Como seria possível melhorar a arquitetura da cidade, e ainda construindo edifícios de referência, para Jundiaí ser reconhecida em qualquer lugar?
É muito conhecido o papel de transformação que o projeto bem realizado faz na cidade. Novos edifícios com boa arquitetura, por si só, já seriam muito bem-vindos e transformadores positivamente da paisagem, principalmente nas áreas em deterioração.
Nada mais adequado do que lembrarmos de Regina Monteiro, arquiteta e urbanista, criadora da Comissão de Proteção à Paisagem Urbana e, com muito sucesso, da Lei Cidade Limpa. Por aqui, nós do Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB Jundiaí a trouxemos para uma palestra com auditório cheio. Foi adotado pela Prefeitura por um tempo, mas se perdeu, não interessou mais.
Uma negligência nestas questões tem um custo enorme para o poder público, porque a poluição visual deteriora a paisagem, o meio ambiente e o edifício, consequentemente gerando vazios de vida e de edifícios abandonados, expulsando a população para outros bairros e apartamentos.
A melhor saída que podemos adotar é garantir, através de um colegiado ou conselho, a beleza de lugares consolidados e de novos lugares em formação, mas objetivamente para que se preservem e se construam boas paisagens e para que não se repitam conjuntos habitacionais sem o devido tratamento de arquitetura e sem a preocupação com a paisagem. Principalmente aqueles que são visíveis de toda a cidade.
Precisamos nos preocupar também com o espaço e o desenho dos morros que limitam a cidade e seus bairros centrais. Equívocos como os grandes empreendimentos de massa que estabelecem a repetição como norma, carimbando edifícios pela cidade sem pensar na paisagem, não podem mais acontecer, e a lei não basta para uma cidade que se pretende com qualidade. E isso não tem custo maior para os empreendimentos não, e precisa se tornar uma exigência de todos nós.
Que se promovam concursos públicos de arquitetura para edifícios como um Centro de Memória de Jundiaí que seja icônico, com todos os rigores técnicos para conservação de documentação, que tenha uma arquitetura emblemática, que contribua para a paisagem, que seja atraente ao público para movimentá-lo e, principalmente, de baixo custo de execução e de manutenção, utilizando-se de equipamentos ambientais necessários para independência dos sistemas de energia, água, resíduos e etc.
Atenção à formação da paisagem e sua conservação com muito critério para que possamos ter uma nova cidade, com outra aparência e outro panorama para que consigamos nos identificar nos mapas das metrópoles. Como disse Álvaro Siza: “Somos obrigados a ser locais ou não existimos e obrigados a ser universais se não nos tornaremos banais”.
Eduardo Carlos Pereira, seu primo, é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)
Comentários
1 Comentários
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Paulo Sergio Scarazzato, arquiteto, Professor Associado da FAU-USP 5 horas atrásMuito bem colocado. Espero que os novos administradores da cidade reconheçam o papel que uma boa arquitetura pode significar para a qualidade da paisagem urbana, e não repitam os \"horrores\" adotados nos últimos anos, como os vistos nos casos de unidades de saúde e quadras escolares, que denotam não apenas o desprezo para com a arquitetura, mas com a cidade e seus habitantes.