentando todo tipo de infortúnio, numa região inóspita, escura, onde chove durante grande parte do tempo, independente da estação. A mais velha tinha experiência de vida na floresta e isso lhe possibilitou recolher frutas comestíveis com as quais se alimentou e aos irmãos. Para preencher o vazio da fome, contaram também com três quilos de farinha de mandioca, alimento hipercalórico, que estava no avião que ocupavam e caiu.

Passada a borrasca, fiquei comovida com o fato de, assim que se recuperaram da desnutrição, no hospital para onde foram levadas, as crianças manifestaram vontade de comer “arroz de leche”, o nosso tão conhecido arroz-doce, iguaria que lembra infância e faz parte do cardápio de vários continentes, embora sua origem seja a Ásia. Na Índia, por exemplo, é comum encontrar arroz com açúcar e água de flor de laranjeira em preparações de pratos típicos dos casamentos. Na Tailândia, o preparo leva coco ralado e é servido com fatias de manga e bem pouco açúcar desde o século XV.

À Europa o arroz-doce chegou no período das grandes navegações portuguesas, já que as indianas Goa e Macau foram colônias lusitanas. Quanto ao Brasil, afirmam os historiadores ter o arroz-doce aqui ancorado com a Corte de Dom João VI. Na época do Império, no Rio de Janeiro, as famílias mais abastadas, ou seja, as de origem portuguesa, preparavam pratos de sua terra. E uma das sobremesas preferidas era o arroz-doce, que entre nós adquiriu variações, como o uso da canela - em rama, para aromatizar o leite, e em pó para polvilhar o doce. Perde-se no tempo a ocasião em que se fez tão presente nas festas juninas que se tornou item icônico da mesa dita caipira. Ficou tentado, tentada? Vamos lá. É fácil preparar.

Escolha uma panela grande, mesmo que a quantidade seja pouca. Ao ferver, o leite pode subir, derramar e provocar um desastre no fogão. Lave o arroz, escorra e coloque na panela com água, pitada de sal, casca de limão, rama de canela. Mantendo em fogo baixo, deixe cozinhar até a água evaporar. Acrescente o leite aos poucos, em fogo mínimo, mexendo de vez em quando para não grudar na panela. Este é o segredo para os grãos ficarem macios, bem hidratados, e o caldo espesso. Quando estiver quase cremoso, junte o leite condensado e volte a mexer por cinco minutos. Remova o pau de canela, a casca de limão e só então junte o açúcar. Este é outro segredinho para o doce se manter macio. Disponha numa travessa ou tigela individual. Só depois de frio polvilhe a canela.