27 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Final de ano na Sem Limites: trecho do Comendador alaga novamente

Por Ricardo Carrijo | O autor é economista, mestre em Administração e Doutor em Engenharia de Produção
| Tempo de leitura: 4 min

Estamos encerrando o ano e vale a pena refletirmos sobre algumas das principais manchetes da nossa cidade em função do período de chuvas que já estamos vivendo neste verão que acabou de começar. Em primeiro lugar vamos agradecer a Deus porque o Rio Batalha encheu e se reduziu o problema da falta de água em nossas torneiras.

Mas vamos refletir sobre a resiliência de Bauru ao excesso de água que vem por aí !

Iniciemos a nossa reflexão com o recorrente alagamento no cruzamento da Avenida Comendador José da Silva Martha na Praça Claudio Sacomandi que fica próxima dos trilhos abandonados da ferrovia e da Banca Filho da Fruta. Ali é onde ocorre o primeiro desague de um afluente para o nosso Rio Bauru que corta o trecho urbano da nossa cidade Sem Limites.

Este ponto que já se tornou, nos últimos anos, um corredor muito importante e movimentado para acesso a região do clube BTC; que é utilizado como acesso alternativo para grandes e populosos condomínios e que agora também serve para acesso a emergente região residencial do Recinto Mello de Morais. Ali a ocorrência de alagamentos não é nenhuma novidade, pois a antropização crescente e a falta de cuidados mínimos com assoreamento no local tem sido responsáveis pela recorrência de alagamentos.

O assoreamento quase total de 2 tubulações de grande porte que passam sobre a avenida e galerias mal executadas e entupidas facilitam o transbordamento rápido das águas da chuva que descem em grande velocidade da parte alta daquela região da cidade em direção a calha do Rio Bauru. A cada chuva o problema vai se repetindo.

Importante registrar que já houveram muitas perdas materiais com veículos e nos dias de chuva forte é necessário o máximo cuidado para que você também não seja engolido pelas águas que ali transbordam repentinamente. Até quando isto vai se repetir ? Cuidados simples poderiam ser realizados no local para minimizar ! Acreditamos que sejam ações simples e baratas !

A outra triste manchete relacionada as fortes chuvas é aquela sobre a morte do coitado do "Seo Zé" que perdeu a sua vida numa tarde de domingo de Dezembro ao tentar salvar seus animais se correlaciona muito fortemente com a questão do alagamento da Comendador pois se o rio Bauru já começa a transbordar desde a banca Filho da Fruta, o que dizer da força das águas quando o rio chega já carregado por diversos outros afluentes na região do córrego Barreirinho sem que exista siquer um sistema de dragagem adequado ao longo de todo o trecho urbano percorrido. Nada pode deter a força das águas que correm no rio abaixo!

Bauru precisa, urgentemente, elaborar o seu Plano de Adaptação e Resiliência para as questões climáticas, a exemplo de outros municípios paulistas que já se anteciparam e que tem metas e ações efetivas e claras para ampliar a resiliência dos fortes e repentinos temporais e eventos climáticos que se tornam cada vez mais frequentes e imprevistos. A cidade de São José do Rio Preto já tem este plano pronto há tempos e torna-se um bom exemplo a ser seguido.

Outro tema relevante para fecharmos as reflexões de 2025 é o desempenho de Bauru no Programa Município Verde e Azul que visa estimular as Prefeituras paulistas na execução de políticas públicas estratégicas locais, visando o desenvolvimento sustentável do Estado de São Paulo.

No ciclo 2024-2025 deste Programa estadual obtivemos apenas a 21ª. posição entre os municípios paulistas no grupo de cidades entre 100.000 até 499.999 habitantes e ainda estamos muito distantes de subir neste ranking porque temos vários passivos ambientais que nos penalizam nos critérios estabelecidos pelo Governo de São Paulo. O principal deles é a falta de tratamento de nossos esgotos, sendo que em pleno século XXI seguimos tratando menos de 5 % dos esgotos da cidade.

Acreditamos ser importante que em 2026 o nosso Legislativo, o Executivo, o DAE e também o Comdema se debrucem, logo em Janeiro, sobre as métricas e resultados do Programa Verde e Azul para melhorar a qualidade de vida e o meio ambiente para os bauruenses.

Como já ensinava William Deming, um dos grandes gurus da qualidade no Japão, você só consegue melhorar aquilo que você mede. E o Verde e Azul mede adequadamente!

Que no novo ano nos sejam concedidos, sem tantas polêmicas vãs, mais qualidade de vida, menos alagamentos, mais dragagem das águas e que as nossas manchetes sejam mais felizes em relação a nossa resiliência nas questões climáticas.

Feliz 2026 para todos da Sem Limites!