
A cena é alarmante e se repete cada vez com mais frequência na rede pública de saúde da região de Campinas. O Portal Sampi Campinas e a Rádio Jovem Pan News Campinas tiveram acesso a um vídeo que mostra a parte interna e a situação nesta semana de uma das principais portas de emergência da Região Metropolitana. Macas espalhadas, pacientes amontoados nos corredores e um sistema que já ultrapassou o limite do suportável. No Hospital de Clínicas da Unicamp, principal referência médica regional, a taxa de ocupação do pronto-socorro chegou a 200% nesta semana, revelando o colapso de uma estrutura essencial para milhares de pessoas.
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Com apenas 30 leitos disponíveis e uma obra de climatização que precariza ainda mais o espaço, a unidade recebeu o dobro de pacientes, a maioria com quadros de menor complexidade, mas que buscam a instituição por falta de confiança ou estrutura nos serviços básicos em seus municípios. O HC atende não só Campinas e cidades vizinhas, mas também pacientes do sul de Minas Gerais, ampliando ainda mais a pressão sobre o hospital universitário.
Nesta sexta-feira (10), o Hospital da PUC-Campinas, que também atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), registrou nova superlotação. O Pronto-Socorro Adulto, antigo Celso Pierro, opera com 76 pacientes internados para apenas 20 leitos disponíveis, atingindo 380% da capacidade. Todos os casos são considerados de alta complexidade, e a direção da unidade pediu formalmente que a população procure outras portas de entrada do sistema de saúde, além de solicitar à CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e ao Samu que aguardem a estabilização da situação antes de realizar novos encaminhamentos.
A crise expõe a fragilidade do sistema de urgência e emergência na região, onde hospitais de referência enfrentam uma rotina de superlotação, enquanto unidades básicas e UPAs não conseguem absorver a demanda inicial. Para os usuários do SUS, o resultado é uma jornada de espera, incerteza e exaustão, que se soma à luta contra a própria enfermidade.
Nota da Prefeitura de Campinas
A Secretaria de Saúde de Campinas está em constante negociação para a ampliação de leitos na cidade. Além disso, acompanha a negociação do Estado com a Casa de Saúde para a ampliação das estruturas e tem reivindicado junto ao governo estadual a implantação do Hospital Metropolitano.
A Pasta monitora de forma contínua a ocupação dos leitos e encaminhamentos de pacientes na cidade por meio do Sistema de Regulação do Estado de São Paulo (Siresp). A secretaria solicitou, neste momento, em razão da medida anunciada pelo Hospital da PUC, que a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) de São Paulo reduza os encaminhamentos de pacientes de outras cidades da região para Campinas.
A ocupação é dinâmica e muda a todo momento, pois a rotatividade de leitos é alta. Em média, 30 pacientes têm alta e outros 30 são internados em cada hospital municipal diariamente. A ocupação está entre 95 e 100%, mas nenhum paciente deixa de ser atendido, uma vez que as unidades trabalham no sistema “porta aberta”.
Em 2021, Campinas tinha 885 leitos, se forem considerados todos os tipos de estruturas disponíveis por meio de convênios da Saúde com hospitais privados e na Rede Mário Gatti. Atualmente a cidade conta com 938 leitos no SUS Municipal. Há ainda outros 84 nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e o total ultrapassa a marca de 1 mil estruturas se incluídas as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Além disso, 800 pacientes são atendidos pelo Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD).