Uma mulher de 38 anos, natural do Haiti, morreu na tarde desta terça-feira, 7, após ser atropelada por um ônibus escolar, no Jardim do Trevo, em Campinas. A vítima foi identificada como Marie Jeanne Phillippe Morigena. O acidente assustou moradores, que não ficaram surpresos, por conta da imprudência histórica de motoristas da região (veja detalhes abaixo!).
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o micro-ônibus transportava 22 crianças da creche ‘Casa da Criança Vovô Nestor’. Ao sair da escola, na Rua Pedro Braga, a mulher entrou na Rua Padre Francisco de Abreu Sampaio, quando ao frear percebeu que não tinha freio no veículo.
Neste momento, o veículo atingiu outros três carros, antes de atropelar a haitiana, que estava na calçada, e atingir um poste. Aos policiais, a condutora afirmou que não percebeu ter atropelado ninguém.
Vítima
Marie Jeanne Phillippe Morigena nasceu no Haiti e se mudou para Campinas em 2015, com seu marido e três filhos, de 16, 11 e 6 anos. A mudança aconteceu para que o casal conseguisse mais oportunidades de trabalho.
Antes do acidente fatal, ela caminhava rumo à ‘Casa da Criança Vovô Nestor’, para buscar seu filho mais novo.
Um morador contou que tentou socorrer a vítima, que, segundo ele, ainda apresentava sinais vitais. No entanto, a ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) demorou a chegar e então ela não resistiu.
A Setec (Serviços Técnicos Gerais) informou que ainda não há dados de horário e local do velório e enterro.
Motorista
O advogado da motorista, Fabrízio Roza, informou que nota que a mulher atua como motorista de van escolar há 37 anos. Além disso, contou que o acidente aconteceu por falha mecânica, já que o veículo perdeu o freio.
"Houve uma falha mecânica tendo em vista que durante essa semana ela fez toda a vistoria, toda a revisão no veículo. E na data de hoje, a Emdec teve a oportunidade de fazer a constatação de que o veículo estava efetivamente em ordem e colocou o selo atestando a regularidade. Porém, a gente faz questão que a perícia constate agora que ela não tem freio para atestar a falha exclusivamente mecânica", afirmou.
As crianças
O micro-ônibus levava 22 crianças para casa. Por conta do acidente, elas tiveram que sair do veículo. Segundo um morador, elas foram levadas para uma unidade da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), “para que elas saíssem da situação”.
Durante o acidente, os profissionais da creche onde elas estudam ligaram para os pais e responsáveis para que buscassem os filhos.
A creche
A creche ‘Casa da Criança Vovô Nestor’ está localizada no final da Rua Pedro Braga, no Jardim do Trevo, em Campinas. Na mesma rua, há uma unidade da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Por isso, principalmente no início e final da tarde o movimento de vans e outros veículos é intenso.
A via é de mão única e termina em um campo de futebol. À esquerda, onde seguiu a motorista do ônibus escolar, há ainda unidades da Adacamp (Associação para o Desenvolvimento dos Autistas em Campinas), Centro de Iniciação e Qualificação Profissional da Apae e um lar de idosos.
De acordo com moradores, a região é tranquila e não costuma registrar muitos acidentes de trânsito. De acordo com os jovens Eikon Daniel e Guilherme Gomes, que estudam nas proximidades há cinco anos, esta foi a primeira fatalidade de trânsito que presenciaram.
“Eles obedecem bem as leis de trânsito. Quando a gente vai atravessar, por exemplo, eles até costumam frear para passarmos”, contou Guilherme.
Imprudência
Apesar do relato dos jovens, outros moradores já presenciaram a imprudência dos motoristas de van. Um morador da rua onde aconteceu o acidente, que preferiu não se identificar, contou que é comum as vans acessarem a contramão, para evitar fazer o retorno. Segundo ele, a própria motorista que atropelou a mulher já foi vista cometendo a infração.
“O trânsito é muito complicado, por conta que as vans e as mães não tomam cuidado. Elas chegam no estacionamento e deixam os meninos desceram a pé”, relatou. “A motorista do acidente mesmo eu já vi fazendo manobras na rua, para sair, porque a van estava parada do lado direito e entrou na contramão”, seguiu.
A imprudência foi mencionada por uma comerciante, que trabalha na rua da creche. De acordo com ela, é comum que pais, principalmente, subam a rua na contramão para pegar seus filhas. No entanto, desde que ela trabalha no local, nenhum acidente aconteceu.