
Após uma sucessão de falhas e incêndios, a Prefeitura de Campinas anunciou nesta semana a chegada de mais 60 ônibus novos ao sistema de transporte público. A medida, classificada como emergencial, ocorre em meio a uma crise operacional agravada no primeiro semestre de 2025, quando a cidade registrou 12.737 quebras de veículos, o equivalente a uma média de 2,1 mil por mês. Somente nos últimos 20 dias, quatro ônibus pegaram fogo em diferentes regiões do município.
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Os novos coletivos, do modelo convencional básico, foram adquiridos pela empresa Campibus, que integra o Consórcio Cidade de Campinas (Concicamp). Eles representam 54% da frota operacional atual da empresa, que possui 110 veículos em circulação e 131 ao todo, somando os de reserva.
Segundo a prefeitura, a compra dos veículos atende a um pedido direto do prefeito Dário Saadi, e está sendo acompanhada pela Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) e pela Secretaria de Transportes. Dez ônibus já estão em fase final para entrar em operação, enquanto outros nove passam por montagem e inspeção.
“Sabemos da necessidade urgente de oferecer um transporte de melhor qualidade aos usuários. Por isso, estamos buscando alternativas para renovar a frota antes mesmo da licitação”, afirmou o prefeito Dário Saadi. Ele destacou que, com os 30 ônibus que já estão em circulação, o total de novos veículos chegará a 100.
O presidente da Emdec, Vinicius Riverete, reconheceu o cenário crítico. “Reconhecemos o envelhecimento de parte da frota atual e a urgência em renovar todo o sistema. Mas também estamos buscando soluções imediatas para minimizar os impactos aos usuários”, disse.
Ônibus modernos, mas paliativos
Os veículos seguem o padrão Euro VI, com ar-condicionado, tomadas USB e quatro portas, e comportam 62 passageiros (33 sentados e 29 em pé). Apesar dos avanços, especialistas alertam que a medida ainda é insuficiente diante da dimensão do problema, especialmente porque a renovação depende da licitação em andamento.
Licitação atrasada
A tão esperada licitação do transporte coletivo — que promete a modernização total da frota, incluindo o sistema BRT — ainda está em fase preliminar. A consulta pública foi encerrada no início do mês, com 1.130 sugestões da população, e a prefeitura promete divulgar o cronograma do edital nos próximos 15 dias. Pelo planejamento, o processo licitatório terá ainda 45 dias úteis para recebimento de propostas após a publicação do edital.
Entre as exigências previstas estão: 100% da frota renovada, ar-condicionado, Wi-fi, GPS, câmeras de segurança, computador de bordo e tomadas USB em todos os veículos ao longo do contrato.
Enquanto isso, os usuários seguem enfrentando ônibus lotados, quebrados ou em chamas, uma realidade que se tornou rotineira em uma das maiores cidades do país.